-ness...

163 7 0
                                    

- espero que você não tenha dormido muito tarde.- Bella estava sentada em uma das cadeiras do meu quarto. Me observando.
Sorri um pouco constrangida.
- nem tanto.- olhei ao redor. Tudo tava tranquilo demais.- fiquei com medo de desligar.
Ela pareceu compreender.
- eu entendo.- ela se aproximou.
- mãe?- ela levantou os olhos na minha direção.
- não sabia se era uma boa ideia permitir que vocês dois se falassem depois de tanto tempo e do que aconteceu em Forks.- ela hesitou- mas pensei que se fosse comigo, eu ia querer falar com ele.
Eu concordei.
- que bom que a senhora é a minha mãe, não a Rosalie.- ela riu da minha piada sonolenta.
- sem aulas hoje?- perguntei esperançosa.
Ela balançou a cabeça, para a minha tristeza.
- na verdade, eu tô te acordando por causa da aula.- ela piscou me fazendo gritar de sono.
- bom, espero que dessa vez a secretaria me dê pelo menos bom dia.- fui para perto do closet.
Ela me encarou.
- ela é tão grossa assim?- ela pegou a jaqueta molhada que tinha ficado jogada no canto do quarto e apontou pra mim- Alice vai ficar chateada.
Pisquei pra ela.
- não se a senhora não contar, não é?- ela beijou o alto da minha cabeça.
- não se eu não contar.

Dessa vez quem me deixou no lar solitário foi Emmet, o meu grande amigo Emmett. Ele colocou um rock horroroso da década de 50 e ria das minhas caretas a cada grito que o canto dava.
Como isso é bom, senhor?
- não espere que eu vire o seu motorista particular, ness.- ele me entregou um outro casaco. Sem couro dessa vez.
Abri um sorriso fraco.
- não bati a cabeça tão forte assim.- fechei a porta do carro.
Como resposta, meu tio saiu buzinando até a esquina da escola. Enfiei minha cara na bolsa.
Minha primeira aula era de biologia e dessa vez meu velho amigo Daklin não estava comigo. A matéria que a mulher nariguda tava ensinando era bem fácil. Meu pai adorava falar sobre genética nas horas vagas.
Bocejei um pouco. Não era nada bom ficar em um sala desconhecida. Olhei pra janela pequena que ficava ao lado da minha cadeira.
A floresta tava bem calma, mais calma do que antes pelo menos. Não choveria naquele dia. Eu estava anciosa pra chegar logo a noite.
Será que Jake olharia as estrelas junto com ela?de novo? Umas três garotas me encaravam com raiva. Revirei os olhos.
Era o que me faltava.
Quando o sinal bater, antes que eu pudesse sequer respirar uma bolsa cor de rosa que Alice queimaria foi jogada com força na minha mesa, fazendo com que eu piscasse umas três vezes antes de conseguir destiguir as três garotas.
Uma loira baixa era a mais furiosa. Ela que tinha jogado a bolsa desumana e que agora me fuzilava com os olhos verdes claros.
A outra que vinha logo atrás, compartilhava da mesma antipatia com a minha pessoa. Ela era maior, morena e segurava uma outra bolsa, dourada.
A terceira era a menor de todas. Ruiva e com sardas por toda a cara. Ela só tava ali por tá.
- quem vai começar a falar?- cruzei os braços. A loirinha ficou ainda mais irritada com o meu comportamento.
- sabemos o que tá rolando com você e o Thomas. É melhor ficar longe dele, ou se não...- explodir em um risada melodiosa.
Thomas?Oh, céus.
- por que tu tá rindo?- a baixinha perguntou.
- falei que ela era retardada.- a morena comentou.
Eu fiquei seria de repente.
Me levantei.
- sinceramente, eu acabei de chegar na escola. Thomas é meu amigo de laboratório e só.- coloquei a bolsa no meu ombro- pode ficar com ele.
Esbarrei nas três e sai. No meu relatório falava que eu não era obrigada a fazer educação física.
Obrigada pai.
O telefone tocou em uma chamada silenciosa. Era titia.
- tia?- a saída era infernal.
- ness. Oi.- ela parecia agoniada- não vou poder ir te buscar.- a sua voz era tensa.
- aconteceu alguma coisa?- fiquei em alerta.
- não, nao.-seu tom era calmo- Jasper precisa de ajuda em umas coisas...você consegue vim sozinha?
Encarei a estrada com árvores enormes. Me lembrei da ilusão, do acidente...
Um frio percorreu toda a minha espinha. Não Alice!Por favor!Não!
Mas o que eu mumurei:
- tudo bem, Alice.- ela sussurrou alguma coisa e desligou.
Eu fiquei encarando o mantagal enorme na minha frente, a estrada estava vazia. Os enormes prédios estavam se fechando.
Olhei pros lados. Não tinha praticamente ninguém...
Era ele. Meu cérebro gritou.
Era ele.
O cara que havia arrancado a cabeça de Jake.
Quase tive um surto ali mesmo. Não ia fugir. Não dessa vez. Avaliei mais uma vez o terreno. Não tinha mais ninguém ali.
Atravessei a estrada de ferro, seguindo aquela sombra. Aquela sombra. A mesma sombra.
Ninguém tava me vendo, como eu também não via ninguém. A sombra continuava andando com o capuz jogado até o fim do seu sombrio corpo.
- ei- chamei quando já estávamos distantes dos prédios- o que você tá fazendo aqui?Que é você?- gritei outra vez.
Senti um empurrão nas minhas costas. Bati em uma árvore enorme. Fiquei tonta.
- é ótima encontra- lá novamente, Renesmee...- uma voz forte e impetuosa sobrou de longe- o cachorro gostaria dessa cena.
Arregalei os olhos.
Ele me jogou outra vez contra a árvore. Arfei, meu corpo doía até a última célula.
Precisava de ar.
- Ness!- uma voz que eu conhecia muito bem me chamou longe. Abri os olhos desesperada.
- Jake!- eu tentei me levantar, mas todo o meu corpo tremia.- Jake!
- ness...- a voz se tornou mais presente.- Renesmee.
- Jake!- me levantei- saia daqui Jake!- senti uma mão no meu ombro.
Virei depressa.
- Renesmee?- era Thomas.
Recuei assustada.
- o que?...- olhei ao redor. Não tinha nenhuma árvore enorme, todas eram fracas e pequenas. Segurei a minha cabeça. Olhei pro meu corpo.
Eu não sentia nada.
- eu te vi vindo pra cá...- ele parecia nervoso. Eu parecia uma louca mesmo.- pensei que fosse melhor vê se você não se perderia.
Concordei agradecida. Outra ilusão. Outro pesadelo, mas foi tão real.
- obrigada. Você adivinhou.- sorri- eu fiquei encantada com a floresta e resolvi dá uma olhada. Sabe como é.-pisquei- me perdi.
Ele riu.
Eu estava desorientada. Com medo. Assustada.
Jake! Ness!- era tudo que me lembrava.
- bem, você quer que eu te acompanhe ou o seu motorista de limusine vem te pegar.
Eu ri do comentário.
- moro perto da praia.
Ele assentiu.
- eu moro no caminho. Podemos ir juntos e depois eu te guio.- saímos da floresta- pode ser?
Concordei. Não conseguia ir sozinha. Não depois de tudo. Não conseguia. Não aguentaria.
- espero que você ande rápido.
Ele andava,mas eu mais.

eternal flame- crepúsculo Onde histórias criam vida. Descubra agora