trinta e quatro

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Sabina

Tento me soltar, mas é uma tentativa falha. Respiro fundo, penso como posso sair dali. Vejo ao alcance do meu pé, um cabo de metal e ao seu lado, um botão

Tenho uma ideia

Se a vida estiver a favor de mim, eu conseguirei derrubar aquele cabo no botão que eu acredito que seja pra abrir os "braceletes" de ferro que prendem meus pulsos. 

O botão não está ao meu alcance, pois está na parede ao lado de Any, e o cabo está apoiado em uma daquelas mesinhas que andam, não faço a mínima ideia pra que serve aquele negócio, só sei que preciso tentar me soltar e depois soltar a Any

Empurro com o pé o bastão, e graças a Deus ele acerta o botão, bem como eu tinha planejado, eu e todos ali somos soltos, mas obviamente eles estão inconscientes, então não vai adiantar muita coisa

Com muito cuidado, eu ando até o enorme balcão, e procuro algo que possa acordar Any, a superfície está cheia de coisas pra experimentos e máquinas estranhas, um típico laboratório, enquanto reviro o local, acabo deixando cair uma caixa de remédio dentro da lixeira, quando vou pegar (pois a caixa estava meramente cheia), observo que dentro do lixo há vários do mesmo tipo de copinho que foi utilizado para me dar o pozinho azul e me apagar, fazendo com que eu sonhe coisas "legais" para o meu subconsciente.

Decido dar uma de detetive, coloco as luvas brancas que estavam jogadas ali no balcão, que até combinaram com minha camisola. Pego um saquinho, aqueles que dá pra lacrar, e uma pinça, procuro no lixo algum copinho que tenha resquícios de pozinho, e consigo achar, pego o mesmo e com a ajuda da pinça retiro um pouquinho do pó, deixando dentro do saquinho.

Vou até o final do enorme balcão e encontro um microscópio

-Como usa isso?-sussurro pra mim mesma

Remexo o aparelho e dou um jeito de eu conseguir usar. Tiro uma gota do meu sangue, e do sangue da Any. Porque se deram isso pra Any, com certeza foi em quantidade maior do que o meu, pois ela ainda está dormindo e eu não. Coloco cada uma em um canto do microscópio e vejo

-As aulas de química e biologia tem que me ajudar-falo a mim mesma novamente, observo as duas gotas de sangue, uma está com seus glóbulos vermelhos mais lentos, e a outra não (no caso, a minha).

Realmente é uma droga, mas agora, qual? Pode ser várias drogas misturadas, uma só, mas...se deixa a pessoa dormindo e delirando, deve ser alguma que não está em circulação, como algo criado em laboratório, ou se não, está disfarçada.

Ta. Vou levar o pacotinho com a droga comigo, mas antes tenho que acordar a Any

-Ei-sussurro no ouvido da morena-acorda Any, por favor-digo novamente e ela não acorda-ta, vai ser assim?-cruzo meus braços, bufo e procuro algo pra acordar ela, percebo um bebedouro com copos no final da enorme sala, penso: "Por que não?", ando até lá e encho um copo, volto pra Any, e taco na cara dela

-AHHH-ela grita assim que acorda

-Cala a boca, cala a boca-coloco a mão na sua boca, quando ela se acalma tiro com cuidado

-Aonde a gente tá?-sussurra

-Sei lá, acho que é um laboratório ou algo do tipo-respondo também sussurrando, ela levanta e anda lentamente em silêncio até as outras pessoas, observa um garoto dormindo, está parada, sem dizer absolutamente nada

-Sabina-me chama, baixo

-Oi?-toco em seu ombro

-Essas crianças eram do meu orfanato-ela diz e engole seco

-O que?-digo indignada

-É serio, aquele é o Maicon, a Thati, o Lorence-diz com uma lágrima caindo em seu rosto já molhado pela água

-Eu sinto muito, mas não se desanime tanto assim, eles não estão mortos, apenas drogados, por um pó azul, deram pra você também, e pra mim-eu a abraço

-Vamos sair daqui-ela diz limpando seu rosto com as mãos, tentando se recuperar do susto-é melhor aproveitar que está de noite-sai do abraço e anda em direção à porta em passos leves, assim como eu

Ela abre uma frestinha e observa lá fora

-Ta livre, vamos-faz sinal pra que eu a siga
[...]

Andamos muito, praticamente em círculos, pensa em um lugar grande! Cheio de corredores e portas, tudo branco, bem como era no meu "sonho", com dormitórios e coisas do tipo, em nenhum momento achamos a saída, é como se não tivesse porta de entrada nem saída

-Caramba amiga, estamos andando em círculos-Any diz ofegante

-Eu sei, mas precisamos sair daqui, olha...que tal a gente entrar em alguma porta? Que não seja de dormitório-sugiro e ela me olha com deboche

-Taaa, mas...não faz bobeira-ela diz e passa a mão em sua testa suada, depois limpa na camisola

Andamos mais um pouco até encontrar uma porta qualquer

-Podemos ir nessa-digo apontando

-Ta-afirma

Eu giro a maçaneta com cuidado, pra que não faça nenhum barulhinho sequer, quando abro a porta, me deparo com o pior que eu poderia ver, Any também se espanta e começa a respirar com dificuldade, da pra ouvir

Estamos em uma sala de cirurgia, na qual médicos retiram um coração ainda batendo de uma criança que aparenta ter 5 anos

...

𝕀 𝕟𝕖𝕖𝕕Onde histórias criam vida. Descubra agora