Assim que entrou no carro, Emily pegou o celular e discou o número do primo, querendo saber notícias de Bruna. Já era quase 18h e Miguel ainda não havia retornado com notícias.
− Bonequinha, diz que a Bruna entrou em contato com você. − ele nem disse alô, parecendo desesperado.
− Você ainda não conseguiu falar com ela, Miguel? O dia inteiro?
− Eu to tentando ligar para a maluca da sua amiga há horas, mas ela não me atende. Que saco, Emily... Eu sabia que era uma péssima ideia levar vocês para a festa ontem.
− Sabia, mas você queria dar uns pegas com a minha amiga, então aceitou, não é? − ele riu com escárnio.
− Esse meu fraco por mulheres ainda vai me levar a problemas.
− Você é um idiota, Miguel.
− Obrigada pelo elogio, Emily. Mas o que faremos sobre a Bruna?
− Se ela não der notícias até amanhã de manhã, nós vamos na polícia. Então é melhor que ela dê notícias, Miguel. − e desligou, saindo com o carro nervosa. Às vezes não acreditava que um babaca daquele grau podia ser seu primo.
~*~
Em seu quarto, Miguel arremessou o celular na cama, começando a caçar uma troca de roupas. Não estava com a menor vontade de sair, mas precisava comer alguma coisa com urgência.
− Meio cedo para uma balada, não? − Edvaldo encarou o filho por cima dos óculos de leitura, sendo ignorado − Eu falei com você, Miguel.
− Eu não vou para a balada. Vou até o McDonald's descolar um rango e logo to de volta. − o garoto respondeu, pegando a chave do próprio carro. Quando virou, viu o pai com a boca levemente aberta − Que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara?
− É só um pouco chocante você ficar em casa em um sábado à noite, só isso.−
Miguel bufou, enquanto via o pai voltar a atenção para os documentos que lia. Hoje em dia, mal conhecia o homem com quem dividia a casa, e sabia que o pai pensava a mesma coisa sobre ele.
Enquanto dirigia para a restaurante, se lembrava de quando era pequeno. Sempre disseram que era uma cópia fiel do pai fisicamente, os mesmos cabelos castanhos rebeldes, os mesmos olhos castanhos, o sorriso brincalhão. Miguel se orgulhava disso, se orgulhava muito. Dizia que, quando adulto, queria assumir o lugar do pai e ser completamente igual a ele.
Hoje, tudo o que mais queria era que ninguém mais comentasse sequer sobre a semelhança física.
− O que deseja, senhor?
− Um combo de cada do menu, por favor. − entregou o cartão prateado para a atendente, que parecia bastante surpresa − No débito, ok?
Os sites de fofoca o classificaram como um dos maiores pegadores do Rio de Janeiro, e ele até havia postado uma foto seminu agradecendo o elogio. Já havia ido parar em delegacias incontáveis vezes, e só não tinha perdido a habilitação por alguma magia do destino.
No fundo, sabia que fazia tudo aquilo apenas para desafiar o pai; na verdade, tudo o que fazia desde os 7 anos era com esse fim. Na época em que passou a odiar ser comparado com Edvaldo Zapatta. Na época em que sua mãe, Neuza, adoeceu.
E foi quando descobriu que o pai traia sua mãe.
~*~
− Gata, vai mais devagar, meu braço já está doendo. − o rapaz não parava de reclamar, mas Bruna marchava incansavelmente.
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A Fonte de Afrodite
RomantikOs gregos antigos acreditavam em diversos deuses, cada um responsável por controlar uma faceta de suas vidas. Uma, em especial, sempre se destacou: Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Conhecida por ter vários amantes, mortais e imortais, era sabi...