Bad Romance ~ Eminem

1 - Little Fall

Amber Lancovitch

Sabe aqueles dias que você acorda disposto e quer fazer tudo? Então, eu não tô assim hoje. Parecia que simplesmente não era o meu dia. Pra começar a desgraça, acordei atrasada e tive que tomar banho nas pressas e acabei derrubando café na minha blusa preferida do Guns N' Roses. E peguei um engarrafamento demoníaco e demorei 20 minutos.

Tomara que meu chefe não me mate, pelo que eu bem sei, ele odeia atrasos. Mesmo nunca tendo um contato que não seja profissional com o senhor Mathers, eu sei muito bem do temperamento dele. Na moral, só aceitei esse emprego porque eu amo dirigir e convenhamos que o salário é  muito bom. Além disso, eu e Paul, empresário do chefe, somos amigos desde a infância, o que me deu uma certa ajudinha pra conseguir entrar na moita.

É óbvio que o chefe não sabe disso, provavelmente se ele soubesse, acharia que Paul só me colocou por causa desse pequeno detalhe. Mas eu conheço pessoas que dariam a própria mãe pra estar no meu lugar. Trabalhando pro bipolar do meu chefe, ganhando um salário maravilhoso e fazendo o que mais ama. Mesmo tendo apenas os meus 26 anos, eu me considero experiente na motorização.

Eu me formei em direto por livre e espontânea pressão do meu pai, que insistia em dizer que "pessoas formadas em direito são mais respeitadas pela sociedade" mas convenhamos mais uma vez que hoje em dia você vale o que tem. É um jogo.

E como diz meu amado Axl Rose; nesse jogo que chamamos de vida, ninguém disse que seria justo.

Aproveitei que ainda estava a caminho do colégio da filha mais nova do chefe e liguei o som, estava tocando AC/DC, Highway To Hell pra ser mais específica. Que irônia, o que uma jovem rockeira faz trabalhando pro rapper mais polêmico que o mundo já presenciou pisar na terra? Eu também não sei.

Assim que me aproximei do colégio da garotinha, desliguei o som. Saí do carro, indo até a frente do colégio.

- Olá, bom dia - falei me aproximando do vidro em que ficava o porteiro. - Hailie Jade e Whitney Mathers.

Logo as duas meninas saíram, pegando a minha mão como se eu fosse uma heroína... fazer o que, elas só têm 5 e 9 aninhos. Uns bebês ainda.

- Tia Amber, hoje brincamos com argila! - Hailie mostrou as mãozinhas cheias de argila.

- Que legal! E o que vocês conseguiram fazer? - perguntei.

- Vasos! - exclamou ela.

Entramos no carro e só dei partida quando vi as duas com os cintos.

- Qual é a charada de hoje, tia Amber? - perguntou Whitney.

- O que é que quanto maior, mais perto do chão fica? - perguntei e elas fizeram carinhas pensativas.

- Árvore? - perguntou Whitney.

Neguei.

- Anão? - Hailie sugeriu e eu neguei.

Elas tentaram acertar, mas eu apenas negava e elas ficaram tentando acertar.

- Chegamos! E aí, já sabem a resposta? - perguntei.

- Não! - elas disseram em conjunto, foi tão fofo que deu dó.

Vi Kim e o senhor Mathers discutindo e virei o carro pro outro lado, para que as garotinhas não vissem seus pais brigando.

- Podem sair, calmamente! - falei mais as duas já estavam bem longe.

- Papai, mamãe! Hoje brincamos com argila! - Whitney disse. - Eu preciso de ajuda!

- O que foi, pequena? - perguntou Mathers se abaixando.

É lindo o cuidado que ele tem com as pequenas.

- O que é que quanto maior, mais perto do chão fica? - perguntou Hailie.

O chefe sussurrou alto no ouvido delas e Hailie e Whitney vieram até mim sorridentes.

- É a cauda! - exclamaram.

- Acertaram! - exclamo e elas fazem uma mini-comemoração.

Elas entraram na grandiosa mansão e eu fui em direção ao carro pra não ter que ouvir um sermão vindo do chefe por eu ter me atrasado.

- Amber - ele me chamou e eu xinguei mentalmente e me virei.

- Sim?? - perguntei quase como desesperada.

- Obrigado... - ele disse envergonhado enquanto enfiava as mãos nos bolsos.

- Pelo que, senhor Mathers? - perguntei.

- Por ter virado o carro enquanto eu e Kim discutíamos. - ele disse.

- Só fiz o meu dever, patrão. - falei.

- Obrigado mesmo assim... - ele disse.

- Disponha. - falei e voltei a andar em direção ao carro.

- E você se atrasou, Lancovitch, acha que eu não percebi, sua espertinha? - ele perguntou e eu dei risada. - Dessa vez está perdoado, mas da próxima, você vai contar charada pro demônio.

Ri mais ainda e ele me acompanhou.

Um ótimo jeito de ter uma conversa com meu patrão.