Podia jurar que sonharia com a imagem de Josephine, eu não parava de pensar em seus olhos e seus cabelos que exalava cheiro de lavanda. Por isso estava um tanto despreocupado, mas isso viraria uma poça de urina no dia seguinte.
Acordo no meio da noite com a garganta seca. Vou até a cozinha em uma escuridão que se não fosse pela parede do corredor, me guiaria com a cara no chão.
Eu bebo a água gelada do filtro e volto à minha cama, me deito e algo me impede de pregar os olhos. O relógio marcava 3:42 em cima do criado-mudo. E como também marcava os segundos, os fitei até meus olhos fecharem.
O que eu mais temia, aconteceu.
Eu estava sonhando com minha mãe. Ela corria de mim, como se estivesse assustada, eu olhava para trás supondo que alguém ou alguma coisa a estaria deixando naquele estado, mas não havia nada, era só eu e ela em um lugar totalmente fantasma, coberto apenas pela neblina e o ar frio que batia em nossas pernas.
Eu a chamava, "Mamãe, volte aqui, me espere!" e ela ignorava. Chorava e corria sem parar. As sensações me deixavam aterrorizado apenas com as vozes em minha cabeça sussurrando coisas impossíveis de entender, como se estivessem falando em uma língua da qual nunca ouvira.
Eu acordo mais uma vez com os lençóis molhados. Dessa vez, 10:00. Eu havia perdido a aula. Vou até a cozinha e escuto a porta abrir.
- Bom dia Victor, você está bem? Eu estava no mercado, cheguei agora. - Lucy diz me pedindo ajuda com sacolas nas mãos.
- Por que não me acordou?
- Você parecia cansado, e, não pude deixar de notar que aconteceu de novo... Vou colocar lençóis novos.
- Deveria ter me acordado.
- Desculpe. Vamos na sala, precisamos conversar.
Sentamos no sofá cor de vinho e Lucy pegou em minha mão.
- É impossível não ver que você ainda não superou. - Ela falava das minhas perdas. - Acho que deveria ir à um psicologo.
- De jeito nenhum.
- Você vai. Sua primeira consulta é daqui meia-hora.
Solto a mão dela e vou até o banheiro.
- Victor, vamos.
Nós entramos no carro e permaneci como estava ao saber que havia tomado uma decisão dessas sem minha opinião; quieto e com a cara fechada. Foi assim o trajeto inteiro, até ouvir o que ela estava prestes a dizer.
- Primeiro iremos passar em sua avó.
Já não a via há tanto tempo que nem tive reação, apenas fiquei nervoso e esperei que o carro parasse, até que parou.
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Fique acordado Victor
Tajemnica / ThrillerApós uma perda recente, Victor vem tendo pesadelos horripilantes dos quais mais tarde o farão se lembrar. ☕ Livro protegido pela lei n° 9.610