quarto capítulo

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"𝐋𝐞𝐭 𝐦𝐞 𝐩𝐡𝐨𝐭𝐨𝐠𝐫𝐚𝐩𝐡 𝐲𝐨𝐮 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐢𝐬 𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭
𝐈𝐧 𝐜𝐚𝐬𝐞 𝐢𝐭 𝐢𝐬 𝐭𝐡𝐞 𝐥𝐚𝐬𝐭 𝐭𝐢𝐦𝐞
𝐓𝐡𝐚𝐭 𝐰𝐞 𝐦𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐛𝐞 𝐞𝐱𝐚𝐜𝐭𝐥𝐲 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐰𝐞 𝐰𝐞𝐫𝐞"
𝐖𝐡𝐞𝐧 𝐖𝐞 𝐖𝐡𝐞𝐫𝐞 𝐘𝐨𝐮𝐧𝐠, 𝐀𝐝𝐞𝐥𝐞

Arya's p.o.v.


Eu tinha a total consciência de que o que eu estava fazendo era loucura.
Pelo menos era o que eu achava antes dele apertar a minha cintura e colocar a mão livre atrás do meu pescoço, me puxando para mais perto.

O beijo perdeu a urgência inicial e foi se tornando cada vez mais lento, como se quiséssemos gravar esse momento para sempre, pois eu sabia que assim que nós separássemos tudo iria mudar.

Infelizmente, a falta de ar se fez presente e Gendry se afastou o suficiente para fixar o olhar no meu.
– Sua mãe... – Ele sussurrou com a voz rouca, sem tirar os brilhantes olhos azuis dos meus.

– Vai me matar. – Completei sem conseguir desviar os olhos.
– Nós deveríamos ir. – Tirou lentamente a mão da minha cintura e fez um pequeno carinho no meu rosto.

– Nós deveríamos ir. – Concordei me levantando, me livrando da pequena transe que havia entrado no momento que colei meus lábios nos dele.


(...)


As semanas passaram mais rápido que o desejado.

Eu e Gendry não havíamos conversado sobre o que tinha acontecido na casa da árvore, nós preferimos aproveitar o tempo que ainda teríamos juntos como amigos, para a despedida não ser mais complicada do que já seria.

O sinal que indicava o final da última aula havia acabado de tocar, os alunos correram para entregar a última prova para a professora Ellaria, e os gritos animados pelos corredores eram inevitáveis.

Em qualquer outro ano, eu seria a primeira a sair correndo da sala, mas nesse momento eu estava congelada na cadeira.

O pensamento de que assim que cruzasse aquela porta teria que deixar tudo para trás, rondava a minha cabeça desde que acordei esta manhã, e eu não estava preparada para isso.

Não é como se eu não quisesse ir, muito pelo contrário, eu estava bastante empolgada por ter conseguido uma vaga para treinar com o grande Jaqen H'ghar.
A única coisa que me entristecia era ter que deixar tudo para trás.

Eu e Sansa não brigávamos como antes mas não éramos melhores amigas, e daqui para frente ela seria a única família que eu teria.

Sem o papai.

Sem Jon.

Sem Gendry.

Isso me apavorava.

Fui arrancada dos meus pensamentos pelo barulho do salto da professora que vinha em minha direção, a mesma tirou a prova das minhas mãos, alegando que o tempo da avaliação já havia acabado e me desejou boas férias.

No momento que finalmente criei coragem para deixar a sala, me surpreendi com o garoto que me esperava encostado em um dos armários do corredor.

– Você demorou, Ellaria pegou muito pesado na prova? – Gendry colocou a mochila que antes estava no chão em um dos ombros e começou a andar ao meu lado.

– Não foi isso, é só que... – Eu não conseguia mentir para ele, nós dois sabíamos isso, o que o fez me interromper.

– Você estava pensando nas despedidas, certo? – O garoto passou um dos braços pelos meus ombros e bagunçou meu cabelo com a outra mão – Não se preocupe pequena, se Jon tentar agarrar a sua perna para você ficar eu seguro ele.

Seu comentário me fez rir e eu o agradeci mentalmente por tentar me fazer parar de pensar sobre o assunto.

Nós caminhamos ao longo do corredor até a saída mais próxima, e eu não pude evitar de sorrir ao notar que o braço de Gendry continuou a me envolver até chegarmos no seu carro.

– Eu achei que Robb já estaria aqui essa hora. – Pensei alto tentando achar o carro do meu irmão.

– Ele teve que ir comprar mais uma mala para sua irmã, passou aqui no fim da terceira aula para buscá-la. – Respondeu entrando do carro – Sansa pediu para que eu a levasse, suas malas já estão lá.

– Eu não acredito que o papai deixou ela perder uma prova por isso. – Falei me sentando no banco do passageiro.

– Na verdade nós tínhamos o ultimo horário livre, era para ser a última prática de química do ano, mas Qyburn ficou doente e não deu as caras hoje. – Gendry já havia dado partida no carro e continuava a falar – A maioria dos alunos acham que ele morreu, até porque ele nunca faltou uma aula, já eu acho que ele tava era de saco cheio de olhar para nossa cara. Eu estaria se fosse ele.

– Eu acredito na sua teoria, segundo a Margaery, na época da avó dela ele já era professor substituto aqui. – Minha fala fez o garoto soltar uma gargalhada, e eu não pude evitar de acompanhá-lo, porém meu sorriso foi diminuindo na medida que eu percebi uma coisa – Peraí, então você ficou esse tempo inteiro me esperando? Desde o fim do terceiro horário?

– Eu não tinha muito o que fazer em casa, não custava nada. – Gendry tentava disfarçar a vermelhidão no seu rosto olhando fixamente para a vaga livre no estacionamento do aeroporto – Chegamos.

– Chegamos. – Repeti sua fala fechando os olhos e dando um pequeno suspiro.

Quando Gendry notou que que ainda não tinha me mexido, se virou para mim e pegou minhas mãos, me fazendo abrir os olhos para encarar as eletrizantes órbitas azuis que me observavam com um pouco de tristeza.

– Vai ficar tudo bem, baixinha, é tudo o que você sempre quis, lembra? – Perguntou entrelaçando os nossos dedos sem tirar os olhos dos meus – Você vai para Essos e se tornar a melhor aluna de esgrima que o mundo conhecido já viu.

– Obrigada. – Disse antes de abraçá-lo, colocando minha cabeça no seu peito enquanto ele passava os braços ao meu redor, beijando o topo da minha cabeça – Eu vou sentir sua falta.

– Eu também, pequena. – Na medida que Gendry falava eu pude sentir que seu coração batia cada vez mais rápido, da mesma maneira que o meu – Mas agora nós temos que ir, se não você vai perder o voo e Sansa vai me xingar para sempre.


(...)


– Mãe, já chega. – Falei quando ela me soltou do terceiro abraço seguido – Eu vou ficar bem, estou indo com Sansa, lembra?

– Essa é a minha maior preocupação. – Cochichou para mim - Seu pai disse que ela pode usar a oportunidade para amadurecer mais, mas você sabe como sua irmã pode ser ingênua a respeito do mundo.

– Vai ficar tudo bem, não precisa se preocupar. – A garanti dando um beijo em sua bochecha – Nós vamos estar lá uma para outra.

– Minhas garotas cresceram tanto, Ned. – A ruiva se distanciou e voltou para os braços do marido – O que vai ser de mim agora sem a briga dessas duas para apaziguar?

– Olá, vocês têm outros filhos, esqueceu? – Bran questionou encarando nossa mãe – E eu garanto que as brigas não vão acabar na casa dos Stark só porque as duas foram embora, vocês ainda têm dois garotos em tempo integral, seis se contarmos com o Gendry nas férias.

– Eu nunca esqueceria de vocês! – Mamãe, mais emocionada que o normal, abraçou Bran e Rickon, fazendo o mais novo franzir o nariz em descontentamento.

– Arya? Está quase na hora do nosso voo. – Sansa me chamou mas correu para abraçar nossa mãe novamente, enquanto eu aproveitava e abraçava Gendry.

O garoto me olhava triste, porém mantinha um sorriso no rosto, sussurrou um "boa viagem" no meu ouvido e pediu para avisar assim que chegasse.

Eu já havia me despedido de todos os garotos, menos do Jon.

No momento que parei em sua frente, notei que o homem se esforçava para não chorar, e eu entrelacei meus braços no seu pescoço com um pulo, enquanto ele retribuía o abraço me tirando do chão.

– Qualquer coisa, me ligue e antes de você desligar eu já estarei lá, tudo bem? – Jon segurava meu rosto com as duas mãos, fixando seus olhos cinzas nos meus – Por favor, eu sei que a Sansa não é a sua pessoa favorita, mas tentem se entender, nem eu e nem Gendry vamos estar lá para decifrar essa sua cabeça, dê uma chance para ela te conhecer, para vocês se conhecerem.

– Tudo bem, eu vou tentar. – Prometi colocando minhas mãos encima das suas – Mas se ela começar a encher a minha paciência...

A risada de Jon acalmou um pouco o meu coração, que estava acelerado pelo nervosismo de ir para o outro lado do oceano com apenas um membro da família.

Depois que papai voltasse seria só eu e ela, por lá sabem os Sete Deuses quanto tempo.

O som da chamada do voo me fez correr atrás de Sansa, que já tinha começado a se dirigir para o portão, com papai em seu encalço levando as milhares de malas da ruiva.

E sem olhar para trás, atravessei a barreira que me separava de todos que eu amava.

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