Capítulo XIII

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Katsuki sentiu a antecipação do momento crescer em seu estômago. Sua mente estava dividida: ele poderia continuar, poderia entrar naquele bar e beber com os antigos amigos. Ou poderia dar uma desculpa para Izuku, que o tinha convidado, e dar o fora dali, assim seria tão mais fácil. Porém, naquele caso, o mais fácil parecia a escolha errada.

Apertando as mãos que se encontravam escondidas dentro dos bolsos do moletom escuro, Katsuki atravessou pela porta juntamente com Izuku, agradecendo mentalmente pelo ar ali dentro estar tão fresco. Suas narinas foram logo recebidas por um aroma de álcool e carne assada. Sua barriga roncou, faminta, em resposta.

Seus olhos varreram a mesa em que os outros estavam em questão de segundos, procurando fios de cabelo vermelhos. Eijiro não estava ali, constatou, pelo menos não ainda. Uma sensação de alívio tomou conta de si, para depois ser substituída por uma de decepção pura. Nos últimos dias, Katsuki havia ligado para todos os amigos e pedido perdão, tinha sido bem sucedido nessa questão. Todos pareciam mais que felizes pela volta dele, com exceção de Kirishima que tinha, aparentemente e infelizmente, recusado todas as suas ligações. Katsuki ainda não tinha usado o truque de aparecer de surpresa na casa do ruivo, queria tentar ligar primeiro. Contudo, como já desconfiava, isso não surtira efeitos. Ligar era inútil.

E, pelo jeito, Eijiro também não iria aparecer no bar naquele dia. Bakugou desconfiava que a vida do ruivo agora se resumiria a isso pelos próximos tempos; escapar de todo e qualquer lugar onde Bakugou Katsuki marcasse presença. Porém, ainda havia esperança.

Ele se sentou entre Denki e Mina, e logo percebeu que aquela fora uma péssima ideia, no meio de duas pessoas naturalmente animadas, falantes e, pior, consideravelmente bêbadas, só poderia dar merda. Izuku o olhou com uma pequena quantidade de compaixão, Todoroki (que estava logo à sua frente), por outro lado, pareceu achar graça. Katsuki mordeu o lábio, engolindo algumas blasfêmias. Nada que ele não pudesse aguentar por algumas horas.

Uma Mina curiosa o encarou indiscretamente. Bakugou nunca se sentiu tão desconfortável em um bar antes.

— Eu disse, eu disse! É lógico que ele teria ficado um gostoso do caralho! — é, pelo jeito, Ashido Mina ainda era uma figura. Katsuki bebeu uma golada de cerveja que tinham entregado a ele, fingindo não ter escutado o que ela havia dito, mesmo que isso fosse impossível de não ouvir quando ela gritava para quase todos da mesa. Uraraka teve o bom senso de parecer envergonhada.

— Mina está bêbada, não ligue para o que ela diz.

— Bêbada sim, cega não! — Mina balançou o corpo sobre o assento, com uma animação difícil de ser mascarada (não que ela quisesse mascarar algo). — Katsuki, você é um cara complicado, sabia que é difícil te achar nas redes sociais?

— Eu não tenho, deve ser por isso.

— Avisei a você que ele provavelmente não tinha — foi a vez de Hanta entrar naquela conversa.

— E quem não tem redes sociais nos dias atuais?

— O Bakugou — respondeu Denki.

— Bem... — começou Uraraka, constrangida pelas atitudes dos amigos, querendo mudar o rumo daquela conversa — Como tem passado?

— Ah, normalmente... — Katsuki pigarreou, seria mais decente se ele fosse um cara mais falante com aquelas pessoas que não via há tanto tempo, ainda que sua vida realmente não tivesse nada de tão extraordinário para falar sobre (isso sem contar a sua mais recente viagem, que ninguém acreditaria, então era melhor guardar para si) — Bem, tenho somente trabalhando muito, como de costume.

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