Sofia, ignorou a presença daquela mulher, mas apenas por um instante. Carlos, ainda tenta impedir, sem sucesso. Pois, atrás de Sofia, foi Erica, sem dar ouvidos ao secretário.
- Doutora, esta menina... ela não desiste... quer falar consigo... - diz Carlos.- Carlos, por favor, dê uma vista de olhos na minha agenda para hoje... - dizia Sofia sendo interrompida por Erica.
- Hello... estou aqui, preciso de ajuda, não se importam?!- Claro, pode dizer o que a menina pretende? E porquê a pressa? - perguntou Sofia, a Erica, enquanto olha para os seus olhos azuis.
- Preciso que me defenda, preciso de ajuda, a senhora foi-me indicada. - ao dizer isto correm lágrimas no seu rosto.
- Escute, não chore, eu vi um pouco da notícia, e você estava lá, com as mãos sujas de sangue da vítima, que se passou realmente? O que viu? Como chegou até mim? Quem és tu, menina? - a advogada sentou-se na sua secretária, fazendo montes de perguntas.
- Me chamo Erica Santos, a vítima era meu irmão, Ricardo Santos, cheguei no local do crime, porque alguém, fez videochamada no zap, mostrando ele, no chão, assim, e eu... - enquanto explica, Sofia observa que Erica, tem cabelos castanhos aloirados e compridos, soltos e cobrem os seus ombros, que a camisola vermelha desgolada não cobre, que usa umas jeans azuis de cintura subida, e uns ténis simples da moda teen.
- Hmm... seu irmão fazia o quê exatamente? - pergunta fixando o seu olhar, nos olhos da mais nova.
- Ele trabalhava como motorista privado, daqueles que funciona através das aplicações no celular. - responde limpando as lágrimas no seu rosto, puxa a cadeira e senta-se do outro lado da mesa.
- E você, qual é a sua profissão?
- Doutora, penso que não seja importante, podíamos nos focar na situação, para que preciso de ajuda? - disse Erica constrangida. A advogada levanta-se e apoia as mãos na mesa aproximando-se da outra, falando séria:
- Gosto de trabalhar com pessoas, que sejam que nem água. Transparentes! Sem segredos!- Tudo bem. Sou modelo fotográfica... mas não é nada de mais. - Erica fica corada e mexe com uma mão na nuca, pois tem a outra a encarar a centímetros dela.
- Imagino... e como me encontrou?
- Ah... uma colega, me deu esta morada. Ela falou que você é muito justa.
- Que nome tem ela?
- Se chama Filipa, não trabalha diretamente...
- Saia daqui agora!
- Que eu te fiz? - responde Erica confusa.
- Apenas sai! Vamos, menina. Levanta daqui!!!
Sofia, não queria voltar a ouvir esse nome, Filipa, pois algo se havia passado, e não queria estar perto de conhecimentos de tal pessoa.
- Mas doutora, eu imploro. - e caiu de joelhos em frente da outra, que estava a indicar a saída. Agarrando-se as suas pernas e chorando convulsivamente.
- Saia agora, estou pedindo.
- Não, não, não, mataram ele, me ajuda! Já te falei muito sobre nós. Não entendo isso agora, de me mandar sair.
- Pode-me largar, Erica? Não sou obrigada, a atender o seu caso. Tem de lidar com isso, e pare de chorar.
Sabendo que não tinha hipóteses, Erica tenta de outra forma.
- Sei perfeitamente porque quer que me vá embora. No seu lugar, na sua vida boa, com esse estatuto... - dizendo isto e se levantando pra encarar Sofia de perto, embora a chorar - é Filipa, não é?
- Nada a ver, não sei de que a menina está falando. - diz Sofia, entre dentes.
- Embora que não trabalhe com ela directamente, nós falamos muito, Filipa é minha manager, é quem trata das empresas que querem trabalhar comigo. Não se faça de sonsa, pois sabe ao que me refiro! E a presença de Filipa, marcou bem, hein doutora?
A advogada senta-se na sua cadeira, pois não estava a espera, mesmo não estando certa, não quer estar envolvida com este pessoal.
- Então, você é um produto? Se vende? Não é assim? - falou Sofia, com ar cínico.
- Quer saber? Me vendo sim. E são pessoas que me olham do jeito que você olhou quando falo pra si, que mais querem comprar! - responde com raiva.
Depois de falar, ficam em silêncio, a trocar olhar de fúria, que se os olhos fossem balas, caiam no chão certamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Culpa
Chick-LitUma vez que o crime é cometido, tem de haver um julgamento. Por vezes paga um inocente por alguém sem escrúpulos.