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Fevereiro De 2005Será que de fato é possível amar alguém à primeira vista?
Sentado na sala de estar, ele se fez de novo a pergunta. Devia ser a centésima vez. Do lado de fora, o sol de inverno tinha se posto havia muito tempo. Pela janela entra apenas o reflexo do nevoeiro cinzento, e, com exceção das batidas suaves de um galho de árvore contra o vidro, tudo estava quieto. Mas ele não estava sozinho, e logo se levantou do sofá e atravessou o corredor, querendo dar uma olhada nela. Enquanto a observava, pensou em deitar - se ao seu lado e fechar um pouco os olhos. Bem que precisava de um descanso, mas não queria se arriscar e pegar no sono e perder a hora. Ele a viu se mexer levemente, e então deixar que a mente divagasse, levada pelas lembranças do passado. Mais uma vez pensou nos caminhos que os uniram. Quem era ele naqueles tempos? E quem era hoje? Analisando supercialmente parecia que responder as essas questões era algo fácil. Ele se chamava Jeremy, tinha 42 anos, era filho de pai irlandês e de mãe italiana e trabalhava escrevendo artigos para revistas. Essas seriam as respostas que daria, se quisessem saber sobre ele. Embora fossem informações verdadeiras, muitas vezes Jeremy se questionava se deveria acrescentar algo. Deveria, por exemplo, mencionar que, cinco anos atrás, viajara até a Carolina do Norte para investigar um mistério? Que lá se apaixonara, e não uma, mas dias vezes? Ou que a beleza daquela época estava permeada de tristeza, e, mesmo agora, ele não tinha certeza de qual só sentimentos iria pendurar?
Afastou-se da porta do quarto e voltou para a sala. Embora não se permitisse ficar preso aos acontecimentos do passado, também não evitava pensar neles. Não podia apagar aquele capítulo da vida, assim como não seria possível altera o dia de seu aniversário. Apesar de às vezes desejar voltar o relógio do tempo e apagar todas as tristezas, sentia que, se o fizesse, a alegria também diminuiria. E essa era um hipótese que ele se negava a considerar.