Telefone dos mortos

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Anna estava passando os números de telefone de seus amigos da agenda velha para uma nova, quando viu o número de July, uma amiga falecida há alguns meses, em um acidente de carro que ocorreu quando voltava de uma festa com seu namorado, Arthur, que até hoje estava em coma. O acidente foi causado por um motorista bêbado em alta velocidade, e July morreu no local.

Anna sentiu um frio na espinha e uma tristeza repentina, pensou em ligar para o número e, talvez, escutar a voz de sua amiga em uma gravação, se o telefone ainda estivesse ativado. Hesitou por um instante, pois não sabia qual seria sua reação ao escutar a voz da amiga, mas pegou o telefone e discou o número. Escutou o telefone chamando duas vezes e fez menção de desligar, pois se sentia boba fazendo aquilo, porém alguém atendeu.

"Alô?"

"Oi Anna." – respondeu a pessoa do outro lado da linha.

"Quem está falando?"

"Quem poderia ser? É a July."

"É impossível."

"Como assim? Você ligou para o meu número, quem você esperava que atendesse?"

Aterrorizada e sem saber o que fazer, Anna continuou a conversa, que foi curta, pois ela estava com muito medo. Nos próximos dois meses, ela continuou ligando para o número, que sempre era atendido pela amiga já morta, e conversava rapidamente, depois desligava. Arthur havia saído do coma, porém ainda se encontrava no hospital, se recuperando das fraturas.

Um dia, Anna decidiu que iria ligar e perguntar sobre o acidente e se ela se lembrava de algo. Ela ligou e as duas conversaram por um período curto, e July começou a fazer perguntas sobre seu namorado.

"Anna, você tem alguma notícia do Arthur? Por que ele não me liga? Ele me prometeu estar do meu lado, não importa o que acontecesse. Ele desapareceu e não me liga, tenho me sentindo tão sozinha." – disse July, com voz de choro.

Anna estava paralisada, não sabia o que dizer ou qual seria a melhor resposta, então falou a primeira coisa que lhe veio à mente.

"Porque... porque você morreu no acidente de carro." – respondeu ela com calafrios.

A última coisa que ela escutou foi o grito de terror de sua amiga e o sinal de ocupado logo em seguida. Rapidamente, ela re-discou o número de July, porém dessa vez a voz do outro lado da linha disse:

"Esse número não existe."

- 𝚑𝚘𝚛𝚛𝚘𝚛 𝚜𝚝𝚘𝚛𝚒𝚎𝚜 -Onde histórias criam vida. Descubra agora