Camila Cabello sempre levou uma vida comum - ou, pelo menos, era isso que todos achavam. Na escola, ela não é popular, não pratica esportes e prefere se manter longe dos holofotes, bem diferente de seus pais, que esperam muito dela. Mas há algo que...
Na entrada do colégio, todos os nossos amigos nos esperavam.
— Olha só se não é o meu novo casal favorito! — Vero nos abraça.
— Bom dia, pessoal. — Lauren cumprimenta.
— Vocês duas são a pauta de hoje. Todo mundo só fala sobre vocês. — Ally diz, empolgada.
— Depois de sexta, já esperava por isso. — Falei, olhando ao redor e percebendo os olhares sobre nós.
— É... Sutileza não é o ponto forte de vocês. — Shawn brinca.
— Eu tava para ficar sem unhas de tanto roer as minhas! — Normani exclama.
— Que bom que a "Jauregay" apareceu.
— Hã? — Lauren encara Dinah com a sobrancelha levantada.
— Ah, esse é o novo apelido que demos para você. — Vero e eu criamos. — Ela olha para a amiga, sorrindo.
— Tinha que ser... — Lauren revira os olhos. — Coisa boa não ia sair dessa junção.
— Colega, agora fazemos parte do mesmo grupo. Atura ou surta. — Dinah bate na mão de Vero.
— Tô com medo dessa amizade... — Keaton diz, encarando as duas.
— Chega de mimimi e vamos falar do que importa. — Dinah muda o assunto. — Bom, já que a novela mexicana teve seu fim... — Ela me abraça de lado. — Que tal focarmos no nosso decanato acadêmico?
— Cheche, eu não falei que iria participar...
— Mas, Chan! Você é excelente em matemática, tem que entrar no nosso grupo! — Ela faz um biquinho, chorosa.
— É, Mila, você sabe que precisamos de você. — Mani me abraça do outro lado.
— Não sabia que você era a gênia da matemática... — Lauren comenta, surpresa.
— Ih, Jauregui... Tem muita coisa que você não sabe. — Keaton entra na conversa. — Camila, além de ser o nosso Albert Einstein, também canta e toca violão.
Fiquei meio sem graça com o exagero dele. Lauren me olhava encantada.
— Uau... Estou impressionada.
— Você ganhou na loteria! — Shawn bate no ombro dela.
— Com toda certeza. — Ela sorri para mim.
— Isso é algum tipo de armação para me fazer aceitar? — Pergunto, desconfiada.
— De jeito nenhum! — Eles se entreolham.
— Por que você acha isso, Chan?
— Essa chuva de elogios para cima de mim... Vindo deles. — Apontei para os meninos. — Algo de errado não está certo.
— Credo! Não se pode mais nem elogiar? — Keaton se defende. — Vambora, porque o sinal já tocou três vezes!
— Promete que vai pensar com carinho?
— Vou ver, Che... Mas não prometo nada.
— Essa é minha garota. — Dinah beija meu rosto. — Te vejo depois.
Ela sai junto de Normani e Vero, me deixando pensativa.
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Minha primeira aula seria com a professora Fontaine, de teatro.
— Te vejo no almoço? — Lauren me abraça.
— Sim. — Beijo seu rosto em despedida.
— Tchau, Mila. — Shawn e Keaton falam.
— Tchau, gente...
Final de semestre é sempre uma loucura. Fazer parte da aula de teatro tem me dado créditos no currículo para a faculdade. Além disso, me ajuda a ser menos tímida. A Srta. Fontaine é bastante rígida e não aceita menos que o melhor de todos nós, o que exige muito esforço.
Optei por essa aula porque minhas opções eram limitadas. Como sou super nerd e péssima em esportes, qualquer atividade extracurricular fora do meu eixo não daria certo. Então, essa foi a menos pior.
Também tem o decanato acadêmico. Dinah se tornou a nova líder do grupo depois que o anterior perdeu em todas as competições. O Sr. Harold, nosso diretor, achou melhor formar uma nova equipe com pessoas diferentes. Ela sempre soube que sou boa com números e, desde que assumiu, tem tentado me convencer a entrar no time. Mas ultimamente tem acontecido tantas coisas que não sei se conseguiria conciliar mais essa responsabilidade na minha vida.
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— Muito bem, turma. — A professora Fontaine chamou nossa atenção. — Teremos uma audição para os papéis do musical de verão.
Ela passou de mesa em mesa distribuindo folhetos.
— Nesse folheto estão os papéis disponíveis para cada audição. Como será um musical, obviamente cada um terá que apresentar uma canção. — Nos encarou por cima dos óculos. — Não aceito desculpas caso alguém não queira participar. Lembrem-se de que tudo vale nota. Mesmo que não sejam selecionados, sua participação contará como um teste.
Hailee levantou a mão.
— Sim, senhorita Steinfeld?
— Quanto por cento da nota?
— Praticamente metade da nota final.
— E podemos apresentar outro estilo musical na audição? — Perguntou, analisando o folheto que continha algumas opções de músicas.
— Se tiver a ver com a peça, sim, pode apresentar. Mais alguma dúvida? — Olhou ao redor.
Ninguém se manifestou. O sinal tocou.
— Vejo vocês na quinta. Dispensados!
Fui a última a sair da sala.
— Ei.
Virei e vi Hailee encostada no batente da porta.
— Oi, Haiz.
— Como está o mais novo casal de Sky High?
— Estamos bem.
— Sabe... Fiquei bem feliz quando ela apareceu. Por um segundo, tive vontade de subir lá e dizer que era eu. — Ela riu.
— Quase infartei lá em cima. Pensei que ninguém fosse aparecer.
Caminhávamos lado a lado.
— Que bom que, no fim, deu tudo certo.
— Concordo.
Ficamos em silêncio.
Era meio estranho ter minha ex-paixão conversando comigo. Mesmo tendo aulas em comum com ela, nunca tive coragem de puxar assunto. Para mim, ela era intocável. Foi a única que não quis devolver a carta e também não me julgou quando ficou sabendo. Pelo contrário, começou a falar comigo todos os dias.
— Você já tem em mente que música apresentar?
— Sim e não. Estou em dúvida. Você tem?
— Tenho. Tá afim de ouvir?
— Claro.
— Que horas você está disponível?
— Pode ser depois das aulas.
— Perfeito. Te encontro na sala de música. Vou passar com o JB e pegar autorização.
— Nos vemos lá. — Parei em frente ao laboratório de química. — Até.