Saímos do elevador e entramos em um corredor elegante, com paredes de vidro que oferecem uma vista deslumbrante da cidade iluminada à noite. O chão espelhado reflete as luzes, criando uma atmosfera mágica. Passamos por uma série de portas, cada uma mais luxuosa que a anterior, até chegarmos a uma porta de carvalho maciço, gravada com intrincados desenhos.
— Este é o acesso ao meu "jardim secreto", como gosto de chamar. – Digo, deslizando meu dedo em um leitor biométrico ao lado da porta. Um sutil clique é ouvido, e a porta se abre para revelar um espaço incrível.
Ellen entra com um olhar de surpresa e admiração. O ambiente é uma combinação harmoniosa de natureza e luxo. Um jardim interno se estende à nossa frente, com uma variedade de plantas exóticas e flores coloridas. A iluminação suave realça a beleza natural do lugar.
— Uau, isso é incrível. – Ela murmura, seus olhos percorrendo o espaço maravilhado.
Caminhamos pelo jardim, e ela toca as pétalas delicadas das flores com uma expressão de encanto. O som suave de uma fonte d'água cria um ambiente sereno.
— Esse lugar é maravilhoso. – seus olhos brilham com a luz da lua. – Nunca estive em um lugar assim antes, é tão surreal, não sei como todas essas coisas estão em um prédio.
Ellen estava entusiasmada como uma criança na manhã de Natal. Seu sorriso iluminava o ambiente, era possível sentir sua alegria.
— Sabia que ia gostar, eu vi como ficou animada com o jardim da empresa. – falo me aproximando. – Seus olhos brilhavam.
Seus olhos ficam mais escuros, é possível ver a surpresa em seu rosto. A luz da lua iluminava seu rosto, deixando-o ainda mais belo e sedutor. Nunca havia visto nada assim em minha vida, estava completamente atraído por ela, era inegável.
— Eu amo plantas, minha tia era bióloga e vivia me mostrando seus vídeos em suas expedições para catalogar as espécies. – ela sorri nostálgica. – Eu a admirava muito, cheguei a pensar em me formar para desbravar o Pantanal ao lado dela.
Sua voz fica risonha ao mencionar o Pantanal, e isso me causa confusão.
— Desculpa, o Pantanal é um bioma do Brasil, um dos mais diversos e ricos em biodiversidade. – Explico com um sorriso amigável. – É uma área de savanas, matas e rios que abriga uma infinidade de espécies de animais e plantas. É uma região única.
Sorri, agradecendo pela explicação.
Ela realmente era muito mais que um rostinho bonito, era alguém muito inteligente, estava admirado com essas informações.
— Parece incrível, eu só vi em documentários, nunca tive a chance de visitar. Minha tia sempre me mandava fotos de suas viagens até lá. – Ela confessa.
— Um dia, quem sabe, você ainda terá a chance de explorar o mundo inteiro. – Digo, olhando para ela com um novo senso de admiração. – Quem sabe, ao meu lado.
Seus olhos encontram os meus, e em seu olhar, vejo uma mistura de curiosidade e fascinação. Parece que algo especial está nascendo entre nós, algo que vai além do nosso ambiente de trabalho. E enquanto continuamos a explorar o jardim secreto, sinto que estamos descobrindo uma conexão genuína e promissora.
À medida que nos movemos, conversamos sobre os detalhes da decoração, sobre as espécies de plantas e até sobre as estrelas no céu noturno que podem ser vistas através do teto de vidro.
A conexão entre nós se fortalece a cada momento, e é como se estivéssemos em um mundo particular e secreto. Sinto-me à vontade ao lado dela, algo que raramente acontece em minha vida.
Chegamos a uma pequena área coberta por uma pérgola, onde uma mesa de madeira está posta com um jantar requintado preparado por Bernardo. O aroma da comida é delicioso, e o cenário é perfeito para a noite que planejei.
— Ellen, gostaria de lhe fazer uma proposta. – Digo enquanto nos sentamos.
Seus olhos curiosos encontram os meus.
— Uma proposta? Estou ouvindo. – Seu sorriso encantador me contagia.
Tomo um gole do vinho, reunindo minha coragem.
— Proponho que esqueçamos o passado, as desavenças e as diferenças. – sorri amigável. – Daqui a alguns dias irei me mudar para a Itália e gostaria que viesse comigo.
Ela me olha, seus olhos escuros cheios de surpresa e ponderação.
— Donatello, você está falando sério? – Sua voz é suave, mas carregada de emoção. – Sempre quis conhecer esse país… não brinque comigo!
Assinto, mantendo meu olhar fixo no dela.
— Estou falando sério. Sei que errei e fui rude, mas gostaria de tê-la ao meu lado nessa etapa. – olho para seu rosto e suspiro. – Mas quero que esteja ciente de que não pretendo voltar a Nova Iorque. Enzo já tem capacidade suficiente para cuidar dos negócios da família, irei assumir a sede da empresa na Itália.
Resolvo omitir a parte onde irei assumir a máfia e irei para a Itália me vingar de meus inimigos para reaver a guarda de meu filho. Afinal, ela não sabe que sou um mafioso, acha que sou apenas um CEO herdeiro de uma empresa bilionária.
Há um momento de silêncio entre nós, e então um sorriso lento se espalha pelo rosto dela.
— Aceito sua proposta, Donatello. – sua mão toca a minha. – Irei para a Itália com você, posso continuar administrando a empresa do Peter remotamente e honrar seu legado.
Sinto um peso se levantar de meus ombros, uma sensação de alívio e esperança que eu não esperava.
— Você terá todo o apoio pra isso.. irei deixar meus empregados à sua disposição caso necessite voltar ao país. – suspiro aliviado. – Não sabe como isso é importante pra mim, de verdade.
Um brilho surge em seus olhos e sinto uma conexão se formar.
— Eu entendo… só peço que tenha paciência, tenho que ajeitar algumas coisas. – ela suspira e ri sem humor. – Como sou a única herdeira de Peter, tenho muitas coisas para administrar antes de me mudar definitivamente para a Itália, mas irei acompanhá-lo em sua viagem, não será algo permanente, pelo menos não por enquanto.
Balanço a cabeça demonstrando que entendi a situação. Havia me esquecido desse detalhe, como Peter não tinha filhos ou parentes vivos e Ellen era sua aprendiz, ele a nomeou herdeira de todos os seus bens, e, até onde eu sei, eram muitos.
Peter formou sua empresa de assistência jurídica muito jovem, antes de conhecer meu pai. Ele já era um homem com uma situação financeira boa, mas tudo mudou ao conhecer a família Bianchi. Peter passou anos trabalhando para o meu pai, nesse meio tempo acumulou muitas propriedades e ações, além dos presentes que recebia da minha família.
Ele sempre foi um homem muito inteligente, sabia administrar o seu dinheiro e aproveitar as oportunidades para enriquecer.
— Como você tem lidado com tudo isso? Ele era como um pai. – suspiro e seguro em sua mão. – Ao menos ele não te deixou desamparada.
Seus olhos ficam confusos e ela suspira.
— Estou tentando acreditar ainda… é surreal saber que ele se foi, ainda mais daquele jeito. – ela me olha confusa. – Mas o que quis dizer com desamparada?
— Pelo jeito ninguém te informou. – rio sem humor. – Peter era um homem muito rico, ele tinha diversas propriedades, investimentos e até uma pequena participação na empresa.
Seus olhos se arregalam e lágrimas rolam pelo seu rosto.
— Então… era por isso que ele vivia me dizendo que uma hora eu não iria mais precisar me preocupar com dinheiro. – ela ri enquanto nega com a cabeça. Seu olhar era triste e perdido.
Me surpreendo quando seus braços me envolvem em um abraço apertado, demoro alguns segundos até abraçá-la de volta.
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Entre O Amor E A Vingança - Livro 2- DEGUSTAÇÃO
RomanceAo descobrir que a morte do pai não foi apenas mais uma disputa entre rivais em seus negócios ilegais, mas um ato planejado pelo delegado Otto Rodrigues, Donatello é consumido por um desejo avassalador de vingança. Nessa busca incansável por justiç...