Nossos Encontros de Todas as Tardes

256 32 3
                                    

Todas as tarde após nosso expediente começamos a ter o vício de nos encontrar e conversar sobre nossas vidas corridas, pedíamos sempre tipos de cafés diferentes, na verdade Ruby procurava sempre variar enquanto eu não saía do meu padrão de todos os dias, ela sempre afirmava que se existem diversos tipos eles devem ser experimentados e isso me causava risadas.

Ultimamente ela estava passando por problemas de inspiração e estava a deixando desanimada, nossas conversas sempre faziam bem a mesma e toda vez que me olhava via seus olhos brilharem de uma forma que não sabia explicar, eu queria que fosse algo de minha cabeça, mas nunca fui alguém de imaginar fantasias ou coisas assim.

Ruby era independente demais para pedir, astuta demais para se deixar levar e franca demais para deixar outros a menosprezar; porém no meio de tudo isso eu ainda via sua sensibilidade, vulnerabilidade e incerteza. Seus trabalhos eram sua vida e quando tinha bloqueio se sentia mal com isso e ficava se culpando pelos atrasos que talvez nem aconteceriam.

Às vezes sentia que nossas tardes a ajudava a relaxar e no final delas um sorriso sempre brincava em seu rosto por conta de todo o peso ter ido embora.

Ela não era a única a se sentir leve, eu também me sentia parece que falar ajudava a você se sentir melhor, estresse passados, peças vindas erradas, conhecimentos distorcidos, tudo isso me irritava muito; meus amigos as vezes não entendiam o que eu falava e riam quando eu estava irritado falava estranhamente rápido, ela procurava entender, opinava de forma calma e fazia algo que sempre me acalmava quando estava à beira da uma explosão:

"Segurava minha mão e dizia sutilmente 'Nam respira está falando rápido demais, acalme-se'."

Ah se ela soubesse como aquilo me fazia bem, como me derretia e arrancava um sorriso de mim. Esperava que ela fizesse diversas e diversas vezes só para eu ter o mesmo efeito, mas quando algo se torna repetitivo demais acaba perdendo a graça então... Melhor não pensar nisso.

Em fim, era tão engraçado como o assunto não acabava, ficávamos tão entretidos no que falávamos que o café esfriava, nas voltas para casa sempre resolvíamos comprar um lanche e ríamos por nunca conseguirmos o comer todo e reclamávamos sobre o quanto ele cada vez mais gostoso e viciante.

Mesmo querendo ser algo mais, eu não romanticalizava nada forcava em minha mente que éramos dois bons amigos desfrutando de um momento juntos e respeitava seu espaço quando a mesma pediu, evitando assuntos que ela não queria tocar.

Porém lá no fundo, escondido em meu âmago eu queria ser algo mais, eu queria tentar algo mais, no entanto a coragem para expor isso me faltava.

Independent Woman | KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora