Capitulo 50

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-Obrigada por me emprestar...A sua camisa...- agradeci antes de sair do carro.
-Por nada. Ela ficou melhor em você do que em mim, pode acreditar.- Ri sem jeito e ele também de um jeito divertido.
-Droga!- Falei ao lembrar que meu pai provavelmente estaria em casa.
-O que?- Ele perguntou preocupado.
-Meu pai esta em casa! Eu não posso chegar nessas vestimentas!- Coloquei as mãos sobre a cabeça tentando calcular quantos anos ficaria de castigo se chegasse nesse estado em casa.
-Tem certeza? Ele pode ter saído...- James tentou amenizar minha preocupação.
-Vou ligar pra ele.- Peguei meu celular dentro da bolsa e fiz a chamada.- Ele não atende...-Comecei a ficar preocupada pelo fato do meu pai não atender minhas ligações do dia.

-Alô? Filha?- A voz dele soou do outro lado da linha me fazendo suspirar aliviada.
-Pai! Por que não retornou minhas ligações? Onde você está?
-Desculpa querida, cheguei exausto, fui direto dormir e acordei agora. Estou em casa, vi seu bilhete, eu vou ai te buscar no abrigo.
-Não! É...Não precisa! Estou com James, nosso vizinho, daqui meia hora estarei aí.
-Está sozinha com um rapaz?!
-Tchau pai, quando chegar te explico.-
Desliguei e fitei James.

-O que eu faço agora?- Bufei pensando numa desculpa para falar quando entrasse em casa com esses trajes.
-Acho que tenho um lugar para você trocar de roupa...- Ele abriu um sorriso cafajeste e olhou para o banco traseiro.
-O que?! Nem morta! Não com você aqui dentro.- Cruzei os braços.
-Prometo que não vou olhar.- Ele fez beicinho.
-Sem essa! Não acredito nessas suas promessas! – Ele bufou.- Só troco se você sair.
-Acho que não é uma boa ideia eu sair do carro agora...- Ele olhou através de mim e eu me virei para ver.
-Merda!- Meu pai saiu para fora na companhia de Meg, provável que ele esteja a levando para fazer as necessidades. Mas justo agora?!
-Acho que você não tem escolha...Como você mesma disse, estás comigo, então se eu sair sem você...
-Já entendi!- Balancei a cabeça e fui para o banco traseiro.- Se você olhar, eu furo seus olhos!- Me encolhi atrás do banco dianteiro.
-Se ficar falando demais, eu mesmo vou ai tirar.
-Idiota.- O espaço era amplo, não teria muita dificuldade em me trocar, passei a blusa dele pela minha cabeça, e coloquei a minha molhada vigiando o retrovisor central. Meus seios endureceram em contato com o tecido úmido e gelado. Abaixei o short e fui pega de surpresa com os olhos azuis refletidos no pequeno espelho do retrovisor.-James! Você disse que não olharia!- Subi o short com dificuldade por está úmido demais por ser jeans.
-Desculpa! Foi mais forte do que eu!- Ele riu tapando os olhos.
-Babaca.- Passei para o banco da frente e Le entreguei a blusa.
-Ah, já? Achei que veria mais um pouquinho desse seu corpo maravilhoso.- Ele sabia o quão envergonhada eu ficava quando ele falava dessa maneira.
-Cala boca por favor!- Ri com o rosto queimando.
-Se bem que essa blusa não está nada mal!- Franzi o cenho olhando para baixo, percebi a transparência da minha blusa mostrando claramente os meus seios rijos.
-Para de olhar!- Cobri a parte com os braços e ele riu.
-Deixa de bobeira.- Ele tirou o cinto de segurança e se inclinou a mim que estava encolhida no banco.- Essa sua carinha de vergonha me deixa louco sabia?- Por que ele tinha que ser assim?  Odeio quando não consigo rebater as suas palavras! Odeio a maneira que fico quando estou com ele. Odeio não saber o que estou sentindo.Odeio ficar vermelha com seus comentários indelicados. E odeio mais ainda gostar desses comentários!
-Não começa...- Puxei meu lábio inferior o pressionando contra os dentes.
-Começar com o que?- Sua mão começou passar de leve na minha coxa nua.- Com isso?- Ele apertou elevando sua mão mais acima agora na minha cintura.- Ou isso?- Adentrou em minha blusa fazendo minha pele arrepiar com seu toque quente na área que estava fria em sintonia a blusa molhada.-Ou talvez isso...- Sua mão que estava livre veio de encontro ao meu queixo o virando para a direita, deixando meu pescoço a vista completamente. Uma espécie de beijo em conjunto a um chupão foi dado na região, do fio de cabelo da minha cabeça até a ponta do pé, arrepiou-se.
-Eu odeio...- Consegui soltar a respiração.
-Odeia o que? A mim? Ou meus toques?- Ele não parou, mordiscou meu maxilar e passou a língua em direção ao pescoço de volta. Suspirei com os olhos pressionados tentando manter o controle.
-Odeio não conseguir te parar...- Disse como se as palavras fossem sussurros fracos.
-Se você tentasse me parar...- Ele chegou no lóbulo da minha orelha.- Eu insistiria até você ceder.- Após a frase ele mordeu o local de leve me fazendo estremecer.
Sem mais palavras, sua boca veio de encontro a minha, me fazendo me perder completamente no gosto do seu beijo. Minhas mãos entrelaçaram em seus cabelos e ele me apertou contra o banco. Ele explorava toda minha boca de forma intensa me fazendo arfar entre o beijo, eu mal coseguia respirar, a vontade de sentir seus lábios contra os meus era extremamente incontrolável. Agora minhas mãos descia a sua camisa e adentrava sentindo sua pele quente, ele por fim me pressionava cada vez mais contra o assento em movimentos de vai e vem. Minha respiração estava irregular e tinha dificuldade em respirar, mas o desejo ainda era maior, puxava oxigênio por 2 segundos, e voltávamos a nos expressar por beijo. O vidro começara a ficar embaçado e o suor aparecer em minha testa. Minhas pernas estavam em cada lado de sua cintura, e a caixa de marcha estava debaixo do meu traseiro. Nada estava a me incomodar.
-Acho melhor irmos.- Ele ofegou entre o beijo.- Antes que eu tire sua roupa aqui mesmo.- Balancei a cabeça positivamente ainda com os olhos fechados tentando me recuperar fisicamente dele. Sua boca ainda roçava em meu pescoço, entre minhas pernas sentia pulsar novamente. Será possível eu conseguir controlar isso? A resposta com certeza era “não”. Quando se trata de James, a resposta sempre será “não”.
-V-vamos.- Arfei enquanto meu peito subia e descia, na tentativa de me recompor, regulei minha respiração. Ele se levantou de cima de mim, e sentou em seu banco enquanto eu me consertava. Ele aumentou a potencia do ar condicionado para que os vidros voltassem ao normal, eu por fim, me ajeitei a melhor maneira antes de sair do carro.
Desci com as pernas meios bambas, e já pude perceber o olhar desconfiado do meu pai que brincava com Meg antes de me ver.
-Oi pai.- Disse ao me aproximar e ele me encarou mais desconfiado ainda.
-Vocês estavam no carro esse tempo todo fazendo o que?- Eu e James nos entreolhamos.
-Estávamos apenas conversando.
-Sobre alguns projetos da associação.- James complementou.
-Projetos? Do abrigo?- As mãos dele estava sobre a cintura.
-James é o novo dono de lá pai.- Revirei os olhos.
-É mesmo?- Ainda num tom desconfiado.
-Sim Sr Hoffman.- O loiro respondeu.
-Bom.- Ele pegou Meg no colo.- Despeça do seu amigo e entre Sky.- Assenti e ele virou as costas voltando para dentro de casa.
-Desculpa se meu pai foi um pouco rude.- Suspirei meio inconformada com a reação do meu pai. Ele não é grosseiro, muito pelo contrario.
-Está tudo bem, se eu tivesse um filha linda como você , também ficaria com ciúmes. Pode acreditar.
-Não começa James!- Desviei o olhar já vermelha.- Eu já vou indo.- Me virei para ir para dentro, e ele segurou meu braço.
-Não está esquecendo de nada não?- Franzi a testa.
-Não...- Respondi e ele avançou me dando um selinho calmo e lento.
-Pronto. Agora pode ir.- Ele mordeu os lábios e abriu um sorriso largo.
-Idiota.- Sussurrei vendo-o tomando distancia. Ele olhou de volta dando uma piscadela me tirando um sorriso. Respirei fundo e entrei.
-Pra amigos vocês estão muito próximos não acha?- Indagou meu pai enquanto fechava a porta.
-Não acho nada, eu e James somos apenas amigos.- Amigos, coisa que nunca vamos ser.
-Quer enganar a quem Sky? Ao seu velho pai?- Ele riu.- Eu sinto cheiro de paixão de longe.- Esse é a figura paterna que eu conheço. Nada de grosseiro quando se trata de sentimentalismo.
-Então estás velho mesmo, por que eu não sinto nada por ele, e nem ele por mim.
-Pois te falo que está errada.- Parei na escada.- Ele te olha exatamente como eu olhava para sua mãe.- Senti um grande conforto em suas palavras.
-Pai! Não fale besteiras!- Repreendi. O que adiantaria ele olhar da mesma maneira se jurou amor eterno a outra garota? Só de pensar nisso, meu estômago se contraia.
-Ele aparenta ser um bom rapaz. Eu só quero ficar sabendo das coisas Sky, não gosto de descobrir por mim mesmo.- Senti-me ameaçada.
-Pela ultima vez, eu e James somos amigos. Ponto final!- Bufei ficando nervosa com esse assunto.
-Querida, eu sou experiente, e se tem uma coisa que você não são, é amigos.- Ele riu.
-Vamos parar com esse assunto? Hum?- Sugeri.
-Só mais uma coisa.- O fitei.- Eu quero ficar sabendo se acontecer algo a mais entre vocês.- Fiquei duvidosa sobre o que ele estava falando.- Os hormônios nessa idade são incontroláveis!
-Pai!- Rebati.- Acha que eu vou fazer algo com ele?!- Disse indignada.
-Eu já fui adolescente Sky, a paixão nessa fase é mais do que intensa.- Balancei a cabeça incrédula com tudo que tinha ouvido. Tentei tirar tudo rapidamente da memória, eu não podia me iludir a ponto de pensar que James sentiria algo assim por mim, eu já sabia que não. Na verdade, ele me confirmou isso na noite anterior. Subi as escadas correndo e me tranquei em meu quarto, me jogando na cama e me aprofundando nos pensamentos distintos. Eu realmente não sabia o que estava sentindo, era uma mistura de desejos, vontades e medo. Eu estava me sentindo bem, e isso faz com o que eu fique vulnerável. Bem no fundo, eu não me importava, a sensação de paz não invadia minha alma há muitos meses como esta invadindo agora. Mas minha cabeça teimosa ainda martelava o sentido dele me fazer me sentir assim, como se meus problemas sumissem em um passe de mágica, sorri ao lembrar dos últimos acontecidos entre nós, a maneira em que ele persistia em continuar atrás de mim, o seu humor em horas para me irritar e sua compreensão em momentos sérios. Meu celular vibrou, no ecrã da tela piscava um numero desconhecido, minha respiração parou.

-Alô?
-Está tudo bem?- Reconheci a voz rouca e com o sotaque forte do outro lado da linha.
-É...Sim, está sim.- Tentei controlar minha respiração.
-Hum...Então...Boa noite.- Ele disse por fim.
-Boa noite.- Disse pigarreando. Antes que ele desligasse.- James?!
-Sim?!
-É...Obrigada por me emprestar sua blusa hoje...- Só depois de ter dito, que me lembrei que já havia agradecido antes de sair do carro. Antes dos beijos...
-Confesso que gostei dela mais em você do que em mim.- Senti minhas bochechas corarem.- A propósito, seu perfume ficou nela...Acho que não vou lavá-la tão cedo.- Pressionei os lábios envergonhada, mesmo a distância ele tinha esse dom.
-James!- Falei meio sem jeito.
-Eu sei, estás com vergonha...- Ouvi sua risada.- Boa noite Sky, até amanhã.
-Boa noite.

Desliguei e meu coração doía por pulsar tão forte, eu estava tão confusa sobre tudo, por que ele faz isso comigo? Como ele quer que eu não sinta nada quando ele é a pessoa que é, que me faz sentir coisas que nunca senti, e algumas que eu nem sabia que existia! O que está acontecendo comigo? Por que estou falando como uma garota iludida de colegial? Grunhi por pensar feito uma tola. Eu não posso ser vulnerável, não posso me deixar levar, não querendo ser durona, ou ranzinza. Mas pelo simples fato de não suportar outra dor, acho que não aguentaria ter o chão puxado dos meus pés outra vez, penso que se acontecesse, iria ser menos doloroso de como foi --e é-- lidar com a morte da minha mãe. Mas estou fechada a qualquer tipo de dor, a qualquer coisa que me machuca de certa forma mais do que já estou,  a qualquer tipo de desilusão e isso tudo que envolva James, é total loucura.
Afastei-me dos meus pensamentos ao ver uma notificação de mensagem na tela do meu celular.

“Amanhã quero que vá comigo a um lugar comigo, e não aceito “não” como resposta.”

Era ele. Sorri e outra mensagem chegou.

“Lembrando que eu não terminei o que comecei com você no carro.”

Meu corpo arrepiou ao lembrar de como estávamos no carro a poucas horas atrás, não respondi. Bloqueei a tela e joguei o celular de canto. Se era loucura sentir algo por um cara que prometeu amor a outra pessoa, talvez eu seja uma completa maluca.

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