Capítulo 1

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"Você vai me amar quando meu batimento cardíaco parar?

Quando meu batimento cardíaco parar, você continuará sendo meu?

Você me promete que vai procurar por nós?

Você vai me encontrar depois da vida? 

Oh, para melhor ou para pior

A morte será nosso último beijo, meu amor?

Você me promete que vai procurar por nós?

Você vai me encontrar depois da vida?"


Narrado por Josh

"Merda, merda, merda!" pensei raivosamente enquanto seguia rápido em direção ao banheiro da escola. Meu rosto estava molhado de suor e eu conseguia sentir as gotas que escorriam pelas minhas costas também. 

Algumas pessoas que ainda estavam seguindo em direção as suas aulas me olhavam de maneira curiosa, mas ninguém parecia se preocupar. 

Por sorte, o pátio central da escola estava vazio e eu consegui seguir rapidamente até o banheiro. Assim que consegui chegar até a pia, liguei a torneira e me debrucei para jogar água no rosto, em uma tentativa de diminuir o queimor em meu olhos e nariz, que havia se acumulado na medida em que minha respiração ficava totalmente acelerada e descompassada. 

Havia necessariamente quatro meses, uma semana e três dias que eu não sentia uma crise como essa e eu estava orgulhoso de mim mesmo... até agora. 

Em plena última aula de uma quinta feira mega cansativa, minha cabeça nada normal resolveu me "presentear" com mais uma de suas crises de ansiedade super aleatória e desnecessária e aquilo me irritou.

"Merda de inconsciente incontrolável!" bufei internamente enquanto meu corpo se arrepiava suavemente e uma sensação estranha de ser observado me atingia. 

Levantei meu rosto rapidamente e, pelo espelho, notei que alguém me observava por trás, em um canto escuro do banheiro. Dei um pulo e soltei um gemido de susto que pareceu mais com uma crise de derrame do que medo.

— Desculpa... não queria te assustar! — falou uma voz masculina rouca e suave.

— Imagina... eu é que não vi você quando entrei! — soltei envergonhado enquanto fechava a torneira.

— Tá tudo bem? — perguntou educadamente enquanto começava a andar em minha direção.

— Aham... tô sim, é só... um mal estar! — respondi na medida em que me virava para encará-lo.

Fiquei paralisado por um tempo, sem conseguir me mexer ao ver um garoto alto e forte de cabelos curtos e amarelados e pele bronzeada, me encarando curioso e... preocupado. Reparei que havia algumas tatuagens em seus braços, símbolos que eu não conhecia mas que chamaram minha atenção imediatamente. 

"Acho que agora você já pode parar de encará-lo querido!" anunciou minha consciência retomando o controle do meu corpo e da minha mente.

Virei meu olhar rapidamente enquanto ficava vermelho de vergonha por ter encarado demais.

— Você quer que eu te ajude com alguma coisa? Um copo de água? — perguntou ele quebrando o silêncio.

"Ele deve estar pensando que se a gente morrer aqui no banheiro assim que ele sair, vai ter culpa por ter nos deixado!" disse minha consciência novamente, ao mesmo tempo em que enxugava o rosto molhado. 

Entre o Bem e o MalOnde histórias criam vida. Descubra agora