Eu Que Amei Tanto (Concluída)

4 - Xeque - mate

Agosto

Depois da formatura, Luiza continuou insistindo em desviar mais dinheiro e como eu já não tinha mais medo de Carlos pegava sem nenhum remorso. Eu só iria apresentar o balancete no final do mês e o estava preparando calmamente, sem deixar nenhum detalhe de fora. Não fazia mais meu trabalho, só ia na empresa fazer transações e o "trouxa" do Carlos assinava sem nem ler uma linha, o que tornou tudo mais fácil.
Eu tinha nojo de estar no mesmo prédio que ele, mas Luiza fazia questão de manter as aparências. Na noite anterior da apresentação do balancete eu estava fazendo planos com Luiza de fugir do Brasil.

- Antes de ir pra sala dele, vou agendar as passagens para à tarde e depois seremos felizes na Suíça. Eu consigo outro emprego e vamos viver sem sustos.

Estava muito feliz em pensar nisso, mas um aperto no meu coração me lembrava das palavras da mãe de Luiza.

- Mas é claro, vamos nos casar em Vegas e viver pra sempre juntas. Até depois da morte. Não quero mais nada, se não for estar com você.

Nós transamos pela terceira vez aquela noite e eu estava mais confiante que antes.
Quando amanheceu Luiza não estava do meu lado como sempre, procurei por ela no apartamento, mas só encontrei um bilhete: "Amor, tive que sair mais cedo. Te encontro no trabalho, não me descepcione. Te amo". O que será que ela teve que fazer tão cedo?

Me arrumei como sempre e fiz uma pequena mala com as coisas que realmente iria precisar, sai do apartamento e o tranquei. Deixei as chaves com o porteiro e disse que uma empregada iria limpa-lo e iria deixar a chave pra ela. Peguei meu carro e fui pra empresa.

Cheguei na empresa e corri para minha sala, vi que Luiza ainda não tinha chegado e só fiquei mais nervosa. Não tinha mais motivos para fazer meu trabalho e só fiquei olhando pela janela. De repente Luiza entra na minha sala abruptamente, toda rasgada, machucada, roxa e descabelada.

- Meu deus amor. O que houve?

Me aproximei e a ajudei a sentar no sofá no canto da sala.

- Foi o Carlos. Eu fui pedir demissão, mas ele não quis aceitar, ele me segurou forte e me jogou contra o vidro e depois me chutou no rosto e na costela. Ele tentou abusar de mim, mas eu consegui sair correndo. Ele acha que fui embora.

- O que? Eu vou agora na sala dele.

- Não, não demonstre que sabe. Ele pode fazer algo com você. Vá e faça o que tem que fazer e saia.

- Você acha mesmo que eu tenho sangue de barata? Olha o que ele fez com você meu amor. Eu não posso fingir que não é nada.

- Por favor, faz o que falamos, sei que isso é imperdoável, mas você precisa. Amor não faça nada errado! Ele merece, mas não podemos.

Eu não a ouvia, estava lembrando que Carlos tinha uma arma na segunda gaveta da sua mesa e precisava da chave, teria que pegar na mesa da sua secretária.

- Amor? - Voltei a atenção pra Luiza.

- Oi? - Respondi ainda distante.

- O que está pensando? - Ela não parecia preocupada, como a pergunta devia ser.

- Estou me acalmando pra olha-lo nos olhos. - Precisava mentir, não podia fazer ela de cúmplice disso.

- Você vai fazer do jeito que planejamos?

- Vou. Me espere no carro, minha mala já está lá! Trouxe a sua?

- Trouxe está debaixo da minha mesa.

- Ótimo pegue-a e me espere no carro, vou acabar com isso e já te encontro.

- Tudo bem. Tchau! - Aquela despedida me acordou por alguns segundos e vi uma outra Luiza saindo, soberba, altruísta e fútil, mas logo meu amor estaria de volta.

Assim que ela saiu eu me acalmei direito e peguei o balancete. Sai da minha sala e segui pro meu último ato dentro daquela empresa.