Eu também | Anderperry

Capítulo Único

— Oi, Todd! Cheguei — avisou Neil animadamente ao abrir a porta do dormitório deles.

Todd estava deitado em posição fetal na sua cama e assim que ouviu Neil chegando, virou-se rapidamente e cobriu seu rosto com o lençol. Mas isso não adiantou de nada— mesmo que não quisesse, ainda era possível ouvi-lo soluçar. Merda! Agora ele vai saber.

Neil sentou-se ao lado de Todd e retirou a coberta de sua cabeça delicadamente. Ele havia sido derrotado agora. Neil estava vendo seu rosto choroso, não tinha mais o que fazer.

— Ei, o que aconteceu? Você também tirou nota baixa naquela prova de latim? Tá tudo bem, cara. Ninguém se deu bem.

— Não! — Respondeu um tanto irritadiço. — Não foi nada disso. Não foi nada, na verdade. Tá tudo bem comigo, é idiotice estar chorando.

— Hey, nunca é idiotice chorar. E eu sei que aconteceu alguma coisa, amigo. Pode me contar — ele disse com uma voz tranquila.

Todd sentou-se na cama com o queixo encostado nos joelhos e olhando para frente, evitando olhar para Neil. Enxugou as suas lágrimas e respirou fundo. Agora eu conto a ele? Não, não posso conta-lo. Jamais. Em nenhuma hipótese.

Ele, que já estava chorando antes, sentiu a sua crise de choro piorar. Não havia nada, absolutamente nada nesse mundo que Todd gostaria de fazer a não ser contar a Neil que gostava dele. Sentir o seu coração batendo forte e o nervosismo na hora de falar a verdade, olhar no fundo dos olhos dele e ver que ele sorria também, aproximar-se um pouco dele, depois Neil se aproximaria mais ainda, então os dois fechariam os olhos, se beijariam, e poderiam dormir tranquilos, sabendo que o que sentiam um pelo outro era recíproco.

Mas isso não aconteceria. Claro que não aconteceria. Todd provavelmente era o único viadinho daquela escola. Neil, que era extrovertido, inteligente e encantador, provavelmente atrairia qualquer garota que quisesse. Por que deixaria isso tudo para ficar com o Todd?

E, além do mais, Todd não queria apenas ficar com o Neil— ele gostava dele de verdade. Não queria somente beijá-lo e no outro dia fingir que nada aconteceu. Neil era mais do que isso. Era um amigo, colega de quarto, confidente, companheiro... e a pessoa que gostaria de apresentar aos pais. A pessoa com quem gostaria de andar de mãos dadas, com quem queria andar abraçadinho naquele inverno...

Mas mesmo se — e somente se — o Neil o quisesse, não poderiam fazer nenhuma dessas coisas, a não ser que os dois quisessem ser expulsos da escola ou espancados.

— Terra chamando Todd. Oi — Neil disse, estalando os dedos na frente de seu amigo.

Todd segurou a mão dele e finalmente teve coragem para olhá-lo nos olhos.

— Neil, eu...

Antes que Todd pudesse completar, Neil segurou o rosto dele com as suas mãos, fechou os olhos e encostou a sua boca na dele. Todd sorriu contra os lábios de Neil e o beijou ainda mais intensamente, fazendo carinho em seus cabelos.

Neil segurou as mãos de Todd e os dois ficaram de pé. Sorriam feito idiotas, afinal nenhum dos dois jamais imaginou que aquilo realmente pudesse acontecer um dia.

Neil parou o beijo para observar o rostinho feliz de Todd, para ver como não era o único que estava tão feliz, aliviado, mas o mesmo tempo nervoso, grato e, acima de tudo, apaixonado. Então o abraçou mais uma vez e lhe deu um selinho. E depois outro, e depois outro.

— Eu também, Todd. Eu também. — Suspirou.

— Mas não podemos, Neil... E você sabe por quê.

— Todd, escuta aqui. Você tem aulas com o Sr. Keating, não é?

Ele estranhou a pergunta. — É claro que sim... Você sabe disso.

— Então! — disse ele com seu sorriso alegre de sempre. — Não aprendeu nada com as aulas dele?! —Deu-lhe um mais um selinho. — Carpe Diem.

— Neil, mas...

— Mas nada! Carpe-fucking-Diem. — Os dois riram. — Eu gosto de você, Todd. Mais do que jamais consegui gostar de qualquer garoto ou garota. E só sendo um idiota para pensar em desperdiçar isso.

Todd respirou mais tranquilo e abraçou. Não se importava mais se era um viadinho, pois Neil também era. E o melhor: os dois seriam os viadinhos mais idiotas e mais felizes do mundo.

— Carpe Diem, não é mesmo?

— Carpe Diem, Todd.

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Feliz aniversário (atrasado por motivos técnico-criativos) para a minha (ex) gato chorando favorita! KlRKLAND

Ela é o Neil do meu Todd,
O Holmes do meu Watson,
E o pêssego do meu Elio

Na sisteragem, obviamente.

Eu te conheço há anos e você é a minha amizade virtual mais antiga.

Também é a primeira pessoa com quem interagi virtualmente e a primeira a ler as fanfics lixinho que eu escrevia. Por essa e por mais razões, você vai sempre ter um cantinho especial no meu órgão bombeador de sangue :)

Enfim, ontem você deixou de ser um gato de 14 anos chorando, mas todos sabem que você continuará sendo um gato chorando por CMBYN e DPS pra sempre.

Você merece todo amor, carinho e felicidade no mundo.

Só não merece ouro, porque vocês roubaram :^)