Capítulo II

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No fim, Katsuki não teve outra alternativa senão ir para à escola.

Sua cabeça ainda estava uma bagunça, seus pensamentos ainda mais confusos do que antes. Sempre gostara muito de usar da lógica para resolver problemas, porém, para aquele ao qual se encontrava no atual momento, não possuía nenhuma resposta, nenhuma solução, muito menos explicação. Não importava o quanto pensasse, sua mente sempre voltava a estaca zero: confusão.

Foi pela falta de respostas que resolveu se manter calado sobre o assunto e que agiu como se realmente tivesse aquela idade e vivesse naquela época novamente. Não seria inteligente agir com imprudência, muito menos falar aos outros que, na verdade, ele havia, magicamente, voltado no tempo. Sua mãe bateria em sua cabeça com uma panela e o chamaria de louco mentiroso, pouco daria atenção a ele e suas palavras descabidas. Seus antigos  amigos agiriam da mesma forma — talvez não bateriam em sua cabeça com uma panela, pelo menos isso —, muito provavelmente, diriam que ele estava enlouquecendo ou zoando com a cara deles, Katsuki não os culpava, pois também não acreditaria. Ah, ele seria motivo de risadas, também.

Por essas razões, apenas tomou café da manhã como se nada estivesse acontecendo — se mantendo um pouco mais pensativo do que de costume —, vestiu-se com aquele uniforme cinza que não via há anos, pegou sua mochila e um guarda-chuva vermelho de bolinhas brancas para se cobrir da chuva, que caía sem intervalos do lado de fora.

Caminhou sem pressa pela rua pouco movimentada, sendo acompanho pelos finos pingos de água que desciam dos céus e por uma música que soava dos fones presos em seus ouvidos. Tudo parecia igual ali, mas, também, parecia tudo diferente, Katsuki não soube dizer o que de fato estava diferente.

Havia de admitir que andar por ali era nostálgico, tão nostálgico como calmo e tranquilo. Fazia alguns anos que não fazia aquele percurso, não se fazia mais necessário ir até ali nos últimos tempos. Soltou um suspiro, procurando não voltar seus pensamentos a coisas negativas. Ele iria achar uma solução. E, se não a encontrasse… bem, então ele não saberia o que fazer, além de deixar a vida se desenrolar como quisesse.

O dono de fios louros não reparou uma repentina aproximação de outro ser humano — talvez pelos fones ou talvez por estar imerso em divagações, talvez pelos dois—, até que este mesmo pendurou um dos braços sobre seus ombros e logo em seguida  retirou um de seus fones de seu ouvido, deixando o objeto cair sobre seu peitoral. Katsuki, a princípio, assustou-se, mas depois apenas adotou uma expressão irritadiça. Girou seu rosto para o lado, procurando a criatura desgraçada que havia perturbado seu momento de paz. A primeira coisa que encontrou, no entanto, foi um par de olhos vermelhos rubi, um par de arcadas de dentes afiados que alegremente sorriam para si e, para completar, tufos de cabelos vermelhos, assim como os olhos.

Katsuki arregalou os olhos, parando de caminhar no mesmo instante, enquanto dava um passo para trás — ato que acabou por o deixar ainda mais próximo do garoto que o segurava, quando a intenção era sair daquele abraço. Ah, ele conhecia aquele moleque ruivo, conhecia muito bem. Era ninguém mais que Eijiro Kirishima, estava tão distraído que acabou por esquecer que o outro morava perto de sua casa e que o acompanhava para à escola todos os dias. Agora fora pego de surpresa.

— Ah, é você…— Foi a primeira coisa que disse, as palavras saindo como um sussurro. Entretanto, Eijiro as ouviu, devido a proximidade que se encontravam.

— Uh? Você não precisa se assustar — o garoto, dois centímetros mais baixo que ele riu, enquanto falava — Normalmente, você grita comigo e fingi ficar bravo. O que foi? Está preocupado com algo? Alguma prova? — Lançou pergunta atrás de pergunta. Ah, ele gostava mesmo de falar. — Não importa o que seja. Você é muito másculo, então vai conseguir o que deseja. — Katsuki quase sorriu, sentindo um pequeno aperto no peito — aperto que ele, secretamente, desconfiava ser de saudades.

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