- Eu posso acabar me metendo em encrenca...- Matheus diz em voz alta tentando se convencer a mudar de ideia, mas suas pernas seguiram em direção ao beco.
Matheus foi se aproximando, mas quando chegou perto do beco ele parou. Ele teve um momento de consciência. "Eu não devo ir lá." Apesar de sua moral estar gritando para ele ir lá naquele exato instante, sua mente não o permitiu. "Vai ser muito vergonhoso se eu for lá para apanhar. Eu preciso de uma estratégia". Mas no final seu raciocínio se converteu a favor da moral.
Antes de ir lá, Matheus pegou seu skate com suas mãos fez seu plano de ataque. "Eu vou devagar, sem chamar atenção e quando eu estiver perto o suficiente, vou bater meu skate em um deles com toda a minha força e depois saio correndo". Um plano simples e fácil de se seguir.
A ideia era que eles corressem atrás do Matheus e deixassem a menina em paz. A única forma do plano dar errado seria se ele fosse descoberto antes de estar perto o bastante, mas Matheus nem cogitou isso, na sua cabeça tudo ocorria perfeitamente.
"Vamos lá". Com um pensamento de auto incentivo, Matheus se virou para entrar no beco.
- POR FAVOR, NÃO SE APROXIME! - O grito foi proferido por um dos homens.
Matheus viu a cena a sua frente, e não fazia o menor sentido, ele havia gritado para a menina que estava de pé na frente dele. Ao contrario das expectativas, ele quem estava encurralado no beco.
- POR FAVOR, NÃO ME MATE! EU LHE IMPLORO! - O homem continuou gritando desesperadamente enquanto a jovem menina que apesar de longe, parecia se aproximar dele.
- Mas o que está acontecendo aqui?! - Matheus disse baixo
O homem estava assustado ao ponto de chorar.
- E onde estão os outros? Eu com certeza vi um grupo de... - Seu raciocínio foi interrompido. Ele encontrou os outros caras, eles estavam jogados atrás dos sacos de lixo ali perto, dificultando a visão deles.- E-estão mortos? - Matheus disse vendo a quantidade de sangue ali presente.
- SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM POR FAVOR ME AJUDE! - O homem já estava chorando enquanto ela andava lentamente. A menina que antes parecia indefesa parecia assustadora agora.
Matheus voltou e ficou encostado ali na parede. "Não deve ser verdade, com certeza é pegadinha". Apesar de tentar se convencer da mentira, tudo aquilo parecia bem real para ele. O pensamento de ir embora passou novamente pela sua cabeça, mas quando ele estava se afastando ele ouviu:
- AAAAHHHH! - Um grito, com a voz daquele mesmo homem ecoou.
Matheus foi forçado a voltar pela sua curiosidade, mas ficou apavorado com a situação que viu, a menina estava com suas mãos cobertas de sangue e o corpo do cara estava imóvel com um buraco vermelho em sua barriga.
A menina pegou um celular de seu bolso e fez uma ligação, as palavras que saíram da sua boca quebraram todas as esperanças de Matheus ao pensar que era uma pegadinha.
- Você já pode vir buscar o corpo!
Já era o suficiente, Matheus sabia que tinha que fazer alguma coisa e pensou com grande convicção - 'Hora de ligar para a polícia!'-
BIIP!
Ele esqueceu de tirar o som do celular antes de tentar ligar.
A menina apareceu subitamente ao seu lado, ela estava com suas mãos nas costas e mostrava um sorriso inocente.
- Oi. - perguntou a menina mantendo o sorriso simpático.
- O-Oi.- Matheus tentou responder com calma, mas se assustou.
- O que você está fazendo aqui nesse beco?- A menina perguntou
- Eu? Não estou fazendo nada. Na verdade eu estou é indo para casa- Apesar de ter conseguido falar com naturalidade, Matheus era um péssimo mentiroso. Ele falhou miseravelmente em esconder o medo em seu rosto.
- Ah entendo.- a expressão no rosto da menina mudou, ela já tinha mais um sorriso simpático. Na verdade ela estava séria, e isso se refletiu na sua voz. -Então você viu aquilo.
- Viu o que? Do que você está falando? - Matheus tentou disfarçar.
Matheus começou a andar para trás enquanto a menina tirou suas mãos das costas, uma delas estava cheia de sangue.
A menina deu um sorriso sincero e disse. - Não importa, você vai morrer mesmo.-
[...]
Respirando pesado Matheus se pergunta:- Para onde foi?-.
Ela desapareceu.
Matheus parou de correr, já fazia um tempo desde que ele viu ela correndo atrás dele.
15 minutos. Já fazia quase 15 minutos que Matheus corria sem parar, essa era sua primeira oportunidade de parar para respirar.
Enquanto tentava recuperar o fôlego, verificou os arredores, mas não havia uma alma viva por perto.
Enquanto olhava ao redor, um calafrio percorreu seu corpo, suas mãos começaram a tremer sem que ele percebesse.
Uma voz veio ao seu ouvido como um sussurro junto a um toque em seu ombro. - Te peguei.
- AAAHHHH- Com um grito de susto Matheus foi tentar correr mas caiu, suas pernas não aguentavam mais.
Com medo nos olhos ele se virou para a origem da voz. Era a menina de novo, mas dessa vez ela estava levemente diferente. Seus olhos não pareciam normais, estavam estranhamente avermelhados.
Os batimentos de Matheus atingiram seu pico ao ver aquilo, a cada batida era como se o coração fosse explodir em seu peito.
- "Droga!Droga!Droga!Droga! Ela me alcançou! Deu ruim! Ela me alcançou! O que eu faço agora?!"- Matheus estava claramente desesperado.
Ela estava avançando lentamente em direção a Matheus com um enorme sorriso no rosto, era óbvio que ela estava se divertindo com o desespero do menino.
Matheus foi se arrastando para trás, tentando com todas as suas forças fugir, mas a esse ponto parecia inutil.
- Se afaste dele!-
O gritou vindo das costas de Matheus interrompeu o avanço a menina macabra.
- Ninguem gosta de penetras na festa, mas parece que não tem jeito... Até outro dia... Menino visionário.- Com essas palavras a menina foi embora.
Olhando para trás, de onde saiu a voz que afastou a morte, Matheus viu parada ali, sua amiga, Bianca.
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Andantes das Sombras
FantasiaE se você se tornasse a última linha de defesa entre todos que ama e uma morte terrível e sombria? E se você não soubesse mais em quem confiar? E se seu inimigo fosse a própria escuridão encarnada? Ao descobrir dons especiais, que ele nem mesmo que...