Capítulo 6

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07 de agosto de 2017

Após tantos anos compartilhando a mesma cama, ela não precisava abrir os olhos para saber que ele não estava ali.

Não havia uma respiração quente e pesada contra o seu pescoço, muito menos um aperto firme em torno de sua cintura. Ela resmungava frequentemente pelo toque dos pés gelados de Harry durante a madrugada, mas após longas noites sem senti-los, sua pele começava a sentir falta.

Os lençóis brancos costumavam parecer suaves como nuvens, mas agora se assemelhavam a um banho de chuva em pleno inverno londrino.

O quarto estava frio e escuro, mas o visor de seu celular informava que o dia seria longo e ensolarado, com o céu em seu tom mais bonito de azul, sem nuvens. Ele também informava que não haviam mensagens ou ligações não atendidas. Não dele.

Não havia nada além de uma curta mensagem de voz de Gemma, dizendo que sentia saudades e comunicando que estava aproveitando o domingo com Summer em Camden Town.

Apesar de não estar em um de seus melhores dias, foi inevitável não sorrir enquanto o áudio era reproduzido. Haviam inúmeros ruídos ao fundo, mas a voz de Sun seria clara para ela onde quer que a filha estivesse, e aquilo era suficiente para trazer um sorriso ao seu rosto.

Há alguns meses, a morena não pensaria duas vezes antes de se juntar ao passeio. Ela gostava de experimentar comidas e roupas exóticas e andar pelo mercado de Camden até sentir os pés doloridos; apreciava a atmosfera alternativa do local e se divertia ao lado de Harry enquanto mostravam a Sun lugares além dos padrões britânicos.

Assim como Summer, Oly havia adotado o primeiro dia da semana como o seu favorito, mas o lado esquerdo da cama estava vazio, trazendo incerteza para os próximos.

Olympia precisou pigarrear algumas vezes antes de começar a gravar uma resposta para Gemma. Ela ainda sentia a garganta arder e a voz falhar, algo decorrente dos soluços e gritos estridentes da noite passada, mas fazia um bom trabalho em disfarçar sua condição desagradável.

O silêncio no andar de baixo era ensurdecedor, e parecia mais sufocante a cada lance de escada. Os porta-retratos ainda estavam espalhados pela sala, o tapete branco ainda continha a mesma mancha de vinho, e as paredes dos corredores ainda estavam pintadas pelo mesmo branco polido que Harry escolhera há alguns anos. Cada coisinha estava em seu devido lugar, mas a sensação de desfamiliaridade parecia querer obrigá-la a correr para longe dali.

Sentada sobre a bancada, Oly mantinha os pensamentos distantes e seus dedos tamboriavam uma xícara de chá fumegamente reiteradamente, como se aquilo pudesse, de fato, acalmá-la.

Era como se apenas alguns minutos houvessem se passado desde que ela estivera ali, remoendo os acontecimentos da noite anterior enquanto bebericava a bebida de hortelã ocasionalmente, entretanto, foram necessárias duas longas horas até que Harry estivesse ali, escorado no batente da porta.

Eles se encararam fixadamente por alguns segundos, perdidos, como se temessem uma aproximação. Harry foi aquele quem deu o primeiro passo; inseguro e relutante, tímido, mas quando Oly esticou os braços para recebê-lo, não houve hesitação.

— Eu sinto muito. — Ele murmurou abafadamente, sentindo o coração se contrair à sensação de lágrimas quentes encharcando sua camisa.

Oly não respondeu. Apenas apoiou a cabeça sobre os ombros do marido, suspirando pesadamente antes de fechar os olhos por alguns instantes, desejando secretamente que o tempo congelasse. Ela gostaria de ficar ali por mais alguns minutos, talvez horas, apenas para se aconchegar e apreciar aquele toque quente sem hora marcada para acabar.

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