Dê as cartas

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Jeon Jungkook - Las Vegas-Nevada/Eua


Costumam dizer que quando estamos morrendo a nossa vida passa diante dos olhos como um filme, são os últimos segundos que nos permitem fazer o balanço de tudo que fizemos e fomos, essa sensação se tornou comum para mim, mas ali naquele instante cheguei a incrível conclusão que é só mais um jeito da vida ferrar com gente e com nosso psicológico, uma vez que não poderemos fazer nada para mudar o passado e aparentemente estamos à beira do abismo, prestes a cair.
Enfrentar situações que colocam em risco minha vida, me fez acreditar que a morte passava diante dos meus olhos, mas nunca me reconhecia, o lado ruim disso é que passamos acreditar nas coisas do tipo " isso nunca vai acontecer comigo", e então um belo dia, acontece.
Estávamos prestes a prender um dos líderes do tráfico de metanfetamina, um colombiano chamado Ramires, eu e Will meu companheiro de farda, investigamos por meses e seguimos cada rota que os traficantes faziam, tudo indicava que o local onde as drogas eram armazenadas, ficava dentro de um depósito do Casino Royale, em Las Vegas. Engana-se quem acredita que a terra dos jogos de azar, é uma terra sem lei.
Depois de muita investigação, invadimos o local e tudo o que encontramos foi pó. Mas não a cocaina e sim pó de poeira e prováveis ratos que faziam barulho. Não havia nada. Apenas eu e Will parados no meio do depósito de vários nada. A frustração era notada em ambos os olhares, foram meses simplesmente jogados fora.
- Jeon, tem algo errado. A gente não ia errar. Will falou olhando para todos os lados, mirando sua arma para qualquer lugar, como fosse atirar em qualquer coisa que se mexesse, mesmo sendo nítido que não havia nada ali.
- Que merda. Esbravejei irritado, não era possível que tínhamos nos enganado com o local, não era possível aquilo.
- Jeon vamos embora. Tem algo de errado aqui, caralho! Meu amigo pareceu nervoso, sua respiração estava pesada e sua mão trêmula.
-Porra Will, que bosta é essa, olha sua mão! Confesso que vê-lo naquele estado me assustou, foram cinco anos trabalhando juntos e ele nunca ficou nervoso, nunca o vi tremer, nunca o vi com medo. Will era meu ponto forte, tudo o que fazíamos ele liderava, era esperto e até aquele momento destemido.
- Jungkook, pelo amor de Deus, vamos embora. Ele insistiu.
- Merda! Esbravejei mais uma vez, e então corremos em direção à saída, mas já era tarde demais.
Antes que pudéssemos sair, homens armados invadiram o lugar, gritavam coisas que eu não podia entender, riam alto e fumavam, usavam toucas impedindo que fossem reconhecidos.
-SOLTEM AS ARMAS! Um deles gritou, imediatamente obedeci, colocando lentamente minha arma no chão. - OS DOIS! Ele grita mais uma vez.
- Porra Will, abaixa essa arma! Ordenei, colocando minha mão na cabeça, não iam atirar em alguém desarmado, pelo menos eu queria acreditar nisso.
- Eles vão matar, a gente Jeon. Will estava quase chorando, acho que teve algum pressentimento, ele acreditava nessas coisas, apontava sua arma para todos os lados, um tiro, um movimento em falso e estaríamos mortos.
- Vamos Will, ouça seu amigo. A mesma voz fala em tom sarcástico. - Will, Will, Will, eu não gosto de crianças teimosas. Ouço os passos firmes ecoarem pelo local, estava se aproximando, então pude ver o único rosto sem máscara, sem touca, Ramires vestia terno branco, como os valetes do Casino Royale costumam usar, caminhava confiante, presunçoso, altivo e com um sorriso de canto nos lábios. - Olá Jungkook! Passou por mim, mas parou na frente de Will, de frente para a arma, em gesto rápido segurou o punho do mesmo e o fez apontar a arma para o próprio corpo.
- Não mate ele. Eu falei rápido.
- Vamos Jungkook, achei que seria uma brincadeira mais divertida. Ramires apertou ainda mais o punho Will o fazendo gritar.
- Por favor! Eu quase gritei.
- Policial de merda! Ele cuspiu no chão. - Vamos Jungkook, cadê toda aquela coragem? Eu já vi você em ação antes não me decepcione!
- Ramires não o mate! Insisti.
- Vou mandar um por um de vocês para o inferno. - Agora me diga: Suicídio ou assassinato? Como prefere que o jornal fale sobre a morte do seu amigo Will? Sua voz ainda era de deboche, de soberba.
- Por favor. Will falou num fio de voz e então gritou quando seu punho foi torcido mais uma vez.
- PORRA JUNGKOOK! Ramires gritou, fazendo meu corpo inteiro estremecer e o medo tomar conta de cada célula.
- Não quero mais brincar, cansei, só um aviso, esse é meu território, eu corto e dou as cartas aqui entendeu!? Falou firme e sério, então puxou o gatilho, eu virei rapidamente vendo o corpo de Will cair ensanguentado no chão, era como se aquele barulho do tiro fizesse eu perder os meus sentidos aos poucos, olhei para todos os lados desesperado, ouvindo as risadas altas, e então tudo girou e eu perdi completamente todos os sentidos.
É completamente estranho que isso tenha acontecido, pelo menos para mim, que sempre acreditei que isso não aconteceria comigo. Pois é, aconteceu.
Minha vida não passou diante dos meus olhos e bom, eu ainda estou aqui falando, o que significa que eu não morri. Eu poderia agradecer a Deus por estar vivo, mas teria que culpa-lo pela morte de Will, sim ele morreu, a bala perfurou seu peito e fez um caminho fatal. Will morreu com um tiro da própria arma, não havia digitais de Ramires na arma.
- Jungkook que bom que acordou. Lisa do departamento de logística da polícia de Las Vegas, me falou, parecia abatida e seu sorriso foi claramente forçado. Tentei me levantar, mas o cateter no meu braço que me ligava ao soro me impediu.
- Cadê o Will? Perguntei preocupado, eu estava no hospital e então naquele momento eu quis acreditar que ele também estivesse, eu tinha esperanças.
- Eu sinto muito. Lisa se engoliu e havia lágrimas em seus olhos, virei o rosto para o lado, encarei a janela, o céu azul com algumas nuvens, parecia um dia lindo, era tão irônico.
- Onde... Onde vai ser o funeral? Perguntei encarando o céu, tentando conter as lágrimas que faziam meus olhos arderem e meu nariz trancar, ao mesmo tempo que senti algo na minha garganta, uma agonia tomava conta de mim, mas tentei ser mais forte do que tudo, eu sempre tento, sempre faço de tudo para nada me abalar, mas era meu amigo, o melhor.
- Você dormiu por três dias Jungkook. Eu sinto muito, a família não quis esperar você acordar.
Imediatamente eu a encarei, não fazia o menor sentido eu ter ficado tanto tempo desacordado, eu esbravejei algo como "Eu vou matar aquele colombiano" e então enfermeiros entraram e eu não vi mais nada.

Reina de Corazones - Jinkook / KookjinOnde histórias criam vida. Descubra agora