2. prefácio

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A neblina se espalhava delicadamente entre as pedras sinuosas e pontiagudas cobertas pelo orvalho de uma noite úmida e gélida. Ruínas, do que há muito fora a mais bela construção de Dopagon, na Coréia do Sul, estendiam-se por todo noroeste da cidade.

O silêncio enlouquecedor daquele bairro foi inesperadamente quebrado pelos passos desesperados de um garoto alto, com ombros largos, cujo rosto jovem e cabelos negros escondiam suas 21 primaveras. Aquele era o local, não haviam dúvidas. Uma saudade avassaladora brotara em seu peito como um disparo, um tiro no escuro à porta de seu coração; lembranças de dias quentes e felizes que agora pareciam ser inacessíveis à sua mente consciente.

Apressadamente, Choi Soobin adentrou em uma casa simples, mas que diante dos olhares mais cuidadosos tornava-se majestosa. Era bastante claro que ninguém morava ali, apesar da casa estar semi-mobiliada. As paredes eram decoradas com um misto de emoções, entre papéis de parede rasgados e quadros de paisagens paradisíacas.

Soobin passou uma das mãos delicadamente sobre resquícios de papéis na parede que encontrava-se à sua direita, no corredor de entrada, e um sorriso involuntário surgiu em seu rosto. Lembrou-se daquele dia. Da euforia no rosto de seu menino ao ouvi-lo dizer aquelas palavras. Da felicidade que sentiu quando ele o abraçou pela primeira vez, aninhando-se em seus braços e fazendo com que perdesse o equilíbrio, tendo que apoiar-se na parede - o que resultou em rasgar o papel que a decorava. Soobin conseguia sentir ali mesmo a sensação de ter as mãos desesperadas de Huening Kai apalpando suas costas desajeitadamente, como se estivesse sovando uma massa de pão. Podia inclusive ouvir sua risada estridente e inocente.

Soobin adentrou na sala caminhando devagar, e seus olhos se voltaram quase que inconscientemente àquela manchete com um nome que para muitos seria imperceptível, mas que para ele era gritante. No jornal em cima da mesa de centro, ele demorou para assimilar apenas uma linha:

Huening Kai, o prodígio pianista de Dopagon, está de malas prontas para sua turnê na Europa.

A frase o fez levantar o olhar e reparar na sala da casa em que estava, pois lhe era muito familiar. Principalmente quando se deparou com o piado amadeirado e velho no canto esquerdo, ao lado daquele sofá amarelo que ele tanto odiava. Ele se dirigiu até o majestoso instrumento, e passou os dedos sobre algumas teclas de forma tão delicada a ponto de não apertá-las.

Lágrimas queimaram de encontro a seu rosto em forma de sentimentos que simples palavras não poderiam ser capazes de descrever. Deitou-se desajeitadamente naquele velho sofá, abraçado a uma das almofadas, e chorou como uma criança, compulsivamente, até que suas lágrimas lavaram parte de sua angústia, mas não conseguiram pôr fim ao seu sofrimento.

Ele adormeceu vencido pelo cansaço emocional, e ali ficou por algumas poucas horas. Despertou confuso, sem saber o que era sonho ou realidade. Conseguia sentir aqueles pensamentos perturbadores indo e vindo, como ondas tentando o afogar.

- Por favor, Hyuka. Eu estou aqui, e eu não vou embora. Por favor, não vá... – repetiu por várias vezes enquanto enrolava-se em seu cachecol até a altura do nariz, numa tentativa desesperada se sentir afagado. - Eu preciso de você...

*
oi mores! essa história é uma adaptação de um livro que eu mesma escrevi, e eu tô bastante ansiosa pra que vocês possam acompanhar os plots que eu praticamente nem consegui dormir pensando.
espero que quem leia venha preparado para refletir sobre questões cruciais que todos nós nos deparamos no decorrer da vida, além de se sentir acolhido por esses personagens que criei com muito carinho. <3

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2020 ⏰

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