Esse Gosto é de Liberdade ou de Sangue ?

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    O jovem com olhos de rosas explicou seu plano de fuga para seus irmãos, ele reparou que a magia da bruxa não os afetava, ela nunca usou nada além de suas ordens para conseguir seus desejos, logo deduziu que eles nasceram imunes a magia, os jovens concordam com seu pensamento mesmo não entendendo muito bem o plano do irmão, calmamente conta que o ferimento da perna da bruxa não se curava porque a flecha do caçador possuía algum tipo de feitiço que retardava a cura,  e a bruxa não poderia manter uma ferida aberta por muito tempo pois começava a apodrecer conforme o sangue escorria, obrigando Morgoth a cerrar a própria perna para não se desfazer completamente, então só bastava eles a ferirem com algo que possuísse a mesma propriedade que a flecha para que não consiga se curar. As crianças não conseguiam ter nada em mente, ela tinha objetos simples e qualquer material mágico ficava com a bruxa, nesse momento o mais velho entre os irmãos aponta para o que sobrou do corpo de seu irmão morto e diz que sua morte ira dar as ferramentas necessárias para matar a bruxa, então pede aos irmãos que arranquem os ossos e os escondam de Morgoth para dar início ao plano de fuga.

    Passa uma semana e a bruxa consegue capturar um homem de algum vilarejo distante, uma vítima era necessária para distrai-la e para o plano dar certo, ela arrasta o pobre moço para o subsolo da casa e as crianças estão trancadas no quarto, logo começam a botar em prática a fuga, conseguem sair do quarto por causa de uma parede que já estava velha e corroída, as crianças a tampavam com trapos e roupas dos falecidos irmãos para a bruxa não notar. Eles saem em um quarto sujo onde Morgoth guardava os pertences de suas vítimas e que sempre vivia destrancado. Alguns dias atrás os jovens conseguiram roubar algumas facas para talhar as lanças, quebraram alguns ossos maiores para ficarem mais pontiagudos. A bruxa se sentia confiante de mais, já que em mais de cinquenta anos nenhum de seus filhos jamais conseguiu  feri-la. Os jovens pegam as facas roubadas e decidem adentrar nas profundezas do subsolo da casa.

   Entram no alçapão, o local onde os rituais eram executados. As paredes eram feitas de pele humana, uma costurada na outra, corpos dos homens eram estendidos no teto do local e o cheiro era o pior possível, também havia no local barris com corpos de animais mortos submersos no próprio sangue, mesmo assustadas deviam continuar, porém um dos irmãos estava muito apavorado e pediu para ficar para trás, os outros concordaram, mas pediram para a criança não fazer nenhum barulho. Ao abrirem uma porta depois de passarem pelo salão de pele e sangue, os oito irmãos se deparam com Morgoth nua rasgando a carne do pobre homem enquanto copulava com ele, o moço gritava e chorava enquanto a bruxa pronunciava palavras em uma língua desconhecida, estavam no chão bem no centro de um circulo feito de crânios humanos e de animais com apenas seis velas iluminando todo o local.

   Os irmãos entram silenciosamente enquanto Morgoth pronunciava as palavras em um tom muito alto, elas sabiam que ela havia jogado um feitiço na residência impedindo qualquer ser vivo de sair da casa e só poderia ser desfeita se a vida da monstruosidade chegasse ao fim. Assim a criança com olhos de rosa se prepara com seus irmãos para apunhalar a bruxa, nesse momento uma das crianças afunda seu pé em um dos crânios que estava no chão, que acaba perdendo o equilíbrio e fere Morgoth de raspão no braço esquerdo, a bruxa se vira rapidamente e é apunhalada em seu braço direito e peito esquerdo, a criatura solta um grito de dor e raiva e agarra as três as crianças que estavam mais perto, ela aperta tão forte as crianças em um abraço que parte elas ao meio, os estalos dos ossos se partindo ressoa no salão todo, os cinco irmãos ali presentes apontam suas lanças e estacas para Morgoth tentando mantê-la longe. A bruxa logo nota que não esta conseguindo se curar dos ferimentos e percebe que foi atacada com os ossos do seu filho morto, o sangue fétido e negro começa a sair de suas feridas, então ela parte para cima das crianças segurando seu martelo negro que estava no canto do salão, as crianças correm para o corredor de pele humana.

    A criança com olhos de rosa grita para seu irmão que havia ficado para trás para que ela subisse e se escondesse, a bruxa se aproximava mancando e apoiada em seu martelo, mesmo sem uma perna continuava rápida, os irmãos começam a jogar facas nela, mas a criatura repeliu todas as lâminas com magia, as facas feriram a irmã mais nova no ombro, o irmão mais velho a pega no colo e continua correndo, Morgoth solta um grito os ordenando a voltarem, mesmo não querendo começaram a se dirigir até ela. A bruxa já estava com a pele roxa e veias verdes, as feridas estavam aumentado de tamanho e era notável sua decomposição, as crianças estavam bem próximas quando ela agarra a segunda irmã mais velha pelo braço e a levanta, a criança gritava de pavor e seus irmãos estavam paralisados a observando e chorando, o mais velho mordia os lábios de ódio por seu plano ter falhado, ele apenas desejava que algo tirasse a atenção da bruxa para que sua ordem fosse anulada e eles pudessem fugir, Morgoth abre sua boca e coloca a cabeça da criança entre seus dentes, quando ia morder com toda a força o homem que estava sendo sacrificado a apunhala nas costas com uma das facas que encontrou no chão, o moço nem estava de pé, as feridas que estavam em seu corpo eram muito grandes e era evidente que estava sofrendo a beira da morte, com dor a bruxa berra e bate com toda a força o corpo da criança contra o homem, o som de ossos estralando foi muito grande, os quatro irmãos correram desesperadamente, porém antes de fugir o mais velho ficou para trás pegando uma das facas que estava no chão e com um golpe rápido cortou a língua de sua mãe e deu início a uma corrida desenfreada, Morgoth começa a se mover de forma bestial e desengonçada em um ritmo frenético, quase alcançando os pequenos.

   Os dois irmãos pulam para fora do alçapão e saem na sala, o jovem com olhos de flor pega a pequena menina ferida em seus braços para que seu outro irmão possa subir, nesse momento uma grande boca sai do buraco do alçapão e parte o corpo do garoto que estava tentando sair, a bruxa se arrasta para fora do subsolo, agora com aparência completamente distorcida e com a pele negra, o mais velho segurava a criança ferida e corria, mesmo não podendo enxergar seus outros sentidos o ajudavam a se locomover sem tropeçar ou cair em obstáculos, seu único plano agora era fugir até sua mãe morrer de vez apodrecida, mas o jovem se encontrava em um local difícil de se locomover, mesmo com a bruxa notavelmente a beira da morte, sabia que não teria chance alguma de sobreviver se continuasse em um local tão pequeno para desviar de um ataque, foi então que o jovem com rosas no lugar dos olhos colocou sua irmã no colo do outro irmão e empunha sua lança, a bruxa pulou em sua direção e logo foi perfurada, Morgoth agonizava enquanto seu corpo apodrecia e se tornava uma pasta escura e fétida. E então a bruxa encontrou a morte, depois de tanto tempo presos naquele lugar horrível que chamavam de casa, as quatro crianças estavam livres, apesar de perderem coisas muito importantes para conquistar essa liberdade.



" O ferimento não se cura, sinto falta de minha irmã! Andamos o dia todo e só vemos arvores e o céu, não me sinto livre nessa floresta, talvez a unica liberdade que conhecerei esteja se aproximando de mim por meio de minha ferida."
          
                                                                                                             Irmã mais nova

Salvatore a Rosa Sangrenta da Sleep FlorestWhere stories live. Discover now