Coçando o topo da sua cabeça, rosto trazendo semblante direto, ele continuava a trabalhar o pensamento do quanto era séria a expectativa que tinha com o próximo trabalho que a universidade havia lhe cobrado. Era um modelo de missão que geralmente a Bethany Global University direcionava seus alunos a realizar, como forma de pontuação e avaliação para o próximo semestre. Estando próximo para passar para o último ano, ele criava grande probabilidade de ocorrência, principalmente porque seu professor preferido Aaron havia depositado também uma grande expectativa na sua competência, em ação repentina, ouviu-se o barulho da porta do quarto e uma voz feminina e extremamente fina chamar:
- Isaac! Você não vem para a noite de debate de teologia racional?
- Não Milla, obrigada. Estou bem cansado e amanhã parto cedo até Indianópolis.
- Ah! A missão. Você está nervoso, não está?
- Um pouco, nós sempre ficamos, não é?
- Com certeza. – Responde Milla com um sorriso apertado no rosto.
- Bom, descanse e boa sorte! Você sabe que provavelmente não me encontrará acordada amanhã, não é? Geralmente a noite de debates termina em jogos super incansáveis!
- Isso é verdade. – Isaac responde bocejando. – Não se preocupe, o nosso Pai está sempre conosco.
Milla continuando com seu sorriso fraco fecha a porta lentamente a não causar barulho.
Isaac volta a olhar para o papel que havia na sua frente, em cima da escrivaninha. A missão régea era viajar até o Estado de Minessota, Anoka e realizar um artigo com no mínimo 50 páginas contando como havia sido a experiência de pregar a palavra do Senhor a um conhecido curandeiro da região, Eliphas Cornelius Luveau, 53 anos, pai de família, uma filha nova, 9 anos, Sarah Luveau, e sua esposa Marta Luveau de 50 anos. Marta por conta de seu estágio, teve sua filha com uma conturbada gravidez de risco, com diabetes gestacionais e um parto de trabalho prematuro. Graças a um desígnio do destino ou como a família Luveau e Isaac acreditavam fortemente, por parte da vontade de Deus, a menina nasceu completamente saudável com todas as suas partes do corpo perfeitamente como deveriam ser, para a total felicidade dos Luveau que já estavam há um bom tempo tentando ter uma herdeira ou herdeiro.
Ele continuava a encarar o papel, com pensamentos receosos, mas, ao mesmo tempo confiantes, ele não esperava uma missão mais fácil do que essa, pois acreditava no potencial que tinha em escrever principalmente sobre o assunto que mais amava falar, os trabalhos de Deus para nós, e tinha bastante prazer em falar disso também para as pessoas. A BGU direcionava tarefas aos alunos como trabalhos de conclusão mas, de certa forma complicados, como Alice do último ano, precisou visitar a Carolina do Norte, Cullowhee que fica a 1.044,2 km de Bloomington, por volta de 10 horas de viagem, para realizar um artigo sobre sepultamento que a Universidade de Western Carolina University estava realizando, chamado: Urban Death Project, além de ter viajado para mais longe, imagine só o que ela não precisou ver por lá, o assunto de preparo de morte ainda intimida muitos e com absoluta certeza Alice ficou intimidada.
Isaac não era do tipo que queria convencer os outros a uma ideia exata de como eram as coisas, mas sim, falar das coisas boas e da paz que traz saber que somos seres limitados, porém, que sempre haverá alguém ou algo olhando por nós, além do mais, cristãos insistentes não eram bem vistos desde muito antes do século XXI. Seria fácil para ele já falar de Deus para alguém que já cresse, mas, que às vezes duvidava de sua fé.
Com um ponto isolado da cabeça já querendo doer, Isaac deitou na cama largado e foi caindo no sono, fechando os olhos lentamente, como quem realmente não sabe que está adormecendo, a luz da escrivaninha continuava acessa, mesmo assim o sossego foi tomando conta de seu corpo, todos os seus colegas de quarto estavam na noite de debates, provavelmente já pulado a parte do debate e ter ido direto para os jogos. Isaac pensou o quanto Milla era legal com ele e o quanto ele achava que provavelmente ela gostava dele. A BGU não proibia seus alunos se relacionarem como um convento, pelo contrário, eles incentivavam os alunos a se conhecerem sempre, e a ter sim relacionamentos, caso eles não conseguissem se segurar à carne, eles tinham a visão de como certamente as pessoas precisavam se relacionar, além do mais, Deus quis que os primórdios humanos enchessem a Terra, e com certeza, ter mais uma família teísta e com muita convicção religiosa agradava a Deus.
Na região Sul do estado americano de Indiana, a BGU leciona muitos alunos que confiavam e visualizavam no mínimo 7 razões para acreditar na existência de Deus. Filhos de famílias (ou nem sempre) religiosas eram atraídos para efetivamente serem preparados a próxima geração de trabalhadores interculturais que lideram, os missionários do amanhã desde 1948. A mãe de Isaac, Edna Morris, não veio de família religiosa mas, adquiriu muita fé depois de ter passado grandes dificuldades na vida, ela sempre ensinou aos seus dois filhos o quanto o plano de Deus era certo e belo à nós e também tudo o que Isaac tinha aprendido para ter convencido a si mesmo de que queria formar-se no assunto que ele mais amava, a Bíblia, para Isaac era o assunto mais interessante, empolgante que poderia existir, e logo que estava terminando o ensino médio numa escola próxima a sua casa em Indianópolis ele soube que queria ir para a BGU, para a alegria também de sua mãe que ficou com um semblante irradiado de luz quando soube da notícia que Isaac havia entrado na universidade e nem passou pela lista de espera, ele já tinha uma grande lista de feitos para com o assunto direcionado da faculdade como, trabalhos voluntários para batizado em igrejas e grupos de estudo para idosos de ontologia.
Além de frequentar a igreja em todas as terça-feiras e domingos com sua mãe e sua irmã Rachel, de 12 anos, Isaac vivia na igreja, ajudando com qualquer tipo de coisa que aparecesse que ele pudesse ajudar. Foi lá que teve seu primeiro amor, Juliet, não correspondido, mas, para ele, uma boa experiência, pois foi com essa situação que soube que queria construir uma família.
A família de Isaac nunca sofreu muitas dificuldades, mas, também não era a mais rica de todas, classe média, a mãe recebia pensão pela morte do marido que faleceu por um pequeno AVC numa certa noite passada, além de dar aulas de inglês aos alunos do Ensino Fundamental na mesma escola onde Isaac se formou.
Ele continuou fechando os olhos enquanto via o rosto de sua mãe na memória, havia tempos já que ele não as via, por um momento havia se arrependido de ter ido estudar a 1 hora e 6 minutos de casa, porém, o maior problema nem era a distância e sim a exigência da BGU que era intensa, os alunos tinham além das aulas, trabalhos por fora, provas, grupos de estudos e debates à participar, tomava a maior parte do tempo para os estudos, mas, como sempre a Sra. Edna muito compreensível entendia a situação do filho. Isaac sentiu-se grato por poder aproveitar a viagem até Anoka para passar por Indianópolis para visitar a mãe e a irmã, como a Sra. Edna mesma havia dito, iria fazer o prato preferido de Isaac no horário do brunch, waffles com calda e bananas fatiadas.
Decidindo fazer uma oração Isaac, ajoelha prestes à cama, além de agradecer e solicitar perdão ele pede a bênção para a sua viagem de ida e volta e do seu artigo para conseguir nota máxima. Ele se joga novamente na cama e finalmente adormece.
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O curandeiro
HorrorIsaac Miller é um estudante na Bethany Global University, universidade religiosa, onde direcionam tarefas, chamadas como missões, específicas a diferentes alunos. Isaac prestes a formar-se viaja até Anoka, Minessota e hospeda-se na casa da família L...