Voltem, militares,
com suas bandas marciais
Com as armas,
com a ordem
e o progresso.Voltem, militares,
com ordens judiciais
Com as balas
E contra incorreção:
processo!Voltem, militares,
com toda a truculência
voltem com urgência
acabar com os marginaisE quando já tiverem ido os esquisitos
e os tortos e os aflitos,
quando não sobrar ninguém na rua
sem samba, sem musicalidade nuaQuanto toda voz for só sufoco
Quanto todo passo for tropeço
Quando todo desafio estiver mudo:Voltem, militares,
enfrentem o toque do alaúde
Voltem, militares,
bebam o sujo do açudeVoltem, militares,
seremos menos secos do que fomos
o bando, a horda de reis momos
Voltem para nos encarar.E os palhaços vão ensinar lição de vida
e rir e encher terra querida
do sorriso que vocês não sabem dar.E os tolos serão guias nessa andança
vai ter mulher, vai ter criança
dizendo que essa festa é nossa
E não tem hora pra acabarE ao cabo, militares,
Haverá outro começo,
Sem as armas, sem a ordem
(já sabemos que o progresso
nunca andou em linha reta)Nossa terra, militares,
tem palmeiras, passarinhos
tem poetas e os estranhos
Que vocês não conseguem apagar.O hino que aqui se entoa
Vem de um povo mais unido
que se abraça e canta lindo,
são filhos de uma mãe gentil.Nossa voz, militares,
Tem a força de um grito antigo
tem a cor vermelha e viva:
Brasil(outubro 2014) (janeiro 2023>
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Voltem, militares!
PoetryPoema curto sobre a ideia da intervenção militar no Brasil após as eleições de 2014.