sexto capítulo

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𝐓𝐡𝐢𝐬 𝐥𝐨𝐯𝐞 𝐢𝐬 𝐚𝐥𝐢𝐯𝐞 𝐛𝐚𝐜𝐤 𝐟𝐫𝐨𝐦 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐞𝐚𝐝
𝐓𝐡𝐞𝐬𝐞 𝐡𝐚𝐧𝐝𝐬 𝐡𝐚𝐝 𝐭𝐨 𝐥𝐞𝐭 𝐢𝐭 𝐠𝐨 𝐟𝐫𝐞𝐞
𝐀𝐧𝐝 𝐭𝐡𝐢𝐬 𝐥𝐨𝐯𝐞 𝐜𝐚𝐦𝐞 𝐛𝐚𝐜𝐤 𝐭𝐨 𝐦𝐞
- 𝐓𝐚𝐲𝐥𝐨𝐫 𝐒𝐰𝐢𝐟𝐭, 𝐓𝐡𝐢𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞

Arya's p.o.v.


Apesar da animação de todos com a ideia, Gendry que se limitou a dar um sorriso cansado.

– Não vai dar para mim, pessoal. – O homem deu de ombros olhando para Robb – Eu tenho estágio amanhã, só faltam três dias para terminar, não posso chegar tarde logo agora.

– Nada disso, são oito da noite, é só não assistir todos os filmes. – Foi a vez de Jon falar – Você já não ia fazer isso mesmo, sempre foi o primeiro a dormir, parece um avô.

Todos riram com o último comentário de Jon, menos Gendry que revirou os olhos e suspirou se rendendo.

– Está bem, mas só se o meu filme for primeiro. – Ele falou seguindo os garotos de volta para sala.

A noite de filme dos Stark geralmente ocorria nas férias de inverno.

Apesar de na Campina as temperaturas não serem iguais as do Norte, durante o inverno chovia quase todos os dias, então meu pai deu a ideia de fazermos uma maratona de filmes. No início todos brigavam pelos filmes que iriamos assistir, então para ser justo, cada um escolhia um e sorteávamos a ordem.

Os garotos eram responsáveis por arrumar a sala, pegando os colchonetes de acampamento e praticamente todas as almofadas que tinha na casa, já que não cabíamos todos no sofá, que só cabia duas pessoas, e Robb e Jon sempre corriam para lá primeiro, então quem sobrava se amontoava nos colchonetes, dormindo quase uns por cima dos outros.

Enquanto eles organizavam onde íamos dormir, eu esvaziava a despensa, pegando a maior quantidade de besteiras que eu conseguisse carregar enquanto Sansa fazia a pipoca.

– Nós acabamos de jantar, isso deve ser o suficiente, certo? – me virei para a ruiva, carregando algumas barras de chocolates e todos os petiscos salgados que eu encontrei.

Sansa riu negando com a cabeça, falando que Theon sozinho comeria isso em menos de dois filmes.

Revirei os olhos e me virei novamente, pegando praticamente tudo que era comestível e já estava pronto no armário.

– Como a mamãe deixava a gente comer tudo isso em uma noite? – Perguntei encarando meus braços repletos de comida, rindo ao lembrar quando brigávamos pelo último pedaço de chocolate.

– Nós fazíamos isso no máximo três vezes durante as férias. – Sansa riu, dando de ombros ao continuar – Eu acho que era melhor do que cuidar da gente doente depois. Lembra quando vocês insistiram em ir no Lago Vermelho, mesmo com um temporal lá fora?

- Desde aquele dia eu nunca mais pensei em pisar naquele lugar chovendo. – A lembrança de todas as sopas de brócolis que Catelyn Stark me fez tomar quando fiquei doente ainda me assombrava – Ela ficou tão brava, eu achei que assim que nós melhorássemos ela mesma iria nos matar.

– Nem Gendry escapou, coitado. – A garota equilibrou os três potes de pipoca nas mãos e caminhamos para a sala – Ele só foi por sua causa, você sabe, né?

– Nada disso, quem o chamou foi Robb. – Respondi enquanto andávamos lentamente pelo corredor, com medo de derrubar tudo no meio do caminho.

– Ele me contou depois que sabia que vocês levariam uma bronca. – Sansa falou a última parte baixo, para que os garotos que estavam jogados pela sala não escutassem – Ele sabia que mamãe reclamaria até não poder mais, e achava que se falasse que você tinha ido por causa dele, ela pegaria leve com você.

– Eu não sabia disso. – Admiti encarando o chão – Por que você nunca me contou?

– Eu achei que você soubesse. Ele sempre fez tudo por você, irmã. – Sansa falou só para mim, antes de levantar a voz para os meninos – Alguém pode me ajudar? Se eu derrubar tudo isso vocês vão comer do chão!

Theon correu para pegar dois dos potes, colocando um entre Jon e Robb e ficando com o outro. Gendry veio em minha direção e pegou boa parte daquilo que eu carregava, me fazendo sorrir em agradecimento.

Quando percebeu que eu encarava a roupa que ele usava, se apressou em me repreender.

– Não ria, era a única roupa de dormir limpa que Theon tinha. – O garoto usava uma camisa branca de mangas azuis, mas o que realmente chamava atenção era a calça com estampa de peixinhos no mesmo tom da blusa – Eu não sei qual é a obsessão dele com o mar. Pare de rir!

– Desculpa, mas não tem como te levar a sério desse jeito. – Esvaziei meus braços, jogando tudo encima da pequena mesa de centro que havia sido afastada para colocarem os colchonetes, e Sansa me puxou pelas escadas para trocar de roupa.

– Você ainda teve sorte, o samba canção da pequena sereia que Jon me deu de aniversário está lavando. – Pude escutar o Greyjoy rindo enquanto eu subia até o meu quarto.

– Você usa aquilo? – Foi a vez de Jon rir.

– É claro, foi presente. – Theon deu de ombros.

Sansa e eu descemos alguns minutos depois, a garota usava algum conjunto da Disney enquanto eu me limitava a uma camisa larga preta com um short da mesma cor por baixo.

– Já escolheram os filmes de vocês? – Perguntei me jogando em um dos colchonetes perto de Gendry – Eu juro que tentei tirar Diário de uma Paixão da cabeça da Sansa, mas essa garota é insuportável.

– Olha aqui, você já escolheu Kill Bill umas três vezes. – A ruiva tentou se defender, sendo interrompida por Robb.

– Mas Kill Bill é um clássico. – O garoto falou com a boca cheia de pipoca – Eu quero Velozes e Furiosos.

– Pelos Deuses, porque vocês não escolhem algo que ainda não assistimos? – Jon questionou impaciente – Se vocês continuarem com isso eu vou subir para estudar.

– Nada disso, todo mundo escolhe um filme novo. – Me apressei em dizer – Theon, nada de H2O: meninas sereias.

– Assim você machuca os meus sentimentos. – O Greyjoy respondeu com a mão no peito – Mas não, eu quero Procurando Nemo.

Apesar da sala ter explodido em  gargalhadas, nós sabíamos que ele não estava brincando.

– Eu escolho As Patricinhas de Bervely Hills – Sansa sentou no chão ao lado de Theon, e Jon cobriu o rosto reclamando.

– Tá bem, eu quero Capitão América. – Jon falou me fazendo revirar os olhos, era tão previsível.

Depois de algum tempo, todos já tinham dado suas sugestões.
O filme de terror que Robb tinha escolhido foi o primeiro que assistimos.

Sansa se encolhia ao lado de Theon, escondendo o rosto no pescoço do garoto toda vez que levava um susto, enquanto ele murmurava entre risos "Sans, é só um filme".

Já eu e Gendry ríamos dos efeitos especiais toscos e da burrice dos personagens principais, apostando quem morreria primeiro.

Procurando Nemo foi o último que assistimos, Jon e Robb já dormiam desde o quarto filme, e Sansa cochilava com a cabeça no colo de Theon, enquanto o garoto chorava com o reencontro de Nemo e Merlin.

Para minha surpresa, Gendry permanecia acordado, mas nenhum de nós dois prestávamos atenção no televisão.

Eu sentia saudade de conversar com ele, e pelo visto ele sentia falta de me ouvir tagarelar por horas, já que eu era a única que falava desde que o filme havia começado.

Eu contava sobre tudo que tinha acontecido em Braavos, sobre o colégio que eu terminei o ensino médio e sobre as competições que eu perdi por ser "muito selvagem para aquele tipo de esporte".

Gendry sorriu concordando com a cabeça quando eu falei a última parte, o que me fez revirar os olhos.

– Você deveria estar dormindo. – Falei desligando a televisão quando o filme acabou – Seu estágio, lembra?

– Eu nem vi o tempo passar. – Ele admitiu deitando de lado, e eu fiz a mesma coisa o encarando de volta.

– Eu não lembrava desse lugar ser tão apertado. – Falei quando Sansa involuntariamente me empurrou, com meu rosto quase encostando no dele.

– Faz muito tempo que todo mundo dorme junto assim. – Gendry me olhava do mesmo jeito de quando eu o beijei na casa da árvore.

– Boa noite, Gendry. – Me apressei em fechar os olhos, antes que fizesse a mesma besteira da última vez.

– Boa noite, baixinha. – Foi a última coisa que escutei antes de adormecer.



Gendry's p.o.v.



Depois de algumas horas que Arya havia pegado no sono, o sol já começava a aparecer e eu havia desistido de tentar dormir. Eu só conseguia pensar no rumo que o dia tinha tomado.

Minha surpresa ao encontrar com Sansa na estrada triplicou quando a pequena morena que olhos cinzas levantou de repente de trás do carro.

Era evidente que elas retornariam por causa do incidente com Ned, mas eu mal podia acreditar que ela havia voltado e nem ao menos ter me avisado.

"Vocês não conversam mais, o que você esperava? Que ela ligasse para avisar que estava voltando para casa e que era para você buscá-la no aeroporto?"

Claro que não.

Os anos se passaram e o distanciamento foi inevitável.
Nossos horários malmente batiam, e quando isso ocorria, eu estava fazendo algum trabalho da faculdade ou ela estava estudando para alguma prova importante.

Apesar de todo esse tempo, assim que eu coloquei os olhos nela, parecia que eu era um adolescente novamente.
O mesmo arrepio percorria meu corpo toda vez que ela sorria, e apesar de tentar disfarçar grande parte dos meus sentimentos, acredito que a leve vermelhidão nas minhas bochechas não passou despercebida.

Arya me encarava pelo que pareceu horas, e pela primeira vez eu não pude decifrar o que ela estava pensando.

No seu rosto havia um misto de susto e saudade, como se ela quisesse correr para me abraçar mas achasse que isso não seria, por algum motivo, a melhor coisa a se fazer.

Pela primeira vez eu estava animado para voltar à casa dos Stark.
Nos anos que ela passou fora, eu continuei a frequentar a casa da família, ficando mais amigo dos garotos, principalmente de Robb já que fazíamos faculdade no mesmo campus, porém o lugar não tinha a mesma graça.

Não era a mesma coisa sem Arya ali, sem sua gargalhada toda vez que Bran imitava o jeito de falar de Jon, ou sua mãe reclamando porque ela esqueceu de colocar a roupa para lavar.

Entre os garotos, o único que realmente sabia o que eu sentia pela Stark mais nova era Jon, porém antes do jantar, quando a garota finalmente me abraçou, pude notar os olhares de Theon, que tentava não rir enquanto falava sem emitir nenhum som: "você está ferrado!".

Como se eu não soubesse que Robb me mataria assim que descobrisse o que aconteceu na casa da árvore.

Meu receio era que Robb tentasse de algum jeito me afastar da irmã, assim como fazia com os outros garotos quando Sansa era mais nova.

A ruiva nunca se importou, afirmando que quanto menor as distrações, mais rápido ela entraria na faculdade, mas nem eu escapava de ouvir os suspiros dela quando algum garoto passava.

Porém Arya era o completo oposto.

No momento que o irmão tentasse controlá-la de alguma forma, ela iria se sentir sufocada, e protestar assim que conseguisse.

Eu a conhecia o suficiente para saber que a garota não gostava de ficar presa, e com Robb controlando quem sentava do seu lado durante o jantar, me surpreendi que ela não tenha explodido e começado a brigar com ele bem ali.

O olhar de agradecimento de Catelyn Stark foi e evidente quando a garota se ofereceu para arrumar a cozinha quando a mãe foi servir a sobremesa, mas eu sabia que ela estava fazendo aquilo para fugir do irmão, dada as circunstâncias do retorno das irmãs Stark, Arya não queria arrumar confusão na primeira noite em casa.

Resolvi ficar para ajudá-la, já que foi a única oportunidade que tive de conversar com ela sem os olhares de Robb tensionado meus músculos.

Arya pouco havia mudado desde a última vez que a vi, a garota ainda suspirava pesadamente sempre que admitia algo pela primeira vez, como fez ao dizer que ainda não sabia o que queria fazer daqui para frente.

Me assustei quando a garota que dormia na minha frente se mexeu, e em um sussurro falou.

– Pare de me encarar. – Arya abriu os olhos devagar, piscando para se acostumar com a claridade – O seu estágio é tão cedo assim? Por que você está acordado a uma hora dessas?

– Eu não consegui dormir. – Admiti observando os límpidos olhos cinzas que me encaravam. – Você tem razão, esse lugar era muito mais confortável quando éramos crianças.

O espaço que compartilhávamos era tão mínimo que nossos rostos estavam a milímetros de distância, qualquer pequeno movimento resultaria em um beijo, e antes que eu pudesse pensar direito, minha mão já tirava uma mecha de cabelo do rosto da garota.

Arya fechou os olhos e deu um pequeno suspiro enquanto eu acariciava sua bochecha, mas antes que eu pudesse me aproximar mais um pouco, a voz de Robb se fez presente, fazendo Arya abrir os olhos e tirar minha mão do seu rosto.

Por sorte, Robb não havia notado o quão próximo nós estávamos, mas para evitar algum tipo de confusão, me levantei respondendo o “bom dia” que havia me despertado dos meus devaneios e a Stark do meu lado passou a fingir que dormia.

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2020 ⏰

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