Negação

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Quanto mais corria, entrava mais profundamente no bosque. Seus pés estavam cansados e machucados, mas Winter não ousou parar até sentir que seus pulmões ardiam, suplicando por ar.

Caiu de joelhos no chão e derramou lágrimas atrás de lágrimas, em uma tentativa inútil de se livrar daquela sensação de aperto no coração.

Chorou por muito tempo, até que já sem forças, sucumbiu à escuridão.

— Droga! Para ser tão magra, você pesa demais, criança. - Uma voz resmungou enquanto Winter tinha a sensação de estar flutuando.

Será que havia morrido e ido para o céu? Ou ainda continuava viva, no inferno?

— Poderia pelo menos acordar para me ajudar... isso acontece quando você quer fazer uma boa ação. - Novamente a voz praguejou. 

Winter conseguiu abrir os olhos por uma fração de segundos, apenas para desmaiar novamente.

Winter conseguiu abrir os olhos por uma fração de segundos, apenas para desmaiar novamente

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As pálpebras pesadas se abriram lentamente, se acostumando à escuridão do lugar. 

O chalé simples, porém bem adornado e organizado, banhado apenas pela luz tênue de uma vela, lhe causou arrepios.

Haviam vários animais empalhados e muitas ervas penduradas nas paredes, além de uma enorme porta totalmente adornada com diversas imagens que lamentavelmente, não conseguiu distinguir.

Pelo menos a cama era macia e ao que tudo indicava, ela estava inteira.

A princesa se levantou devagar e caminhou, explorando e conhecendo o lugar. 

Tocou em alguns objetos curiosos, mas havia um em especial que lhe chamava a atenção: a enorme porta de madeira. Ela parecia não combinar com o resto da decoração, um objeto tão requintado, em uma casa tão simples.

Se aproximou como se um enorme ímã invisível a atraísse e esticou o dedo para sentir a textura da madeira, quando um estrondo a assustou.

— Não toque! - Aquela voz gritou e Winter recolheu a mão e corou, como uma criança pega em uma travessura.

— D-desculpa... - Winter sussurrou. Sua voz ficou muda quando finalmente viu o rosto daquela voz estranha. O rosto coberto por uma barba bem feita, não escondia a enorme cicatriz que cruzava a face direita, culminando no olho, de um tom azulado quase negro. O outro olho era cinza, e a observava atentamente, com o cenho franzido. 

— Está melhor? A encontrei desmaiada enquanto voltara para casa. - A voz grossa arrancou um arrepio da princesa, que apenas balançou a cabeça em resposta. — O que fazia tão tarde no bosque tenebroso? E sozinha? Deveria estar com sua família, comemorando o natal. - O homem fez uma careta ao pronunciar a última palavra. 

Winter não conseguiu conter o soluço ao lembrar do que havia acontecido horas antes. 

Outra vez foi invadida pela sensação de tristeza profunda, e o homem balançou a cabeça em reprovação. 

Winter contra o tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora