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Joalin

― Não se esqueceu dos seus protetores de joelho? Nem da escova de dente ou do celular? ― Minha mãe pergunta nervosa enquanto Pepe olhava para ela rindo discretamente.

― Como me esqueceria sendo que foi você que arrumou a minha mala? Eu vou ficar legal, mãe.

Dona Joana segurou a minha cabeça com as duas mãos e começou a beijar a minha testa várias vezes até eu ficar descabelada. Sorrio com seu ataque amoroso, não imagino qual o nível de preocupação dela ao deixar a filha de dezesseis anos sozinha para ir pra outro país.

― Óbvio que você vai ficar legal ― ela revira os olhos. ― Vai estar no mesmo lugar que vários adolescente da sua idade estarão.

Eu já sabia qual era o raciocínio lógico que ela tinha sobre eu dormir no mesmo quarto que uma pessoa desconhecida e da mesma idade que eu e já prometi que não faria o que ela falou que eu ia fazer.

― Mãe, é sério, eu não vou fazer sexo.

― O problema não é o sexo, Joalin, sei que você sabe se proteger ― arregalo os olhos e Pepe ri mais ainda. ― Repita comigo.

― Não usar drogas ― repito com ela enquanto reviro os olhos.

― Isso. Eu te amo, filha.

― Te amo, mãe ― beijo a sua bochecha.

Pepe se aproxima me abraçando de lado.

― Eu te amo, filha.

É o mínimo pra eu desabar em um choro, sempre chorava quando Pepe me chamava de filha. Eu nasci sem pai, ele abandonou a minha mãe e Pepe foi a primeira figura paterna dentro de casa que eu tive, mesmo não achando um pai nescessário é sempre bom ter outra pessoa pra te escutar quando você briga com a sua mãe.

― Te amo, pai.

Escuto três adolescentes passarem por mim e rirem falando "filhinha de papais", mas no momento eu não me importo pois só me preocupo em que momento o abraço vai acabar e para a minha infelicidade isso foi rápido demais.

Uma mulher alta com cabelos curtos me chama, mas não vou antes de dar mais um beijo nos meus pais. Depois eu vou caminhando devagar até a mulher que me olha com um sorriso amoroso.

― Joalin Loukamaa? Uau, nome diferente.

― Minha mãe é filandesa. ― sorrio sem mostrar os dentes, o combinado era esse, não precisar falar que eu nasci na Finlândia.

― Ótimo, vamos ali com as outras meninas.

Me aproximei das garotas falantes que tinham falado mal de mim, um pouco tímida. Pisquei algumas vezes, quando vi uma das garotas mexicanas com cabelos negros e olhos verdes, a reconheci na hora. Ela era Sabina Hidalgo, a dançarina.

Por um momento meu mundo ficou em câmera lenta. Fiquei hipnotizada quando Sabina riu de algo no celular e mostrou para as garotas. Tive que piscar mais algumas vezes e balançar a cabeça pra reorganizar tudo.

Fiquei tão tímida que quantos tomei coragem para falar oi, saiu tão fininho e baixo que desisti e não disse mais nada para não passar vergonha. Só passei o resto do tempo parada e escutando elas conversarem.

― Garotas, essa é Joalin ― a mulher me apresenta colocando as mãos nos meus ombros. As meninas apenas resmungaram um oi e voltaram para seus celulares.

Achei nada simpático quando Sabina pediu para elas se juntarem e tirarem uma foto para postar no Instagram e não me chamou sendo que ela sabia que eu também era do México ― não tanto assim ― e ela nem se importou.

Quando as meninas reclamaram que ela postou nos stories e não no feed, Sabina, com deboche, respondeu:

― Meninas, por favor, vamos ser amigas aqui, em vinte e quatro horas já vamos estar bravas umas com as outras, competindo. Aliás, nem vou lembrar de vocês e Stories é o necessário.

Foi idiota da parte das garotas rirem. Revirei os olhos, dando graças a deus que não me chamaram para essa merda de foto, não ia me submeter a isso, se eu fosse uma delas, ia pedir para Sabina apagar a foto na hora.

•••

A viagem de avião foi de mal a pior. Não falei com ninguém por timidez. Além do mais, estava me sentindo excluída, sabia que precisava ir atrás do prejuízo e chama-las, mas era impossível quando as três escolheram se sentar em uma poltrona no centro do avião e ficarem de três.

No final da viagem, preferi sentar na ponta, já tinha admirado o céu em cima das nuvens por bastante tempo. Talvez assim, a menina que sentava na ponta também podia falar comigo.

Quando a garota finalmente resolveu falar comigo, disse:

― Seu nome é Joan, certo?

― É Joalin, não Joan ― a corrigi com um pouco de raiva, ninguém nunca havia errado o meu nome, e a pronúncia de Joan para Joalin era bem diferente.

Resultado; a garota deu de ombros e voltou a conversar com Sabina. Me senti uma burra, a única chance que eu tive de fazer uma amiga foi por água abaixo. Eu deveria aprender a ser mais simpática ou essa garota que é ignorante.

Não achei o clima diferente quando desci do avião, a Califórnia era tão calor quanto Playa Del Carmen. Com um sorriso no rosto, pego as minhas malas. Ainda é dia, iremos para a iniciação e conhecer Simon Fuller e os outros candidatos.

Mesmo cansada, entrei no hotel feliz da vida. Nunca havia ido para Los Angeles e tudo é tão bonito e bom. Fico feliz que Pepe me convenceu de vir para cá, é bom eu ter novos desafios e sair da minha zona de conforto.

Mas fiquei um tanto confusa quando descobri que dividiria o quarto com a Sabina e não com qualquer outra garota. Fiquei pensando a viagem de carro se eles estão fazendo por ordem alfabética já que as outra duas meninas se chamavam Anabel e Belinda.

Ou talvez você por país ou idade, mas eu não sabia qual a idade delas, então descartei essa possibilidade, infelizmente terei que me conformar que vou ter que dividir um quarto com Sabina Hidalgo por três meses.

~•~

Ai, ai, mal sabe ela que depois vai dar graças a deus que ficou com o quarto junto com a Sabina.

Me avisei se eu ter errado alguma coisa, como erros de português ou referências.

Bjs da Camiz ❤️

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