FOR US - JOADE

Capítulo 2

Uma semana se passou na escola nova e na vida nova que de diferente, não tem N A D A.
— o trabalho é em dupla, eu com certeza vou com o David e a Jade não pode ficar sozinha, você precisa fazer com ela — diz Mafe gritando comigo por negar qualquer contato com a garota mais esnobe do mundo
— eu não vou fazer porra de trabalho com essa menina — digo alterando meu tom de voz
— não vai fazer o trabalho com quem? — Jade põe seu braço em volta do meu pescoço
— da para me soltar? — reviro os olhos — tá vendo? A convivência aqui é péssima, não vai rolar — Mafe arqueia a sobrancelha e me olha com o seu típico olhar assassino
— você se acha demais, esse que é seu problema — a garota tira os braços de mim e revira os olhos em sequência
— eu vou fazer isso, mas é por pura obrigação — falo indiferente — esteja depois da escola na minha casa — falo e a garota assente — agora se vocês puderem me deixar em paz, eu vou agradecer demais — me sento em meu lugar e tiro meu celular do bolso
[WhatsApp]
Mãe: não fiz seu almoço hoje
Mãe: faz algo para comer
João: beleza
João: vou levar uma amiga para fazer um trabalho em casa
Mãe: "trabalho"
João: fala sério 🙄
[WhatsApp]
— ei, desculpa — ouço uma voz sussurrar em meus ouvidos
— pelo que, Jade? Pelo que? — fico entediado só em ouvir a sua voz, como uma garota tão linda pode ser tão irritante?
— por ser assim — lança um olhar vago
— é seu jeito, você não pode mudar — falo e me viro novamente
— não é meu jeito — fala baixo, numa frequência quase inaudível
— como assim? — digo curioso
— o papo tá bom aí, né? Quer me falar um pouco sobre a Segunda Guerra mundial? Senhor João Guilherme? — fala o professor fazendo toda a atenção da turma ser voltada para mim
— foi mal, culpa minha — Jade toma a frente
— o casal, por favor, mantenha-se em silêncio — ele diz impaciente
— não somos um casal — falo quase num sussurro
— os dois, para fora de sala, por favor — diz furioso quase na mesma cor de uma pimenta de tão vermelho
— puts — me levanto carregando a mochila nas costas e Jade faz o mesmo
[...]
— não quero ir na diretoria — ela revira os olhos
— o que acha de a gente fugir dessa prisão? — falo e ela concorda com o plano
— eu conheço uma saída, não é muito fácil, mas funciona — diz e eu topo sem pensar duas vezes
[...]
Após uma longa corrida para longe do colégio, a garota com as mãos no joelho, visivelmente exausta lança um "CONSEGUIMOSSSS! SOMOS FODAS" que ecoa por quase toda a cidade
— Tá, mas e agora? — rio da situação
— não posso chegar essa hora em casa, minha mãe vai me matar se pensar no que eu fiz — ela gargalha
— minha mãe também está em casa agora, só sai daqui a uma hora, o que a gente faz? — questiono e a morena pensa por alguns segundos até dar um pulo eletrizante
— JÁ SEI! Gosta de donuts? — pergunta empolgada
— Quem não? — sorrio e ela logo me puxa, fazendo-me correr pela cidade
Não imaginava que ela fosse assim, tão, tão diferente do que se mostra na escola, ela até que é legalzinha.
— Chegamooos — ela aponta para um estabelecimento com o maior donut que eu já vi na vida
— Tem certeza disso? Achei que você preferia um brócolis e uma saladinha — brinco e ela mostra a língua
— Engraçadinho! Para a sua informação, salada é minha comida favorita e eu não costumo comer doces ou essas 'besteiras', mas uma vez ou outra não faz mal, né? — sorri
— Não é o que eu ouvi por aí, eu soube que o monstro das saladas não gosta de criança que sai da minha — falo em meio a risadas e ela revira os olhos
— Você vive falando que eu sou isso e aquilo mas você também é bem idiota quando quer — fala sério
— Foi mal, não quis estragar o momento — sorrio de lado
— Momento? Isso? Isso não é um momento, cai na real — ela joga as palavras me deixando confuso
— Ue, mas não foi você quem disse que eu era "seu" — faço as aspas com as mãos
— Ah, aquilo foi só para irritar a Giovanna, eu não suporto aquela garota — fala com verdade na voz
— Eu achava que eu tinha sido usado, agora tenho certeza — brinco
— Ah, mas fala sério, até parece que você ia querer ficar comigo, você me odeia — ela diz me deixando sem reação
— Por que você acha isso? — questiono sem fazer tanta questão pela resposta
— Porque todo mundo ama a Mafe e prefere ela, além disso, você só vive falando coisa de mim — fala abaixando o tom
— Ah para, você merece — brinco tentando tirar o 'clima pesado' ali instaurado
— Donuts do amor para o casal, por conta da casa — o garçom põe a bandeja na mesa
— NÃO SOMOS UM CASAL! — falamos juntos num tom desconfortável

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