A LISTA DE SCHINDLER - BASEADO EM FATOS REAIS

PRÓLOGO

Em pleno outono na Polônia, um rapaz alto, trajando um elegante sobretudo por cima de um casaco de cerimônia, em cuja lapela trazia uma vistosa Hakenkreuz (Suástica) de ouro e esmalte preto, surgiu de um luxuoso edifício de apartamentos na Rua Straszewskiego, nos arredores do antigo centro de Cracóvia. Seu motorista o aguardava, com a respiração comprimida pelo frio, junto à porta aberta de uma imensa limusine Adler, que reluzia apesar da escuridão da rua.

- Cuidado com a calçada, Herr Schindler - advertiu o motorista. - Está mais gélida do que o coração de uma viúva.

Ao observar essa pequena cena de inverno, estamos em terreno seguro. O rapaz alto vestiria até o fim de seus dias jaquetões, seria sempre agraciado - sendo praticamente um engenheiro - com veículos reluzentes e - embora alemão e, neste ponto da história, cidadão de certa influência - seria, enquanto vivesse, o tipo de homem a quem um motorista polonês poderia dirigir uma discreta piada em tom de camaradagem.
Mas não será possível conhecer toda a história com a simples descrição desses pormenores característicos. Pois trata-se da história do triunfo pragmáticodo bem sobre o mal, um triunfo em termos rigorosamente mensuráveis estatísticos e nada sutis. Quando se considera o outro lado da fera - quando se relata o previsível sucesso que o mal geralmente alcança - é fácil ser perspicaz e deturpar a história, a fim de evitar um anticlímax. É fácil mostrar a inevitabilidade com que o mal toma posse do que se poderia chamar de propriedade da história, ainda que o bem possa terminar com uns poucos e imponderáveis triunfos, como dignidade e autoconhecimento. A fatal maldade humana é a matéria-prima dos narradores, o pecado original, o fluidk materno dos historiadores. Mas é um empreendimento arriscado escrever sobre a virtude.
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TO BE CONTINUED...
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PÁGINAS: 11 E 12 (METADE)