Naquela manhã todos organizavam os preparativos da maior festividade de nosso mundo. O Nefika. O planeta daria mais uma volta de bilhares e o ciclo da vida se repetiria.
Minha distração favorita era observar os formatos ondulados e irregulares das nuvens densas que se formavam no céu com a deslocação incomum das luas. Me perguntava o que haveria para lá de Arflin©.Pessoas titubeavam para lá e para cá carregando entre os átomos, tiras de gases que enfeitavam o horizonte. Gases que formavam desenhos de seres mitológicos, afim de evocar crenças antigas como o Merduria. A criatura que vivia nos oceanos de ferro de Arflin. Outros contemplavam ondas coloridas que ao toca-lás formavam véus de cores aleatoriamente difusos.
Iniciada rotação final, Ganímedes e Calisto se aproximavam uma da outra tocando ligeiramente suas superfícies. Era a primeira vez que eu via tal fenômeno e meus ânimos estavam nas alturas. Esse episódio acontecia somente a cada três nascimentos de um Jiparts©. Meus bisavós o viram. Tudo parecia em paz.
Até aquele ataque.Tudo ocorreu muito depressa. Uma bola de fogo semelhante á um asteróide atingia a parte esquerda de Calisto abrindo uma profunda cratera. Seu calor se aproximava e partes dos meus gases se dissipavam na atmosfera. As nuvens de gases dos céus retardaram a bola de fogo da queda inevitável. O deuses pareciam enfurecidos pois tamanha raiva caía em Júpiter sem menor aviso prévio. Desde então nossa população fora reduzida e a sobrevivência era de tal cruel. A fraqueza de um Jiparts era sua própria natureza. Gás. Se dissipar em uma atmosfera menos densa e descontrolada. Ou uma explosão.
O que antes era considerado castigo divino foi descoberto sendo um ataque direto da guerra vindo de Marte devido sua origem telúrica. Júpiter era alvo pela grande quantidade de gases de potencial explosivo. A sociedade planetária estava em declínio. As populações de planetas vizinhos desconfiavam umas das outras e cada regente possuía suas ambições e prioridades. Uma sociedade sistêmica destruída pelo egoísmo.
Assim, uma lenda. Um mito. Ou uma profecia. Depende do ponto de vista. Emergia das lembranças e das crenças de povos distintos. Testamentos, escrituras e histórias de lugares longínquos entre si, narrara a chegada de um seres ou algo que viria para apaziguar a situação caótica dos mundos e difundir a paz entre todos eternamente. Algo muito conveniente. Adrakis era seu nome. Em meio a tanto caos, se prender em algo que mesmo que brevemente acalentasse o medo de ser extinguido de forma frígida e cruel era uma saída compreensiva.
Foi quando uma ordem sagrada nasceu a mais de 1095 Sois©. A ordem de Mevup. Uma ordem secreta disposta a encontrar os Adrakis e desvendar seu mistério para então salvar os mundos e reencontrar a verdadeira paz.
- Agora fiquei curioso. Onde estão os Adrakis? - Interrompeu um estudante da Gasis©.
Yzara ficou em silêncio.
- Isso é um assunto confidencial da Mevup. Tornem-se soldados fortes e irão compartilhar de nossos segredos. Fim de papo. - Ordenou Walk, soldado companheiro de Yzara.
Todos os jovens Jiparts se retiraram da sala e só restaram os dois soldados inquietos.
- Se não encontrarmos esses Adrakis e os possuirmos como ficará a reputação da Mevup diante de nosso povo? - Pronunciou Yzara
- Ost Tol confia em nós. Vamos ir até os confins de Arflin mas encontraremos os Adrakis. - Disse Walk.
!CHAMADA DE EMERGÊNCIA, TODOS OS SOLDADOS NO SAGUÃO!
- Porra o que foi dessa vez! - Yzara saía as pressas.
Os três partiram em retirada até o saguão para receberem o pronunciamento da sala de controle. Todos os soldados já estavam presentes aguardando qualquer resposta. Havia um silêncio perturbador e ninguém sabia o que se passava. Até que Ost entrou no saguão.
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Adrakis, filhos solitários
AdventureEnquanto o caos na terra estava apenas começando, a rebelião entre os mundos já denunciava uma guerra. Olum logo iria manifestar uma forma física, prestes a quebrar as dimensões. A promessa da chegada dos Adrakis já não confortava o seres interestel...