Capítulo III

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Há pessoas na minha vida que são como anjos, são minha salvação: me dão esperança. Entre elas Josephine, a garota que eu gostava. Fazíamos tudo juntos quando bem pequenos, nossos pais eram vizinhos e isso antes dos meus pesadelos começarem; podia até dizer que era perfeito. Ah, mas Josephine sim, ela era sem dúvidas perfeita. Perfeita para mim.

Quando perdi meus pais, ela me confortou sem esforço algum, sua presença já me deixara com o coração querendo pular pela garganta, o que era uma sensação boa, costumava ser boa. É, costumava, antes dos pesadelos me atacarem.

Eu pensava em Josephine todas as noites antes de dormir, me fazia ter menos medo.

*

Dessa vez, não tive um sonho ruim. Sonhei com Josephine e seus cabelos louros, a mesma cena se repetia: ela sorria para mim, como se eu a estivesse filmando e seus cabelos balançavam, estava em câmera lenta.

Não entendi este sonho, talvez etivesse pensando tanto nela que ignorei todas as outras coisas ruins que me incomodam. Por isso, acordei com uma sensação boa, e queria mais do que tudo ouvir a voz de Josephine. Éramos da mesma sala, então estava ansioso para chegar à escola. Não nos falamos há dias, mas sei que ela entende o porquê.

Quando chego, lá está ela no portão, com suas amigas.

- Josep...

- Victor! - Ela me interrompe e pede para suas amigas a esperarem, me puxa para o lado e me olha com seu sorriso.

- Victor, quanto tempo! Me desculpe não ter falado com você esses dias, achei que precisasse de um tempo, resolvi deixa-lo sozinho. Não sei se fiz bem, mas obrigada por ter vindo falar comigo, estava pensando em falar com você na aula. Como você está?

- Estou bem Jose, e você? Senti sua falta.

- Ahhhh, estou melhor sabendo que está bem. - Ela sorri. - Vamos entrar, o sinal vai tocar.

Assenti.

Josephine me fazia suspirar de tanta paixão.

Entramos e a primeira aula era de Diana - minha professora preferida - a que havia sido compreensível comigo. Fui tirar dúvidas com ela sobre o trabalho que tinha de fazer e ela me explicou tudo. Podia fazer naquela hora ali, ao invés de entregar só semana que vem.

Eu estava bem, há muito tempo não me sentia assim. As coisas estavam indo bem demais, mesmo que só por dois dias.

No intervalo, fiquei com meus amigos e Josephine, de volta a nova rotina.

- Victor, como está sendo morar com Lucy? - Amanda pergunta.

- Estava sendo estranho, mas agora está indo bem, ela até disse que me ama. Está sendo boa para mim.

- Ela toma café da manhã com você? - Agora Hernandes.

- Simmmm, pessoal, sem problemas. Vamos conversar sobre vocês.

A gente conversa sobre tudo, e a hora passa correndo. Na saída Josephine vem até o carro de Lucy, que chegara para me buscar:

- Ei, Victor! Você irá fazer o trabalho hoje? Eu também não fiz. Disse a professora que estava doente e como faltei ontem, ela deixou que eu entregasse amanhã, podemos fazer juntos?

Digo que vou, e que ela poderá fazer comigo. Em um tom animado, claro.

Nós terminamos em menos de meia hora, então ficamos a tarde inteira conversando e vendo um filme, até as 19hrs, quando ela se despede e vai embora.

Lucy me chama para o jantar: é sopa. Eu adoro sopa.

- Tia, acertou em cheio!

- Eu lembrei que gostava de sopa de legumes. Venha, coma, antes que esfrie.

Me sento e Lucy ao meu lado.

– Como foi a aula Victor?

– Foi boa, Tia Lucy.

– E a sopa como está?

– Uma maravilha!

– Que bom que gostou, querido.

A gente termina, vou para o meu quarto e leio até a hora de dormir.

– Durma bem Victor. Até amanhã. - Diz Lucy.

– Até amanhã Tia.

Despreocupado ou só um pouco, talvez, fecho os meus olhos e deixo que o sono caminhe para mim. E acontece, novamente.

Fique acordado VictorOnde histórias criam vida. Descubra agora