Eu não quero parar

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Meredith

– Meredith! Eu tenho que acompanhá-la! – Alex reclama pela quinta vez, me seguindo.

– Eu já disse que não precisa, Alex! – digo e chamo um táxi.– Sei que não pode me vigiar o tempo todo!

Addison estava, mais uma vez atrasada e não atendia a droga do celular. Ela havia trocado de turno com Alex, ou seja, faria minha segurança à noite. Alex tinha que ir embora, afinal, sua vida não é só o trabalho.

– Meredith! – Alex protesta quando entro no táxi.

– Não se preocupe! – grito da janela, enquanto o táxi se afasta. – Eu vou ligar para a Addison!

– Meredith! – protesta mais uma vez.

– Até mais, Alex! – grito e o táxi acelera.

***

Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens... – reviro os olhos.

Já era a milésima vez que eu tentava ligar para Addison e como o esperado, ela não atendia nenhuma das minhas ligações. Já fazia em média duas hora que eu havia saído do orfanato, então, resolvi comer um cachorro quente em uma pequena lanchonete não muito longe dali. Mas eu havia perdido a noção do tempo, por estar tão entretida em um dos livros do Stephen King.

Saí de lá as pressas e voltei ao orfanato, mas todas as luzes estavam apagadas e portas fechadas pelo horário. Por "sorte" minha, não havia nenhum ponto de ônibus ou táxi por ali, nem mesmo perto da lanchonete. Ou seja, eu teria que procurar por algum.

Respiro fundo e olho o celular. Ótimo! A bateria estava fraca, pra variar. Suspiro e tento ligar para Addison uma última vez. Disco seu número e mais uma vez cai na caixa de mensagem. Bufo.

Ando apressadamente pelas ruas e finalmente, depois de alguns minutos, encontro um ponto de ônibus. Respiro fundo e aperto ainda mais a jaqueta contra meu corpo.

A rua estava totalmente vazia e escura. Como o movimento pelo visto não era muito grande, a espera por um ônibus seria longa.

Depois de alguns minutos vejo um carro se aproximar. Engulo em seco. Ele estaciona e dois homens saem do mesmo.

– E aí, gata! – um deles diz, passando as mãos pelos cabelos castanhos. – Sabia que ficar numa rua dessas é muito perigoso? – eles se aproximam.

– Eu sei! – digo tentando parecer firme. – Estou esperando um ônibus.

– Podemos te dar carona. – o outro, de cabelos loiros e olhos esverdeados profundos, diz.

– Não, obrigada! – tento sorrir.

Os dois homens se entreolham.

– Está com medo? – os dois se aproximam.

Dou alguns passos para trás e sinto minhas costas colidirem contra a parede fria.

– N-não! – respondo.

Eles riem.

– Não é o que parece! – um segura meu braço.

– O que vocês querem? – pergunto sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos.

– Só... Brincar! – o outro acaricia meu rosto e eu tento recuar.

– Me deixem em paz! – digo num fio de voz. – Por favor!

– Não precisa ter medo! – começa a desabotoar minha blusa. – Aposto que vai gostar!-ri.

– Não! – tento me afastar, mas sinto meu rosto ader pelo tapa.

– Nós estamos tentando ser gentis! Colabore! – um grita.

– Meredith? – ouço a voz conhecida e meu corpo treme.

– Addison! – grito e recebo outro tapa.

– Cala a boca! – eles tampam minha boca e tentam me levar para um beco.

– Não! – grito depois de morder a mão de um deles. – Addison!

Sou jogada no chão e recebo um chute no abdômen. Sinto o gosto metálico do sangue em minha boca e o salgado das lágrimas.

– Meredith! – Addison grita. – seus filhos da puta.

Addison usa um tipo de ferro que encontrara no beco e acerta um deles,  fazendo-o desmaiar imediatamente.

Um ataca a Addison mas ela é rápida e empurra o outro fazendo o mesmo cair no chão. Senta em sua cintura e começa a disferir socos pelo seu rosto com força.

– Desgraçado! – mais um soco. – Eu vou matar você! – a voz dela estava carregada de ódio. – Filho da puta! Nunca mais toca em uma mulher. – o homem já não respondia a mais nenhum de seus golpes, pois ele havia desmaiado. – Maldito! – ela soca mais uma vez, mas fraco e diz com a voz embargada.

Ela estava chorando?

Ela sai de cima do homem e vem até mim. Eu estava encolhida no chão, sentindo dores pelo meu corpo inteiro. Ela se ajoelha em minha frente e me abraça. Me envolve em seus braços e me aperta. Não me importo com os protestos de dor do meu corpo, apenas queria me sentir segura nos braços de Addison.

– Me desculpe! – ela acaricia meus cabelos. – Se eu não tivesse me atrasado, você...

– Eu fiquei com tanto medo! – soluço. – Não precisa dizer nada, só... Fica comigo! – ela me aperta ainda mais e eu suspiro.

– Eu não sei o que faria se acontecesse algo a você! – ela segura meu rosto com as mãos e olha profundamente em meus olhos. – Vamos sair daqui! Vou mandar alguém dar um jeito nesses dois. – diz e me puxa dali, deixando para trás, os homens ensanguentados e desmaiados.

Me leva até seu carro que estava estacionado em frente ao orfanato.

O trajeto foi todo feito em silêncio. Eu ainda estava tentando aceitar que tudo aquilo estava prestes a acontecer comigo. Isso é assustar! Ninguém merece passar por isso!

***

Addison abre a porta do apartamento, ao me ver ainda distraída em meus pensamentos. Entramos e ela tranca a porta. Ela se senta no sofá e eu vou direto para o banheiro, onde tomo um relaxante banho. Depois de vestir qualquer roupa do meu guarda roupa, volto para a sala e encontro Addison na mesma posição.

– Mer... – o encaro. – Me desculpe! – fecha os olhos. – Eu... Me atrasei e se eu estivesse com você ou atendido suas ligações, aquilo não aconteceria. – ela passa as mãos pelos cabelos. – É tudo...

Não deixo que ela termine e beijo seus lábios levemente. Ela respira fundo e cola sua testa à minha, fechando os olhos com força.

– Por favor, pare! – sussurro sentindo lágrimas invadirem meus olhos. – Só não me deixe sozinha!

Ela segura meu rosto.

– Mesmo que eu quisesse te deixar, eu não conseguiria!

Ela tira suas mãos do meu rosto e coloca o seu no vão do meu pescoço, o beijando levemente.

– Eu não vou te deixar! – sussurra. – Eu não posso!

Ela olha em meus olhos e se aproxima de mim ainda mais.

– E eu não quero te deixar! – toma meus lábios em um beijo urgente.

Eu queria aquilo, como nunca quis alguma coisa.

Os seus lábios tomavam os meus com habilidade e nossas línguas se movimentavam em um ritmo perfeito.

Ela me empurra contra a parede e prensa seu corpo contra o meu. Agarro seus cabelos e mordo seu lábio inferior. Ouço seu gemido rouco e suas mãos me apertam ainda mais minha cintura.

– Temos que parar... – ela sussurra.

Você quer mesmo isso? – meu subconsciente pergunta.

– Eu não quero parar!









AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA







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