^Lembranças^

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Não importa o quanto eu tente, as lembranças sempre me matam e tentei não me magoar, mas caí na realidade.

As drogas não me afetava tanto porque já estava acostumada, já havia me afundada em um abismo de mentiras e eu adoro essa sensação.

Minha mente se consumiu de pensamentos, como, "eu devo ser melhor, não devo falhar, não posso errar, não posso decepcionar ninguém" e foi assim que deixei minha felicidade totalmente de lado. Nunca fui boa em nada e a única coisa que eu tinha que fazer era tirar boas notas e ter um comportamento exemplar perante todos mas me tornei uma idiota, uma rebelde, uma sombra.

Em um quarto cheio de brinquedos e alegria, era o meu lugar preferido e se tornou o motivo das minhas crises diárias. Aos meus 9 anos, perdi toda a minha cor dentro daquele cômodo quando uma pessoa entrou pela porta e fez-me chorar, gritar, sangrar com as pernas abertas, nunca soube o quanto uma dor poderia ser tão grande como daquele dia.

Nunca soube como o ser humano consegue ser tão cruel, como um familiar poderia me fazer tão mal, como minha inocência seria arrancada de forma tão bruta e eu me calei em relação a minha vida porque tudo machucava, porque tudo desmoronava cada vez mais. Aprendi mentir e enganar as pessoas somente com a porra de um sorriso.

Em um dia qualquer de uma aula merda, o momento em que fui ao banheiro somente para distanciar os pensamentos mas me senti ainda mais destruída quando pude sentir um soco na barriga e xingamentos,"talvez assim se vista melhor e emagreça"- os problemas só aumentavam- e foi nesse momento que comecei ter medo de ir á escola porque não era a primeira vez que tal acontecia.

Porque me sentia insegura? Porque me sentia solitária? Porque o choro era inevitável? Porque não gostava de mim?Estava cansada de tamanha dor e confusão.

Aos 13 anos, encontrei minha primeira paixonite pela qual fiz idiotices somente para estar perto de si-mas quanto mais perto, mais distante- mas percebi que mesmo que o amor esteja presente não significa que te faz bem. Ele me chamou de puta e me penetrou sem dó, somente o que ouvi foi "é por nosso amor, relaxa" mas machucava. Derramei lagrimas pela pessoa que me fez de vadia, me machuquei somente para estar perto de seus cuidados mas era agoniante porque sentia nojo de si mesma e eu me senti um lixo quanto senti um tapa em meu rosto e o que escutei foi "você só serve para uma transa, vadia"-eu desisti de mim naquele momento.

Meus pais sempre comparavam-me com meus irmão e minha prima, isso me destruía porque eu queria conhecer-me e descobrir do que eu realmente era capaz mas tive que passar todos os minutos da minha vida ajudando todos ao meu redor. Não fui motivo de ninguém e isso me doía porque deixei minha felicidade para tentar ser 1% da pessoa que todos queriam.

Eu realmente procurei ajuda mas os psicólogos iam na onda dos meus pais que eu só precisava fazer amigos e sair de casa e eu somente sentia toda escuridão se alastrar em mim.

Um Suicídio QualquerOnde histórias criam vida. Descubra agora