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Ametista - Kim Seokjin

Kim Seokjin. O mais velho do grupo, o mais inteligente e o mais famoso entre as meninas. Seokjin nunca demonstrou interesse algum por ninguém. Acreditava que se a felicidade dele precisasse vir de outra pessoa, ele não seria realmente feliz e estaria apenas fingindo algo pra agradar outro alguém. Mas apesar de tudo isso, ele se esforçava. Se esforçava pra trazer felicidade aos seus amigos, além da perfeição, é claro. Seokjin era obcecado na limpeza, no brilho, na luz, na perfeição. Sua casa era perfeitamente limpa. O cheiro de incenso era sutil e amadeirado. Um cheiro doce, relaxante e confortante, que trataria paz a qualquer lar. A cama tinha que ser virada para o pote de ametistas em sua bancada amarelo canário, enquanto o guarda-roupa feito de madeira de carvalho ficava atrás da porta grande. Livros em uma estante era organizados em ordem alfabética, tema, autor e cor.

O garoto costumava limpar a casa dez vezes por dia, começando no quarto, indo pra sala, indo pro banheiro e depois para a cozinha grande pintada de azul bebê. Ele nunca saia de casa sem antes lustrar o pote de ametistas. Acreditava que as ametistas traziam a perfeição, a limpeza, o brilho para sua vida.

Uma pena que ele tenha esquecido de limpar o pote naquele dia. Aquele dia que Taehyung cometera suicídio pouco antes de seu pai.

Acreditava que parte de sua culpa teria sido dele por conta de sua superstição. Para alguns, boba; para ele, irrefutável.

E então o mesmo viu sua vida desmoronar quando viu Namjoon pular do telhado de sua escola. Perplexo, não, sequelado. Essa seria a palavra que ele usaria. Seria como milhares de facas, punhais, lâminas de estilete entrassem em seu crânio e saíssem repetidas vezes, deixando feridas abertas e incuráveis, que nunca fechavam por completo, apenas iam em uma cicatrização lenta, torturante e dolorosa. Era cruel a dor, o choro, a grande perca que seu amigo trouxe quando decidiu... Pular.

E então, vieram os outros. Yoongi morrendo, e Seokjin tentando manter sua aparente tranquilidade, enquanto berrava por dentro para que tudo parasse, depois, claro, veio Jimin.

E então Seokjin surtou.

Ele não aguentava mais. Não importava quantas vezes limpava o maldito pote de ametistas, sempre algo chegava a dar errado. Erros, mais erros, e Seokjin não suportava errar. Ele quase nunca estava errado.
E, mesmo que não admitisse, sentira um prazer muito intenso ao acertar o tapa forte no rosto da menina que zombava da morte de seu antigo companheiro. Foi algo que o deixou se sentindo relaxado. Ele gostou da sensação.

Quando Jungkook entrou em estado de reclusão, Jin ficou preocupado. Ele pensou em ir na casa de Jeongguk diversas vezes, bater na porta do mesmo e o convidar para aquela loja de ramen expresso da família de um garoto japonês da sua escola chamado Yuta... Mas não tinha coragem. Ele sempre voltava ao ver a janela fechada pela cortina cinza e o gramado mal cuidado que, antes, Jeongguk tinha tanto orgulho. Yeontan também estava morto. Uma série de mortes uma atrás da outra que deixavam Seokjin atônito e perdido no tempo. Meses de dor e sofrimento que pareciam não cessar.

Seokjin foi para sua casa e então, começou um novo hobbie: a pintura. Um novo quadro estava se formando. Era um desafio que Seokjin fez a si; usaria apenas tons de azul e vermelho, formando lilás e roxo.

A arte se formou: uma mão tocando a outra. A mão da direita era vermelha e a da esquerda azul. Ambas tocavam a outra através do dedo indicador, o que fazia uma espécie de tinta roxa escorrer entre os mesmos. Tudo isso abaixo de um céu e uma paisagem lilás.

Seokjin estava satisfeito. E, depois disso, pendurou o quadro na parede de seu quarto. Colocou uma música para tocar em seu rádio. A música era I'll Stand By You, de The Pretenders.

Lágrimas escorriam de acordo com as palavras proferidas pela melodia musical. Enquanto isso, Jin polia o pote de ametistas e, logo após isso, limpava sua casa com calma e cautela, passando espanador e pano por todos os lados.