O Pai da Minha Melhor Amiga

O RETORNO

Heather

Eu sabia. Lá no fundo havia algum sentido na apreensão que senti toda a vez em que pensava no quão a data de retorno do esquadrão estava próxima e que nada estava tranqüilo até que estivessem pisando em solo americano. Que enquanto estivessem sabe-se-lá-onde, por menor e mais rápido que fosse seu ultimo trabalho, era questão de segundos para que suas vidas fossem interrompidas para sempre. Você pode ser a pessoa mais positiva do mundo, no momento em que se encontra na vida de um militar, a maioria da positividade vai embora sem que perceba ou tenha o poder de impedir.

Logo que acordei, fui surpreendida com as meninas reunidas na sala, todas em volta do Kyle e tinham uma expressão preocupada tomando conta de seus rostos, me levando a crer que algo havia acontecido. E pior ainda, que algo havia acontecido com o Adam. Minha visão escureceu na hora, fazendo com que o cunhado do monumento e as meninas corressem para me acudir no topo da escada. Sem poder enxergar ainda, escutei Chloe e Kyle gritarem ao mesmo tempo desesperados que o Adam estava bem. Precisaram gritar mais de 10 vezes até que eu recobrasse a visão e o controle sobre o corpo, voltando a ter firmeza nas pernas. As minhas mãos tremem enquanto tento controlar o nervosismo e me preparando para saber quem se machucara. Quer dizer, eu sabia quem era ao julgar pela falta de desespero no rosto de cada uma das mulheres. Não é difícil de adivinhar, mas eu precisava ouvir do Kyle.

- Quem? – perguntei para ele.

O vi comprimir os lábios antes de me dar a terrível confirmação.

- Brandon.

Notando que os meus olhos ficaram úmidos, imediatamente emendou:

- Ele está vivo, Heather! Por favor, não entre em pânico porque ele está vivo. – seu tom de voz é alarmante – Eles voltaram com urgência por conta da visão do Brandon.

- O que tem a visão dele? – gaguejei.

Dessa vez Kyle fez questão de não demorar a responder e deixar claro para que não pense besteira.

- Estilhaços atingiram-no nos olhos e onde eles estavam não tinha recursos para cuidar e averiguar de forma mais detalhada. Se há possibilidade de ficar cego ou não.

Balancei a cabeça assentindo, digerindo a informação da forma mais tranquila possível e já me programado para ligar para a Lucy mais tarde, afinal, ela tem mais que o direito de saber. Afastei as respeitáveis e delicadas mãos do Kyle de mim de maneira educada, me sentindo um pouco envergonhada por estar de pijama na frente dele.

- Que horas eles chegarão?

Minha voz estava firme.

- Daqui a uma hora, Adam pediu que nós os esperássemos no hospital.

Com a mente ligada no automático, fiz uma lista do que eu deveria levar para o Adam.

- Ok, então tenho que tomar um banho e preparar uma bolsa para o Adam!

Em seguida, uma a uma foi anunciando que iria fazer o mesmo pelo seu companheiro e sorri agradecida quando Eileen se prontificou em levar algumas coisas para a Ruby, já que ambas têm quase o mesmo tipo físico. No meio de toda essa atmosfera de tristeza, preocupação e desespero, percebi que não é só o esquadrão que usufrui de uma relação que se fortalece ainda mais durante os tempos difíceis. Nós também, mulheres de fuzileiros, construímos uma relação que nada pode abalar.

Se não fosse por elas, provavelmente já teria enlouquecido há muito tempo!

Nunca havia experimentado tanta ansiedade na minha vida quanto agora, sentada na sala de espera do hospital da base com a bolsa entre os meus pés, ao lado da Chloe, que olhava para o celular a cada 2 segundos. Tinha esperança que o Evan ligasse, mesmo que o seu tio já houvesse dito que não entrariam mais em contato. Foi a meia hora mais longa de toda a vida, com milhares de coisas abominando a minha mente e o coração acelerando, louca para abraçar o meu homem. Cheirá-lo, beijá-lo e dizer o quanto o amo.