II

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— Derek? — o tom desesperado ecoa.—  Hale! — grita Scott, impaciente e ansioso. Uma gota de suor escorre pelo meu pescoço, o corpo quente vibra por conta da adrenalina. Os reféns encaram aterrorizados e com lágrimas nos olhos; choramingando sobre terem família e serem pobres, quando cruzo o espaço para chegar até as escadas, posso ouvir sussurros e choros se intensificarem cada vez mais. Degrau por degrau, em passos pesados e firmes que fazem a bota de couro rangir sobre o piso de mármore lustrado tento contar até dez para acalmar meus nervos. 

— O que está acontecendo aqui, porra? — perguntei ao ver Liam deitado sobre os braços de Scott, se debatendo como uma galinha que estava prestes a ser degolada. — Que merda é essa? — insisti, enquanto olhava com certo nojo. Aquilo era agonizante demais para ser visto inesperadamente. — Esse homem não estava morto?

— Acho que estava desmaiado naquela hora pela perda de sangue — sua voz tremula e quase inaudível soa um tanto dolorosa. 

Liam era como um filho para Scott, isso faz com que as coisas fiquem ainda mais difíceis para ele; de certa forma, não queria ter de abandonar o rapaz que aprendeu tudo observando seus passos e treinando junto quase todos os dias- isso pois o seu pai pediu para que colocasse seu melhor amigo dentro da família; que diga-se de passagem é um pouco inacreditável pela idade- seis anos mais novo. Nunca questionamos esse posicionamento, pois se McCall confiava no caçula, isso já era o suficiente para tê-lo conosco. 

—  Lahey pediu para estancar o sangramento até ele voltar — completou, apesar de tentar esconder seus sentimentos com frieza na voz, no final de sua frase a entonação um pouco desesperada falhou enquanto seus dois dedos pressionavam a região do ferimento. — Droga, ele está sofrendo, Derek!

— Isaac pode dar um jeito nisso? — perguntei apenas para confirmar, num tom bem mais sereno. De imediato, contorno a pistola posicionada na lateral do meu cinto. Apontar a arma para o quase falecido me colocaria numa posição muito delicada; algo que meu pai sempre me disse é manter a situação sob controle; mas em hipótese alguma, deixar um dos seus para sofrer. Para não tomar nenhuma decisão precipitada que poderia me deixar em um impasse com os companheiros, esperei até a devida confirmação. 

— Eu vou tentar — fico surpreso ao ver o rapaz surgir com um kit portátil de costura, mais apressado que o normal. Linha e agulhas de diversos tamanhos foram jogadas ao chão. O garoto nos braços de Scott se debate contra o chão cada vez mais, Lahey tenta calmamente passar o fio de nylon - que eu mal percebi que estava entre as coisas, por dentro da pequena bunda da agulha. — Preciso que saiam, qualquer erro mataria ele. 

— Eu não posso deixar ele aqui sozinho, Isaac!  — exclamou McCall, segurando o corpo mais forte contra seus braços, elevando seu ombro e por hora; o sangramento cessa. Suas lágrimas cortam meu coração. 

— Ei! Scott! Presta atenção — disse sério, depois de conseguir passar o fio. O rapaz colocou suas mãos no rosto do moreno, segurando levemente para seus olhares se encontrarem. — Você precisa confiar em mim, ok? Me deixe fazer o que eu faço de melhor — suas mãos deslizaram para o ombro, apertando levemente. Podia jurar que era um momento romântico.

— Certo — respondeu, tentando acalmar seus nervos após encarar Lahey; levantando-se cuidadosamente ao deixar a cabeça do rapaz apoiada nas pernas de Isaac. O loiro limpou suas mãos com álcool de um jeito rápido e eficaz, assim como o outro limpou suas lágrimas

— Scott, preciso que cuide dos reféns. Os mantenha sob controle e se algum fizer escândalo, mostre de quem você é filho — ordenei, lançando um olhar intimidador para o garoto que assente e abaixa a cabeça ao meu comando. — E se for preciso, atire na perna de um deles sem exitar — completei, o vendo dar as costas e firmar seus passos no chão deixando as suas emoções de lado. 

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