Capítulo 8

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05 de junho de 2007

A mínima noção de tempo e espaço parecia irrelevante naquele momento.

Harry não sentia nada além de cócegas enquanto lábios finos, pintados por um vermelho ardente, percorriam seu pescoço.

Não havia prazer. Os arrepios não estavam lá. Parecia errado.

Ele se afastou com o mínimo de esforço, empurrando a garota gentilmente para o outro lado da parede, livrando-se da sensação de estranheza que toques de mãos desconhecidas traziam ao seu corpo.

— Ei, vamos parar por aqui, sim?

A voz estava embolada, quase que irreconhecível. Ele sentia o corpo reclamar e os olhos pesarem, implorando por descanso.

Harry não queria estar ali. Não sabia por que estava.

— Vamos parar por aqui.  — Ele repetia incansavelmente, baixinho, como um mantra. — É errado.

— Não fizemos nada, Harry. — A loira disse em tom choramingado, sorrindo arteira ao tentar se aproximar novamente. — Ainda.

— Não vamos fazer nada, Mayla. — Afirmou, sentindo-se levemente constrangido pelo cambalear de suas pernas à sua falha tentativa de dar alguns passos para frente. — Olympia.

O nome escapou de seus lábios de maneira crua, sem explicações. Não precisava. Ela já sabia o que aquilo significava.

— Olympia não tem nada a ver com isso, Styles. — Hoffman exprimiu sarcástica, rindo com escárnio. — Vocês não estão juntos.

— Mas vamos voltar. — Ele disse em um murmúrio, completamente desprovido de convicção. — Sei que sim.

O corredor estava escuro, a música estava abafada. Harry não participava de festas frequentemente e não gostava de exagerar no álcool - e o motivo era explícito.

A situação estava péssima. Pior impossível.

— Já fazem duas semanas, Harry. — Mayla o lembrou. — E ela continua agindo como se não te conhecesse.

Ele balançou os ombros, procurando o celular pelos bolsos desesperadamente, esperando que suas vistas embaralhadas fossem legais o suficiente ajudá-lo a encontrar o número de Niall entre os inúmeros contatos.

— Eu fui um completo idiota. Ela tem motivos para estar chateada.

A loira bufou, revirando os olhos antes de se virar para deixar o corredor, encarando Styles uma última vez por cima dos ombros.

— Ficarei contente em poder dizer a ela o quão bom é o seu beijo.

Ela estava com raiva. Ele sabia. Ela estava com raiva, furiosa, mas o sorriso convencido ainda estava lá, fixo, estampado brilhantemente nos lábios avermelhados.

Harry nunca havia se sentido tão ferrado em toda a sua vida.

[...]

— Você não vai. — Mayla disse de maneira quase cantarolada, não se preocupando em desviar o olhar das roupas que organizava no closet para encarar o namorado.

—  O quê? — Harry perguntou desacreditado, rindo - literalmente - de nervoso. — Como assim "você não vai"? — Gesticulou, fazendo aspas no ar. — Você não pode simplesmente decidir isso por mim, May.

A mulher grunhiu impacientemente, estalando a língua no céu da boca antes de encará-lo com olhos estreitos, ainda ajoelhada sobre o tapete de polipropileno avermelhado.

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