Só de ver trans você quer se aproveitar
Só de ver mulher de pau, você começa a delirar
Afinal, somos o país que mais consome pornô trans
Mas no cotidiano é outra história
Só servimos pra dar desgosto pra mãe
Prestamos pra comer, mas pra amar, ninguém quer
Afinal, eu nem sou uma mulher, né?
Sinto muito
Sinto muito se eu incomodo tanto
Mas você nem imagina
Como toda noite caio em prantos
Pensando como seria ser querida
São tempos difíceis, meus caros
Mas querem saber? Podem sentir nojo
Podem ter desgosto
Não quero sentimento de vocês
Não quero me submeter a ser fetiche de burguês
Nem de filinho de papai que paga de machão
Mas nas escondidas, diz que quer outra vez
Só pra concluir, gostaria de pedir desculpas se já te incomodei por ser quem sou
Mas saiba que prefiro incomodar, o dobro o triplo o quádruplo
Do que ser submissa a essa sociedade podre
Que quer apontar o dedo pra mim
Dizendo como eu devo ser.
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(trans)versos.
Poetrypoesias autorais de temática trans como forma de desabafo e resistência à opressão, invisibilidade e marginalização que pessoas trans sofrem.
