O Despertar do Medo

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Ele corria frenéticamente pela rua escura. Ao olhar para traz de relance consegue enxergar um vulto passando pela fraca luz que era emitida pelos postes. Ainda estavam perseguindo ele. Simplesmente não sabia o motivo de toda aquela perseguição, eles apareceram de repente na casa dele, sua família nem tivera chance. Correndo pela sua vida ele avista um terreno em obra, estava vazio pelo horário, talvez ele pudesse despistá-los ali. Não sabia que horas eram, mas com certeza já havia passado da meia noite, a quanto tempo ele estava correndo? Por algum motivo ele estava correndo por um tempo muito maior, e também muito mais rápido do que o habitual que ele conseguia. Também notou que sua visão havia melhorado, a noite parecia mais clara, seus óculos haviam caído à duas quadras dali e sua visão permaneceu a mesma.

Ao olhar para o lado ele percebe um dos vultos correndo em uma velocidade quase igual à dele. Outro vulto aparece do outro lado, como corriam tão rápido? Ao ver a grade que cercava o canteiro de obras se aproximando ele não tem outra reação se não pular.

Quando percebe está a no mínimo cinco metros do chão, foi um pulo e tanto, toda a física fora quebrada por esse evento, mas quem liga?! Pelo menos ele estava vivo. Mas só até a aterrissagem.

Ele cai no chão com força, rolando pela areia do terreno. Aquilo havia sido doído, mas por algum motivo ele não possuía ferimento algum. Ele estava à salvo, provavelmente os vultos não conseguiriam passar pela cerca. E novamente ele estava errado.

Os vultos passam arrebentando a cerca, cortando metal como se fosse manteiga. Ele não teve nem tempo de se levantar, em instantes estava cercado. O medo o corrói por dentro quando ele sente algo estranho, como uma presença sombria anormal, como se a noite tivesse ficado mais escura. Haviam pelo menos cinco deles cercando-o, não tinha para onde fugir, muito menos podia lutar contra eles. Cada um estava segurando uma espada, os tamanhos e formas das lâminas variavam, porém todos os cabos eram iguais. Das armas emanava uma energia estranha, causavam mau-estar à ele somente de chegarem perto.

É então que um dos sujeitos sinistros ataca. Em instantes uma corda se enrola no pescoço dele, sufocando-o.

Aos poucos ele vê os últimos resquícios de luz se apagarem.

[Hospital Santa Maria - 19:00]

Matheus abre os olhos com esforço, as luzes brancas machucavam seus olhos, sua cabeça doía como se seu cérebro tivesse sido liquidificado. Na televisão uma notícia sobre um jovem desaparecido durante a madrugada era exibida. Ele sentia seu braço direito e sua perna esquerda doendo, sem falar em suas costelas que pareciam estar sendo esmagadas. Ele só se lembrava de um som, um estrondo, e depois escuridão. Agora ele aparentava estar em uma maca de hospital com um tubo de soro no braço e uma máscara de oxigênio no rosto.

Matheus se senta na cama e tenta recuperar os sentidos totalmente, para o espanto da enfermeira, que corre para chamar alguém no corredor. Em instantes um médico aparece e começa a examinar o garoto. Matheus prosseguia com os exames passivamente, sua mente estava bem longe dali.

- O que houve? - pergunta ele, voltando a si.

A enfermeira e o médico se entreolham em choque, sem saber o que dizer.

- Você está bem meu rapaz? - pergunta o médico.

- Estou com enxaqueca, mas o que houve? - insiste Matheus.

- Eh... como eu posso te falar isso? - gagueja o médico - Considerando seu estado físico não era nem para você acordar mais...

- Que?

- Seu diagnóstico informou que você deveria ficar em coma por tempo indefinido... mas pelos danos nos seus órgãos não era para você acordar em menos de um mês...

Andantes das SombrasWhere stories live. Discover now