Contrato

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Meus olhos se abriram em meio a vastidão do vazio. Uma planície imensa moldada a areia dourada e um céu denso constituído por nada mais e nada menos do que trevas se estendiam ao meu redor. Meus olhos estavam pesados, meus músculos ardiam em desespero, meu braço direito empunhava uma espada de tamanho colossal que desenhava um caminho pelo chão; enquanto meu braço esquerdo já não tinha movimento, meus ossos estavam carbonizados e fragmentados parte por parte até que somente cinzas dentro da armadura sobrassem. Uma grande lâmina perfurava meu estômago, fazendo minha respiração se tornar mais e mais densa, pesada... e lenta.
Meus olhos se ergueram, um sol anelado se mantinha no centro do céu enegrecido pela escuridão. Sua luz era branca, mas seu núcleo possuía uma vastidão negra o qual aparentava engolir toda a esperança e alívio o qual existiam naquele inferno maldito. Eu joguei o ar para fora de meus pulmões, a armadura pesada sobre meu corpo chegava a ser imbrandível devido ao peso o qual carregava naquele momento.
Uma brisa mortal chegou até minha pele protegida pelo capacete manchado de sangue. O som de uma corda fora puxada, um rosnado furioso fora liberto... E o zunir de uma flecha veio a ser disparado.
O céu pareceu despencar quando eu olhei para cima e tudo então começou a cair. A negritude da noite começou a me rodear e o sol de tom pálido não viera mais a me iluminar.
No final... A escuridão chegou até mim.

[...]

Facilmente eu podia contar as vezes as quais tive sonhos distantes de minha realidade. Eram pouquíssimos e diversas vezes dentre eles uma única coisa era certa: Essas histórias nunca tiveram um final feliz.
Abri meus olhos como se há muito não o fizesse... E realmente fazia pouquíssimo tempo. Eu estava montado sobre um cavalo rígido, com pelugem negra e uma crina ruiva. Ele socava o chão enquanto cavalgava, encarando e brigando com qualquer coisa que se atravesse a entrar em seu caminho. Seu nome, Farran, em homenagem a lenda do paladino negro.
A chuva pesada socava meus ombros com brutalidade. Meu peito pesava devido a armadura incomodativa de couro robusto que tivera de me contentar devido a última batalha o qual tinha adentrado. Minha armadura se partiu em dois, me dando de brinde da batalha uma enorme cicatriz no centro de minhas costas. Até mesmo os médicos perguntavam como eu conseguia andar ainda, mas nem mesmo eu conseguiria respondê-los. Sorte, Eu dizia... Mas sempre pareceu ser mais do que isso. Meus ombros eram pesados devido a enorme espada com quase o meu próprio tamanho que se estendia às minhas costas. Uma fina placa de aço reforçado enorme e densa com um único fio na espada, uma katana de aço negro, minha última arma adquirida na última missão completada. Sobre a cintura, uma lâmina de aspecto diferenciado, carregando consigo um motor sobre o punho e turbinas sobre as pontas, uma espada que respirava fogo e cuspia brasas, um presente de minha facção.
O céu estava pálido, a chuva aos poucos tornava-se um pouco mais rala e um sereno pouco agradável viera a tomar o ar. Farran rasgava o chão com seu pisotear bruto, cavando a lama com seus cascos e deixando uma trilha por onde passávamos pela floresta. Meu objetivo: A Liga, uma guilda formada de seres de poder imensurável o qual buscam guardar a ordem e proteger Runiterra de maus superiores.
Farran relinxou enfurecido enquanto erguia as patas traseiras, tirando-me automaticamente do vazio que era meus pensamentos para então me mostrar algo ao centro da trilha pela floresta... Um cadáver. Encoberto por um manto negro, branda do um punhal e banhado inteiramente de sangue. Pouco se via além disto devido à falta de visibilidade de seu corpo.
Eu saltei do cavalo, dando passos largos até o corpo sobre o chão quando então o virei. Um homem por volta dos 30 anos, carregava consigo uma barba rala e uma mancha de sangue pela face, induzindo que vomitara sangue até se afogar no mesmo. Seu estômago estava aberto e a ponta de uma flecha — agora quebrada pela queda — residia em seu peito, perfurando um Brasão de pano agora irreconhecível... Ele foi embosc-
—— Olha só, o que temos aqui? —— Uma voz saiu de dentre as árvores. Farran cavou o chão duas vezes.
Eu virei o rosto lentamente.
—— O que faz por essas terras, viajante? —— Sua voz induzia malícia. Eu mantive-me abaixado, olhando-o por cima do ombro enquanto observava o homem se aproximando.
Não... Nem mesmo assim poderia chamá-lo. Era um garoto, pouco mais do que quinze anos. Atrás dele um ser robusto de pele enegrecida e passando facilmente dois metros. Seus braços eram robustos e sua face brandada a cicatrizes, um guerreiro. Além disto, uma mulher ao fundo, empunhando um arco dentre as sombras de uma árvore, o qual eu mal notei se não fosse pelo reluzir do ferro na ponta do arco que enviará o reflexo, felizmente, em direção a meus olhos. Ela estava despreocupada.
—— Apenas me perdi de minha caravana, estava procurando os guardas —— Meu tom era inocente.
A face do garoto tomou um sorriso sádico quando enfim pensou que eu seria o filho de algum nobre. Ele gesticulou com a cabeça quando o brutamontes começou a caminhar em minha direção.
—— Não se preocupe.. —— O homem chegará mais perto. —— Iremos fazer questão de lhe levar de volta até sua.. ——
Ele segurou meu ombro.
Eu me virei. Ergui meu corpo em frenesi, sacando o punhal do corpo ao chão e rasgando o pescoço do guerreiro, que, antes de tombar receberá um puxão pelo pescoço e um empurrão na direção do garoto. A Arqueira agiu instintivamente e atirou quando notou o que ocorrerá, mas a flechas perduraram o corpo de seu amigo, o fazendo tombar com duas flechas no peito, já morto. Eu sai de sua sombra, avançando após a queda do gigante e então acertando com o cotovelo no meio do rosto do garoto enquanto ele, inutilmente, tentava puxar sua adaga da cintura. Ele recuou com a perca da respiração e a pancada na cabeça. A Arqueira engatilhou outras duas. Eu puxei o corpo do garoto, cravei seu pescoço com meu braço e o mantive perto de mim. Ela hesitou por um instante. Eu saquei a faca do cinto do garoto e arremessei, cravando no ombro da garota que soltará o arco e jogará o corpo para trás por instinto.
—— Corra, antes que eu mude de ideia. —— Sussurrei no ouvido do garoto, o jogando em direção a Arqueira.
Os dois saíram correndo, xingando e amaldiçoando aquele o qual havia desfeito seu dia de saque. Eu suspirei, minha face fechada se tornou dolorosa quando olhei para trás... O cadáver do guerreiro se encontrava sobre o chão. Em suas costas uma bolsa estava presa sobre a armadura, contendo algumas coisas as quais tive o desprazer de tomar para mim — sendo elas poucas peças de bronze, uma de prata, um punhal de prata e um pergaminho com um selo contendo um par de Lâminas cruzadas no centro de uma coroa. Pelo menos alguém ali teria um bom uso para isto, pensei.
Fechei meus olhos na direção aonde antes havia os cadáveres e agora, ao canto, dois montes de terra de erguiam, fazendo uma prece rápida; mas, antes de conseguir encerra-la, uma presença pesada surgiu de dentro das árvores. Rapidamente encarei na direção da mesma mas... Nada se encontrava naquela direção de não uma enorme árvore posta em cima de alguns galhos secos.
—— Minhas paranoias estão se tornando mais cada vez mais preocupantes... —— Sussurrei a mim mesmo enquanto soltava um sorriso sarcástico.
Puxei as rédeas de Farran e assim segui cavalgando em direção a meu destino.

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⏰ Última atualização: Oct 26, 2019 ⏰

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