Coração de gelo - O livro dos mortos

Prólogo

  A criatura corria pelos becos, usando as sombras como esconderijo. Ao menos não era necessário se preocupar com os comuns também, suas mentes são fracas demais para o sobrenatural é, por isso, não o enxergam, o que facilita muito a fuga
  Possuía feridas por todo o corpo. Um de seus braços foi arrancado e, os outros cinco, sangravam muito, a pele verde e escamosa estava com múltiplas lacerações de garras e, como se não bastasse, haviam buracos de bala no peito e no antebraço, ela sabia que dois de seus três corações foram perfurados. Cada passo trazia junto uma dor lancinante, era quase um milagre que continuasse viva, mas, ainda assim, era um alívio quando pensava que escapou da fera.
  Fez uma curva para a esquerda e, quando se deparou com um beco sem saída, decidiu dar meia volta. Quando se virou,lá estava ela, o monstro que residia em seus pesadelos. Um chifre saindo do centro de sua testa, garras de gelo nas mãos e pés, sua cauda sacudia, como se ele estivesse feliz por achar sua presa, mas, o que mais chamava a atenção,eram seus olhos. Frios e cruéis, emanando uma fraca luz azul, pareciam conseguir ver o desespero de sua caça, analisando de quantas formas podia matá-lá.
  Totalmente desesperada, a criatura pegou o primeiro objeto que viu, uma enorme caçamba de lixo e, com seus cinco braços restantes, a atirou. Porém, a fera a partiu ao meio o objeto,  fincou as garras no chão e deu uma investida.
  Em menos de um segundo, uma de suas mãos atravessara tronco da criatura, ficando banhada no líquido negro que escorria de seu corpo.
  O último coração foi perfurado, ela sentia a vida saindo de seu corpo, ossos quebrados, membros arrancados e órgão vitais dilacerados, não havia chance de sobreviver.
  Para acabar com o sofrimento do demônio, a besta usou as garras da outra mão para decapta-lo, vendo o corpo se desintegrar.