PRÓLOGO

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Alfred Richardson levantou seu punho e a luz fraca do seu Apple Watch brilhou fraca na noite fria. Marcava 3km. Para chegar às frias montanhas de Rock State precisaria caminhar por mais cinco quilômetros nessa trilha enlameada e rodeada de árvores malcheirosas. Isso não deixava nada contente sua barriga que não havia desinchado desde o jantar no famigerado restaurante do hotel em que ficou. Comeu Escargot até não aguentar mais e fez descer com champanhe. Decisão ruim.

Agora ele sentia a decisão ruim doer em sua barriga. Alfred afundou o tênis importado na lama e olhou para os lados a procura de um lugar seguro para poder fazer suas necessidades, uma vez que ele não conseguiria segurar por muito tempo a vontade que ele tinha de colocar para fora o Escargot que comeu no dia anterior. Ele se embrenhou no meio da mata sentindo a vontade aflorar cada vez mais. Seu corpo se contorcia e ele conseguia sentir o suor escorrer pela sua testa. Encontrou um tronco de árvore grande o suficiente para esconder seu corpo magro, onde ele abaixou suas calças e se agachou, disposto a se aliviar por ali mesmo.

Ainda de cócoras ele apanhou a lanterna no bolso de trás da calça já estirada no chão e apontou para frente. Bela aquisição de fibra de carbono. Muito útil em horas como essa quando uma aranha podia aparecer e picar seu rabo. A luz iluminou as árvores a sua frente e ele sentiu algo se contorcer dentro do estômago e as flatulências estourarem abaixo de si derramando a merda aquosa. Ele ficou lá por alguns minutos e se viu obrigado a andar agachado para se distanciar um pouco do odor fétido que havia deixado atrás daquela árvore.

Alfred prendeu a respiração enquanto se distanciava da árvore, pois o odor podre parecia lhe perseguir. Ao engatinhar, ele se incomodou com os galhos finos e pequenas pedras que espetavam suas mãos. Ele tinha feito uma sessão de massagem terapêutica no dia anterior e suas mãos estavam macias demais para encarar aquele chão duro. Ele pegou um punhado de folhas secas e passou em seu orifício para limpar o que ainda estava ali, franziu o nariz em uma careta e jogou as folhas sujas para um canto qualquer enquanto levantava suas calças.

Merda. Pensou ele. Nunca mais como Escargot na minha vida. Malditos sejam os franceses e sua culinária. Ele fechou o cinto e dessa vez no buraco costumeiro, já que depois dessa refeição devia ter inchado pelo menos uns três quilos. Notou que seu tênis Speedcross de trezentos dólares estava todo sujo de lama, mas que seja, certo? Comprou para essas aventuras, malditas aventuras. Então se abaixou para tirar o excesso de sujeira e sentiu algo frio encostar em seu pescoço. Conseguiu baixar o olhar só até notar a lâmina que se sujava com um filete de seu sangue.

Vilarejo Sangrento [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora