CAPITULO 3

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PARTE III

A fisionomia de Tereza mudou ao ver seu primo Felipe. Letícia como sempre muito observadora, percebeu o incômodo de Tereza. Felipe educadamente a cumprimentou, fingiu não a conhecer. Roberto também percebeu a mudança de comportamento da sua esposa e ao perguntar sobre o que havia acontecido, Tereza respondeu como um apenas mal estar. Todos acreditaram, menos Letícia. Ela cogitou todas as hipóteses, menos que Tereza é a assassina de seu falecido sogro. Ela já sabia sobre o passado de Felipe, ele sempre foi um homem bom e honesto, abriu a sua vida para Letícia antes de iniciar o relacionamento. Ao fingir seu mal estar, Tereza se foi, sua atitude não poderia ser outra. Ao chegar em casa, jogou todos os seus bibelôs no chão, arrancou sua cortina, quebrou sua TV, seus pratos e copos, jogou-se no seu lindo tapete para transbordar em lágrimas todo o seu medo. Tereza não era uma mulher de chorar, para ela só os fracos choravam e ela naquele momento sentia-se fraca. Ficou no mesmo lugar por alguns minutos, levantou-se e quebrou o espelho de seu banheiro com um soco, cortou sua mão. Dirigiu-se até a cozinha novamente, esfaqueou-se na perna, abriu a porta da sala deixando-a aberta e seguiu até o hospital. Uma linda cena de assalto e agressão, uma cena que em breve seria descoberta como mentira.
Ao chegar em casa Roberto se espantou com tanta desordem. Tereza não telefonou para ele e depois chegou em casa com curativos em sua perna. Roberto entrou em desespero ao ver sua amada naquele terrível estado, ameaçou ir até a polícia, abraçou sua amada como se fosse um abraço de despedida. Tereza já havia planejado suas desculpas, disse que um ex namorado havia invadido seu apartamento e sugeriu que saíssem do estado, ou até mesmo do país. Roberto não aceitou.
Enquanto isso, Felipe contou uma parte sobre o que sabia de Tereza. Disse que ela era sua prima, que saiu de casa nova e que desconhecia os motivos. Letícia desconfiou e não se assustou com o que havia escutado, mais uma vez seu pressentimento não estava errado, algo de errado havia em Tereza, algo estranho e cruel poderia acontecer. E aconteceu.
Letícia dirigiu-se até a agência de Turismo onde Roberto trabalhava. Não foi recebida com flores, mas ele aceitou em ouvi-la. Ao ouvir tudo o que Letícia sabia, Roberto ficou transtornado. Ele a acusou de ser ciumenta, invejosa e recalcada pelo fato dele conseguir quem a realmente o amasse como homem, pegou nos cabelos de Letícia e puxou até a saída, expulsando-a. Os demais funcionários ficaram revoltados e desconheciam a atitude agressiva de Roberto. Ele sempre foi calmo e tranquilo.
Os carros que passavam pelas ruas buzinavam ao ver uma mulher transtornada correndo pelo trânsito. Letícia sentiu-se ameaça e com medo, Roberto seguiu em sua direção e conseguiu alcançá-la. As vozes se calaram, os olhares não disfarçavam. Roberto estava revoltado por outro motivo, sentia-se inquieto e traído, não por Tereza, mas sim por Letícia. Na verdade ele estava enciumado com o seu novo relacionamento. Letícia era sua colega de escola, namoraram durante anos, foram cúmplices e fiéis todo o tempo. Roberto tentou se desculpar, disse que estava triste e Letícia não aceitou suas desculpas, apontou o dedo em seu rosto inconformada com o seu egoísmo. Ironizou a vida infeliz que ele levava, não quis mais ouvir nada que Roberto tinha a fazer, debochou dizendo que não iria mais perder tempo enquanto a sua manicure a esperava, virou as costas e ao dar o primeiro passo, sentiu seu braço ser puxado e seu corpo logo foi abraçado e a sua boca beijada. Um carro passa, uma pessoa vê.

Tereza (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora