Parte 4

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Era aniversário de Alana, era para ela estar feliz. Porque não estaria? Tinha um namorado que a amava, tinha um trabalho que lhe encantava, as brigas com sua mãe eram pouquíssimas e o convívio das duas era suportável. Para as pessoas de fora, Alana era uma mulher incrivelmente feliz.

Quem a conheceu depois dessa história começar, nunca repararia algo que só aqueles que a conhecem a mais tempo perceberam, ela estava vazia. A festa que sua mãe e seu namorado organizara estava cheia de estranhos, pessoas que a garota apenas conhecia de vista, por causa do trabalho, ou fosse amigos de Marcos ou de sua mãe. Particularmente, ela não tinha amigos.

Passou três anos de sua vida tentando encontrar pessoas que substituíssem seus falecidos amigos, até que desistiu. Ela só não percebia que fazia os mesmos erros no início de seu relacionamento com Marcos. Tentar substituir seus amigos.

Depois de meses, ela percebeu que não fazia sentido o que ela estava fazendo, eram amizades vazias, ela estava vazia. Por isso em seu aniversário, ela apenas se levantou calmamente da poltrona na sala da casa de sua mãe, caminhou até a saída e sentou-se na escada da varanda.

Apenas observava a movimentação do condomínio, de como as folhas das árvores balançavam enquanto o vento batia suavemente nelas. Alana acendeu um cigarro ali mesmo, puxava o ar e soltava a fumaça acinzentada naquele breu da noite, observava-a ir embora, como se fosse uma pequena borboleta.

Ela não era uma pessoa que fumava, sempre abominou esse ato de inalar fumaças tóxicas pela boca. Não era como se fossem produtos cem por cento natural, eram químicos. Alana desprezava qualquer químico que se ingeria no organismo. Mas depois de um tempo, toda a frustração que carregava consigo, foi amenizada ao exalar aquela fumaça.

-Não se cansa de ficar sozinha? - Uma voz grave, mas ao mesmo tempo suave, perguntou atrás da aniversariante.

-Na verdade não. - Ela respondeu dando uma tragada no cigarro e soltando o ar devagar.

- Você deveria aproveitar a festa.- Marcos diz se sentando com ela entre suas pernas na escada. - Aproveitar seus amigos

A garota deu uma risada debochada, ela aproveitava mais as coisas sozinhas. Antes de que pudesse dar outro trago em seu cigarro já pela metade, Marcos tomou de sua mão e tragou-o sentindo o gosto amargo do fumo.

-Eles não são meus amigos. - Rebateu ríspida, como se tivesse sido obrigada a participar daquele evento.

Se levantou ardilmente e começou a caminhar para fora da propriedade. Ela não queria ficar ali mais nenhum minuto se quer. Queria se movimentar, queria estar em outro lugar.

Marcos não a seguiu, imaginou que ele estivesse tendo mais uma de suas crises, ela sempre tinha, apenas entrou na casa novamente, torcendo para que ninguém estivesse reparando na falta da homenageada. Ninguém tinha percebido, todos estavam conversando entre si sobre coisas do cotidiano, trabalho, família. Ou estavam comendo. Na pista de dança, tinha somente as crianças, a música, não era animada. Não parecia nada ser uma festa para Alana. Não era atoa que ela não estava contente.

O que o Marcos não sabia, era que ela queria que ele a seguisse. Toda vez que ela ficava daquele jeito, saia de perto e ele não ia atrás, ela sentia que ele não se importava com ela. Que ele só estava brincando com os sentimentos dela, no fundo ela sabia que não era assim.

Decidiu voltar queria ir embora. Ir para casa e deitar na sua cama. Não tinha mais energia para ficar naquele lugar. Voltou para a festa, se despediu das pessoas e junto com Marcos, partiram de volta para a Asa Norte. Ela não precisou convencer seu namorado, ele sabia que não valia a pena e, já tinha percebido que aquela festa não era para ela.

Foi Naquele Verão - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora