QUAL O NOME DELA?

Prólogo

Faltando uma semana para o início das férias escolares de julho, Fernando de Abreu já vinha planejando algumas alternativas para não ficar ocioso durante o tempo livre, e não se limitar apenas em partidas estressantes em jogos online com a companhia de seus amigos da faculdade. Fernando é um jovem de 19 anos e a cor de sua pele bronzeada junto com o estilo de seu cabelo grande a altura da nuca o fazem ter a fama de ser chamado de surfista, apesar de não frequentar praias.

Terminando o terceiro período do curso de ciências da computação na universidade federal, Fernando não se considera um aluno exemplar, como aqueles que se destacam com suas notas excepcionais e elogios frequentes dos professores, apenas acha que é suficiente o fato de não ir para a recuperação no final do semestre. Apesar de não ser tão estudioso e ter dificuldades em algumas disciplinas, tenta aproveitar ao máximo sua graduação e o tempo que está na faculdade, sempre saindo com os melhores amigos, não para calouradas intensas, mas marcando para assistir a algum filme ou para jogar uma partida de futebol na, segundo ele, famigerada arena do Campo do América, próximo à sua casa.

Fernando mora com sua mãe em um condomínio pequeno na rua Costa Barros, no bairro Meireles, uma das localidades consideradas nobre da litorânea cidade de Fortaleza, e apesar de ter vivido a vida toda na localidade, não tem muito contato com a vizinhança próxima.

Deitado em uma rede vermelha com estampa florida que ganhou de sua mãe há pouco tempo, ele olha sem muito compromisso as suas redes sociais, procurando algo que o possa entreter. No meio de fotos de pessoas conhecidas aparentemente felizes em lugares não tão incomuns pela cidade e postagens de um perfil especializado em mandar mensagens anônimas de pessoas que não têm coragem de se pronunciar publicamente e utilizam este recurso para saber quem era o pretendente de sua vida que viu andando na rua, chama a atenção de Fernando um anúncio de uma empresa que está abrindo algumas vagas de estágio remunerado para estudantes que cursam informática e suas ramificações. O anúncio o deixa curioso e depois interessado ao ler onde se encontra a empresa:

– Avenida Santos Dummond, torre Del Paseo. Meu Deus, perfeito para mim. – pensa Fernando e logo começa a compartilhar o anúncio com os seus amigos. – Vini, olha esse trampo. Acha que dá pra gente?

A pequena manchete vinha com a logotipo da empresa na parte superior, com um fundo amarelo riscado por listras laterais laranjas, o que dava para entender, ao analisar, que se tratavam das cores que pertenciam ao design do local, apesar que todo aquele contraste claro do amarelo tenha provocado uma certa ansiedade em Fernando. No meio e em letras garrafais vermelhas, a frase em negrito "Vagas para estagiários" era o que chamava a atenção de quem estivesse vendo e daria certa curiosidade para ver do que se tratava. – Cores e psicologia é tudo. – pensou. Logo abaixo o texto em uma fonte um pouco menor que o título chamativo dizia: "Para estudantes que estão ingressando o curso superior na área da informática e afins", daí surge uma lista de vários cursos que entram na parte dos "afins". O anúncio continua: "20 horas semanais, 20 reais por hora". A parte monetária teria dado um interesse ainda maior pela vaga. "Inscrições somente por e-mail", e o anúncio acaba com as exigências do que se deve enviar por e-mail para realizar a inscrição e tentar garantir uma vaga. Para Fernando? Aquilo estava perfeito. Qualquer oportunidade que viesse para que ele possa ajudar a sua mãe com as despesas da casa, ou para pelo menos para a sua tarifa de ônibus que paga diariamente, é bem-vinda.

– Só pedem o certificado de matrícula do semestre e o telefone? Que fácil. – Disse ao ligar o computador, em uma mesa velha um pouco mofada, com uma cadeira de rodinhas com o assento rasgado à frente da tela, e uma impressora ao lado. Abriu sua caixa de mensagens, procurou o documento necessário e enviou para o endereço de e-mail indicado no anúncio anexado ao seu número de contato.

Vinicius não respondeu ainda. O relógio do celular indica meia noite e quinze. – Deve estar dormindo. Vou mandar para os outros e depois falo com eles. – Pensou, e após alguns toques na tela do aparelho acompanhados de algumas vibrações que confirmavam o envio de mensagens, Fernando voltou para a sua rede e começou a se acomodar para dormir. Com as circunstâncias aparentemente normais para o dia-a-dia de Fernando, ele achava que sua vida ainda estava normal depois de ter enviado aquele e-mail.