Mais uma vez estava ela ali, sentada na mesa ao lado da janela. Seu cabelo estava solto dessa vez, seus olhos verdes concentrados no computador a sua frente. Ao seu lado o café amargo e o cupcake de canela pela metade. Ela estava trabalhando firme em um projeto de seu trabalho e eu queria muito poder chegar nela e conversar sobre isso, mas minha coragem digna de um rato não permitia. As vezes eu me perguntava se o mundo tinha consciência de que ela estava ali, tão linda e alheia à sua beleza. Eu sorri e me aconcheguei ao balcão para conseguir a olhar com mais conforto. Havia muitas pessoas ali no meu pequeno espaço, mas no meio de tantas pessoas, tantas vozes, ela era quem tinha minha atenção.
Suspirei cansado. Eu deveria ir lá não é mesmo? Quer dizer, nós nunca vamos poder evoluir se eu nunca der o primeiro passo. Como disse Neil Armstrong, é um pequeno passo para o homem e um grande passo para a humanidade. Eu tinha que parar de ser frouxo e ir lá. Como eu poderia ter o futuro que as vezes imaginava com ela ao meu lado se nem o "oi" eu havia dado?
Tinha me decidido. Tirei o pano dos meus ombros e inalei o ar com força. Fechei os punhos e como se fosse um desenho onde o personagem principal começa a sua motivação e a música principal do desenho começa a tocar eu saí de trás do balcão e com passos vacilantes fui até sua mesa.
- Boa tarde. - falei com meu coração aos saltos.
- Boa tarde. - ela dizia concentrada demais e como se eu não estivesse ali. Acho que foi uma ideia péssima.
- Como você está? Está gostando do serviço? - perguntei esperançoso.
- Sim sim. - ela me olhou e sorriu de uma maneira simpática - Me desculpe, mas eu preciso realmente me concentrar nisso aqui.
- Ah, claro. Me desculpe. Eu não queria incomodar.
- Sem problema. - ela sorriu e voltou a sua atenção ao computador.
Me virei e rapidamente voltei para trás do balcão. Minhas bochechas estavam em puro fogo e meu coração parecia que sairia pela boca. Eu nunca mais me escutaria outra vez!
- Ela é um poço de educação, hein! - ouvi a voz de Lucce à minha frente e só consegui revirar os olhos.
- Ela está claramente ocupada. Eu que não devia ter ido lá e a atrapalhado. - falei limpando a bancada e ajeitando os bolinhos dentro da estufa.
- Ela sempre está ocupada. - Ela deu de ombros e jogou a cabeça para que a franja saísse de seu rosto. Se sentou na banqueta e apoiou os cotovelos na bancada. - Devia parar com isso, de se encantar demais, Jay.
- Não me encanto demais. - me defendi mesmo sabendo que mais uma vez Lucce estava certa.
- Ah não? - ela ergueu uma sobrancelha e sorriu de canto como sempre fazia quando sabia que estava certa.
- Talvez um pouco. - dei de ombros. - Mas olha só pra ela, Lucce. Ela é diferente. Ela é linda e claramente é esforçada.
- Você é tão idiota as vezes. - ela inflou as bochechas.
- O que você quer, Lucille? Não devia estar aproveitando sua folga? - perguntei já sem paciência. Se ela queria me torrar a paciência já havia conseguido.
- Vim apenas te esperar para irmos pra casa juntos. - ela deu de ombros e desviou o olhar com as bochechas rosadas.
Soltei um riso anasalado e baguncei seu cabelo liso castanho escuro que havia ficado muito bem no estilo "Joãozinho" que ela havia cortado há uma semana.
- Okay, pirralha. Falta pouco para o expediente acabar.
Ela assentiu e pediu um chá gelado de limão que era o seu favorito e um cupcake de capim limão.
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Doce Amor - Olha O Que O Amor Me Faz
RomanceAnthony Jay Suárez é um simples confeiteiro da cidade de Burikiacqua. Levava uma vida simples e normal até encontrar ferida e assustada na porta de sua confeitaria uma garota que descobre ter sido atacada pelo tio. Sozinha e desamparada, Jay se sent...