Capítulo 2

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A noite era uma massa cinzenta. Pesadas gotas de chuva caiam do céu encharcando minhas roupas.

A égua em que estava montada corria a toda velocidade, passando pelas árvores como se fosse um vulto.

Logo minha visão estava precária impedindo que eu conseguisse sequer ver um metro a frete.

Resignado parei no alto de um morro e olhei o vale abaixo em busca de orientação.

Uma grande mansão negra pairava alguns metros à frente. Sua estrutura negra roubava toda a atenção da paisagem.

Considerei se valia a pena tentar chegar em casa esta noite. O céu apenas prometia mais e mais chuva. Suspirando olhei para a casa novamente, parecia solitária naquele vale despovoado, ao mesmo tempo, ela era atraente, parecia emanar um calor convidativo.

Observei minha pobre égua e me perguntei o quanto ela aguentaria sem uma boa refeição. Por ela, procuraria me hospedar naquela mansão, por esta noite.

Cavalgando um pouco mais devagar, já estávamos encharcados demais para tentar enfrentar a chuva.Chegamos a propriedade cerca de vinte minutos depois.

Os portões eram ladeados por gárgulas e sua estrutura tinha um ar imponente, como um guerreiro mudo protegendo seu castelo.

Desci do cavalo e cheguei próximo ao portão, este estava apenas encostado.Com cuidado o abrir na esperança de que alguém aparecesse.

Dentro dos muros da mansão, poderia ser imaginação minha, mas o ar era levemente morno, como em uma chuva no verão.

Guiei minha égua até próximo da porta a qual eu bati com força para que o som sobreposse a tempestade.

Passei alguns minutos esperando que alguém aparecesse, e quando estava para bater novamente, a porta se abriu. Me surpreendi com a figura que apareceu na porta e prendi a respiração.

Ela era jovem, mais nova que eu sem dúvidas, com seus cabelos loiros cobrindo os seios. A camisola branca a qual vestia, mantia um contraste de pureza que lutava contra a sensualidade que suas curvas transmitiam. Quase com um convite...

- Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo? - Sua voz era doce e serena. Quase musical.

- Bo-boa noite, senhorita - falei esperando que ela me corrigisse - venho aqui pedir refúgio contra essas tempestade. O caminho até meu destino é longo, e talvez minha égua não aguente mais essa viagem.

Enquanto falava, seus olhos de um verde vivo brilharam, e ela sorriu.

- Será um prazer hospedá-lo senhor. Enquanto a égua, existe um estábulo atrás da mansão, pode deixar lá que um de meus serviçais dará a ela o devido cuidado. Enquanto isso, entre - ela se afastou da porta para que eu passasse.

Com um olhar para égua, entrei. Poderia jurar que os olhos do animal brilharam, como em súplica ou despedida. Ignorei e entrei dentro da mansão.

A mansão era ampla, com uma decoração da moda passada, mas não que isso prejudicasse a beleza da propriedade. Os móveis eram elegantes e confortáveis.

A porta de carvalho, percebi, era toda ornamentada, e pelo baque, era bem pesada também.

Me voltei para a jovem anfitriã, na luz dos castiçais, sua pele era pálida, e pude perceber que a camisola a qual vestia era semi-transparente, deixando pouca coisa para imaginação.

Mansões InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora