Cap. 1

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— Táxi — Grito tentando chamar atenção de algum motorista para me levar para casa.

— Tudo bem, acho melhor pegar algum ônibus — Falo sozinha depois de um tempo pensando o que fazer já que não havia mais táxis no aeroporto a essas

horas, e minha bateria havia acabado.

Levanto-me pegando minhas duas malas e meu casaco do murinho que estava sentada, coloco meu casaco sobre minha cabeça pois está chovendo horrores, saio andando com as duas malas que me impediam de andar mais rápido.

— Por que essas merdas só acontecem comigo — Retruco chutando uma Pedrinha que havia em meu caminho.

A chuva caindo em minha cabeça me deixando completamente molhada me fazia sentir mais frio do que realmente estava, já eram exatamente meia noite e para ajudar vejo o único ônibus que passa a essa hora acabando de sair do ponto.

— Mais que merda — Grito chutando o ponto que esperamos o ônibus.

Espero sentada no banco e por um tempo acabo cochilando aqui mesmo, acordo com o barulho do ônibus abrindo suas portas, pulo do banco vou até a porta do ônibus, rola uma complicaçãozinha  com minhas malas na hora de subir no ônibus, vejo o cobrador apenas me olhando sem mover um dedo para me ajudar.

— Ei o senhor está vendo que não consigo subir, vem cá e me ajuda — Esbravejo com tom ignorante.

O homem se levanta contra gosto e me ajuda com as malas, me sento em um banco qualquer e acabo por dormir ali mesmo.

— Moça, moça — Sinto um balançar.

Olho para o ser e vejo que é o motorista do ônibus.

— Moça, esta é a última parada — Fala posicionando seu corpo de pé novamente.

— A sim, que horas são? — Pergunto ao olhar pela janela e ver que já está de manhã.

— Já são 9 da manhã — Confere no relógio.

Então quer dizer que fiquei rodando a cidade inteira dormindo no ônibus, que legal Antôniela, você realmente é muito inteligente.

Agradeço ao motorista e saio do ônibus pegando minhas malas, vejo que estou a 15 minutos de casa, saio arrastando aquelas malas insuportávelmente pesadas pelo bairro, estou com o cabelo desgrenhado e da roupa sai um odor não notável mas ruim, por conta da chuva que tomei ontem.

Chego em casa depois de longos 15 minutos, já na entrada vejo a metade da minha família no quintal da casa, a churrasqueira ja está acesa, o som está tocando Inaraí.

— Cheguei família — Grito deixando as malas de qualquer maneira na entrada.

— Meu Bom jesus, minha menininha está tão grande, já é uma mulher — Minha tia fala secando as mãos no guardanapo e vindo em minha direção me abraçar.

— Antoninha é você? — Meu tio pergunta ajeitando os óculos de graus.

— Sim tio — Abro os braços para que possamos nos abraçar.

— Mãe, olha quem está aqui, é a Antôniela — Tia me leva até minha avó Judite.

— Quem? É aquela piquinininha que vivia correndo com o cabelinho enroladinho? — Minha avó pergunta tentando se lembrar de mim.

— Isso mãe ela mesma — Minha tia confirma.

Abraço minha vó que me elogia muito, fala como estou bonita e como estou mais encorpada.

Minha tia me leva para falar com todos que estão ali, por fim falta a turma que está na sala.

— FILHO, O PEDRO, OLHA SÓ QUEM ESTA AQUI MEU FILHO — Minha tia grita entrando na sala e parando na porta, já podemos ver de quem puxei a parte escandalosa?

— Mãe não precisa gritar — Pedro Fala ainda olhando para o jogo que eles estavam jogando no videogame.

Todos meus primos e primas estão aqui, claro que me lembro melhor de uns que outros, e tem algumas pessoas que não conheço, ou ao menos não reconheci.

— Filho, olha só como a Antôniela cresceu — Fala animada me arrastando ao meio deles.

— Porra, Antôniela, é você cara? Como ficou grande priminha — Pedro fala se levantando e me abraçando.

— Está mudada, está mais bonita do que precisa ser na nossa família — Pedro continua a falar me fazendo rir.

Pedro e eu sempre fomos carne e unha, vivíamos juntos, até por que fomos criados como irmãos.

— Caralho, Antôniela? — Um muleque alto fala parando na escada assim que me vê, de primeira não reconheci, depois de olha bem me lembrei que é Gabriel, o melhor amigo do meu primo.

— Gabriel, certo? — Pergunto para confirmar.

— Não se lembra mais de mim? Porra, magoou — Chega do meu lado colocando a mão no coração.

— Olha só, mais dramático que sete anos atrás — Rio do seu drama o abraçando.

— Olha só, mais gostosa que sete anos atrás — Fala no meu ouvido e ri.

Dou um tapinha no seu ombro o chamando de bobo, ele continua me olhando e sorrindo, passa a mão por seu cabelo castanho escuro que estava molhado fazendo com que caísse pelo seu rosto, me sento ao lado de minhas primas, passo um tempo conversando e contando como é na Coreia do Sul para elas, depois de um tempo minha tia vem me chamar para me acompanhar até meu antigo quarto.

— Meu amor, não tive coragem de mudar nada, deixei tudo do jeitinho que deixou — tia fala antes de abria a porta.

— Meu Deus — Falo animada ao ver tudo literalmente como deixei.

Olho na cama e lá está uma coberta toda rosa e bem peludinha que eu vivia arrastando para lá e para cá, os ursinhos que eu havia brincado no dia em que fui, eles estavam na mesma posição que deixei, um tomando chá, e outro dormindo.

— Filha, você pode ficar no quarto de visita enquanto arrumamos este quarto — Concordo.

Fechamos a porta, minha tia voltou para o primeiro andar para pedir que alguém subisse minhas malas, entro no quarto de visita, está tudo muito bem arrumado, mas quando afasto o edredom para poder me sentar vejo uma box preta lá, no mesmo momento a porta é aberta.

Gabriel entra no quarto com minhas famosas malas, me olha com seus olhos verdes claros e sorri, quando ele vê a box na cama arregala os olhos.

— Ops, isto aqui é meu — Fala pegando a cueca na mão e escondendo atrás das Costas.

— Você dormiu aqui? — Pergunto fazendo uma cara de “nojo”.

— dormi, por que a pergunta? — Fala se jogando na cama.

— Nada Gabriel, você pode me dar licença? Vou tomar banho — Ele assente e sai do quarto fechando a porta.

Pego minhas roupas e vou para o banheiro, me olho no espelho grande que havia ali e noto que não estou tão “horrivel” como imaginei estar, tiro finalmente toda aquela roupa que já estava querendo colar em meu corpo.

Entro no box e sinto a água morna cair pela minha cabeça e depois passear pelo meu corpo, passo o sabonete e depois uso alguns hidratantes corporais, ao sair do banho visto uma calça e uma blusinha leve, arrumo meu cabelo.

Passo o resto do dia com minha família, quando já estava a noite foi uma disputa para ver quem dormiria no quarto e por fim eu ganho e Gabriel perde, como um bom perdedor ele segue direto para o sofá onde acaba dormindo.

Um Romance Do Século XXIOnde histórias criam vida. Descubra agora