Fire Meet Gasoline "14.3"

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É perigoso estar tão caído assim por alguém.

Jungkook soube disso no momento em que sentiu seu peito queimar em uma dor real enquanto gritava "Se eu for, não volto."

Não. Vou. Voltar — foi o que lhe doeu mais, além de dizer aquilo olhando para os olhos dele, escuros e inexpressivos, que no momento pareciam tão frios e distantes — ele nem sabia raciocinar o que era pior.

Agora, três dias depois, estava jogado no seu sofá, assistindo pela terceira ou quarta vez a mesma reprise de um jogo de futebol da K-league, porque estava com muita preguiça de levantar e procurar o controle, ou levantar e desligar a TV. Para falar a verdade, ele estava com preguiça de fazer qualquer coisa que não fosse chorar, dormir, e xingar a si mesmo e a Taehyung mentalmente. Um belo fundo do poço, e o pior disso tudo era não fazer ideia de como sair dele.

Se não estivesse com seu orgulho gravemente maculado, já teria ido atrás do mais velho, já teria implorado para voltarem a estar juntos, ou implorar por perdão. Mas não, como sempre, Taehyung abriu um rombo grande demais no seu ego para perdoar tão fácil assim. E além disso, Jungkook já tinha pedido desculpas, não tinha culpa se o babaca não aceitou.

Seu celular vibrou novamente do chão, e com mais uma gotinha de esperança, Jungkook desejava que fosse Taehyung. Mas para seu descontentamento, era apenas sua mãe, preocupada com o sumiço dele. Em uma situação normal ela já estaria na porta dele, querendo saber tudo.

Mas Jungkook até podia prever o que a mulher estava sentindo agora: que não o conhecia.

Não depois do que ele contou.

Seu subconsciente o chamava de idiota, lhe dizia para seguir tudo normalmente, sabia que logo teria que voltar a viver e parar com sua crise louca de tristeza pós-briga.

Mas no momento, queria seu tempo sofrendo e lembrando do quanto gostava de Taehyung, como eles se davam bem e o quão gostoso era transar com ele e ganhar beijinhos e as malditas juras de amor que no momento sabia não servirem de porra nenhuma. Sem nem mesmo se tocar, ele já estava chorando outra vez. Com lágrimas tão grossas que molharam o estofado do sofá onde a lateral do seu rosto estava pressionada. Mais um dia estupidamente triste por algo que não devia.

Horas mais tarde, enquanto tomava banho, lembrou de quando Taehyung disse que o amava pela primeira vez, e pela segunda, e pela terceira, tudo de uma vez só, enquanto gozavam juntos.

E chorar na água o lembrou do filme Blade Runner, só que em vez de lágrimas na chuva, as suas eram lágrimas no chuveiro. E aleatoriamente repetiu a parte que lembrava do monólogo do andróide Roy Batty. Talvez ele estivesse quebrado por pensar em algo tão sem sentido assim, então resolveu que só havia uma coisa que nunca falhava em juntar seus cacos: álcool, e uma boa ressaca filha da puta para o provar que existem coisas bem piores do que sofrer por outra pessoa. O maior problema nisso era que ele estava afastado de todos os seus amigos, até dos seus melhores amigos, e Seunghee estava trabalhando muito agora, Youngjae tinha viajado, era isso. Sozinho. Beber sozinho nunca funcionou para Jungkook, ele precisava de testemunhas, ou melhor, alguém que o parasse antes dele morrer por um coma alcoólico. Com seu tipo de tolerância, mal notava quando já estava passando dos limites aceitáveis. Por um tempo, cogitou virar uma das garrafas de whisky estrangeiro que Taehyung tinha lhe dado de presente, pelo menos para algo aquele ator de merda precisava servir. O Bourbon estava cheio, só tinham tomado dois copos pela metade uma noite, na mesma noite em que a avó do Kim tinha ido para casa, e ele parecia tão radiante e feliz que suas bochechas se inflavam por conta do sorriso enorme que carregou no rosto bonito o dia inteiro. Jungkook amaldiçoou a si mesmo por lembrar, e então ficou de pé, andando até a cozinha.

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